Descrição de chapéu Rússia

Empresas petrolíferas deveriam pagar mais impostos sobre lucros recordes?

Estimativa da Bloomberg aponta que lucro das cinco maiores empresas de petróleo do mundo será de US$ 34 bilhões no 1º trimestre

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Dominique Baillard
RFI

O aumento dos preços do petróleo devido à Guerra da Ucrânia está garantindo lucros recordes às empresas petrolíferas em todo o mundo, e pesando no bolso dos consumidores. A publicação dos bons resultados do primeiro trimestre reacende o debate sobre a criação de um imposto excepcional sobre esses lucros para que as empresas contribuam mais para os serviços públicos dos países.

Em um momento em que os preços na bomba estão subindo para o consumidor, o enriquecimento da indústria petroleira choca. De acordo com uma estimativa da Bloomberg, o lucro das cinco maiores empresas de petróleo do mundo será de US$ 34 bilhões nos primeiros três meses do ano. Um resultado trimestral histórico.

Campos de exploração de petróleo no Texas, nos Estados Unidos
Campos de exploração de petróleo no Texas, nos Estados Unidos - Nick Oxford - 22.ago.2018/Reuters

Com a guerra à Ucrânia, o presidente russo Vladimir Putin impulsionou o preço do barril de petróleo para US$ 114 dólares, em média, no primeiro trimestre. Como resultado, ele proporciona lucros inesperados para as petroleiras.

Em apenas três meses, a TotalEnergies, que divulgou seus resultados em 28 de abril, conquistou os mesmos números de um semestre inteiro de 2021. A gigante americana Chevron quadruplicou o seu lucro, enquanto a ExxonMobil dobrou o lucro.

Devolver ao consumidor?

Lucros esses que devem ser usados em favor dos consumidores, dizem parlamentares democratas nos Estados Unidos. É lá e no Reino Unido que o debate sobre a tributação desse rendimento excepcional ganha mais força. Nos Estados Unidos, dois deputados propuseram essa reforma fiscal especial, há um mês. O objetivo seria redistribuir essa fortuna diretamente para as famílias americanas.

Já o governo dos EUA quer que os valores sejam reinvestidos na produção local, no lugar de simplesmente serem redistribuídos aos acionistas. No entanto, esta tem sido a opção escolhida até agora. Os dividendos estão em alta, assim como a recompra de ações, que ajuda a aumentar ainda mais o valor desses papéis no mercado de ações.

Em Londres, o ministro das Finanças britânico, Rishi Shunak, deu a entender, na semana passada, que poderia introduzir essa sobretaxa em empresas que não investem o suficiente na exploração dos poços de petróleo em vias de se esgotarem, no Mar do Norte. Uma iniciativa destinada a tranquilizar a opinião pública, pois, tanto a BP como a Shell já ampliaram suas despesas de investimentos nesta região.

A proposta, apoiada pelo Partido Trabalhista, tem, portanto, poucas chances de sucesso. Os resultados comerciais das duas empresas são esperados para esta semana, o que pode reavivar o debate.

Itália saiu na frente

Na União Europeia, apenas a Itália se atreveu a impor um imposto temporário às empresas de energia. Roma deve gerar US$ 4 bilhões de receita com este novo imposto, que tem a bênção da União Europeia.

Bruxelas incentiva os países-membros a tributarem essas empresas para financiar a ajuda prestada ao consumidor final. Porém, a maioria deles prefere discutir com estas empresas, que se tornaram interlocutores poderosos na resolução da crise energética.

Na França, a TotalEnergies concede um desconto de 10 centavos por litro de combustível. O diretor da empresa, Patrick Pouyanné, permanece reservado quanto a novos investimentos para aumentar a produção. Eles são feitos a custos muito altos para suportar uma demanda que deve diminuir.

Com as mudanças climáticas, as empresas estão se preparando não para o pico de produção, mas para o pico de demanda. A empresa francesa agora favorece investimentos em gás natural liquefeito e fontes renováveis.

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