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Dança das cadeiras na Petrobras
O governo anunciou nesta segunda (23) que decidiu trocar mais uma vez o presidente da Petrobras.
Sai José Mauro Coelho, que ficou pouco mais de um mês no cargo, e entra Caio Mário Paes de Andrade, secretário do Ministério da Economia, que precisa ter o nome confirmado pela companhia. Os minoritários dizem que ele não tem a qualificação exigida.
O que explica: Coelho passou por um processo de fritura logo no começo da gestão após a estatal ter anunciado um reajuste de 8,87% do diesel nas refinarias.
- Sua situação ficou ainda mais fragilizada após seu padrinho político, Bento Albuquerque, então ministro de Minas e Energia, ter sido demitido por Jair Bolsonaro (PL). Dias antes o presidente havia chamado o lucro da estatal de "estupro".
Quem é o substituto: Caio Mário Paes de Andrade comanda a Secretaria Especial de Desburocratização, Gestão e Governo Digital do Ministério da Economia e é um nome ligado a Guedes. A pasta é responsável pela digitalização de diversos serviços do governo.
- Andrade, que já tinha sido cotado para ocupar a presidência da companhia no mês passado, não tem experiência comprovada de, no mínimo, três anos, no mercado de óleo e gás, como pede o estatuto da Petrobras.
- A Folha mostrou em abril que o novo chefe da estatal é suspeito de usar a máquina pública para vasculhar dados financeiros de uma empresa, o que ele nega.
Relembre: caso seja confirmado no posto, Caio de Andrade será o quarto presidente da Petrobras na gestão de Jair Bolsonaro. Antes dele, vieram:
- José Mauro Coelho - ficou 40 dias no cargo.
- Joaquim Silva e Luna - foi demitido no fim de março, ficou de 16 de abril de 2021 a 13 de abril de 2022 na cadeira.
- Roberto Castello Branco - outro nome indicado por Guedes, foi de 3 de janeiro de 2019 a 13 de abril de 2021.
Novo corte no imposto de importação
O governo aplicou nesta segunda nova redução de 10% nas alíquotas do Imposto de Importação sobre a maior parte dos produtos comprados no exterior.
Entre os itens incluídos no corte, o ministério citou feijão, carne, massas, biscoitos, arroz e materiais de construção. Cerca de 87% dos produtos que vêm de fora terão a redução.
O que explica: essa é mais uma iniciativa do governo para tentar tirar o fôlego da inflação. A ideia é que o corte do imposto de importação, que agora chega a 20%, aumente a oferta dos produtos no país e ajude a reduzir os preços.
- A medida valerá de 1º de junho deste ano a 31 de dezembro de 2023, com renúncia de arrecadação estimada de R$ 3,7 bilhões.
Ficam fora: têxteis, calçados, brinquedos, lácteos e alguns itens do setor automotivo, que não terão a tarifa reduzida.
Outras medidas: além do primeiro corte de 10% no imposto de importação anunciado em novembro, o governo aproveitou a sobra de caixa e também ampliou a redução no IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para 35% no fim do mês passado.
- Pouco depois, porém, o ministro do STF Alexandre de Moraes suspendeu o efeito do corte ampliado para itens produzidos na Zona Franca de Manaus, onde já existe a isenção do imposto.
- O governo também vem anunciando reduções a áreas e produtos específicos. Neste mês, foram cortadas as tarifas sobre vergalhões de aço e zeradas as alíquotas sobre alguns tipos de carne, trigo, milho e outros itens alimentícios.
Didi de saída dos EUA
O gigante chinês de transporte por apps Didi Global, que é dono da 99 no Brasil, notificou a Bolsa de Nova York (Nyse) que irá fechar seu capital nos EUA.
A decisão foi tomada em assembleia dos acionistas e as ações devem parar de ser negociadas ainda no mês de junho.
Por que importa: o caso da Didi é emblemático. Envolve a ofensiva das autoridades chinesas sobre as empresas de tecnologia e uma disputa geopolítica com os EUA.
- Com a decisão de cessar as negociações na Nyse, a empresa busca voltar às lojas de apps chinesas, revertendo uma ordem que veio logo após o IPO (oferta pública de ações).
Relembre: a oferta da Didi na Bolsa foi uma das maiores feitas por empresas estrangeiras nos EUA. Na época, a empresa arrecadou US$ 4,4 bilhões (R$ 21,4 bi, na cotação atual) e foi avaliada em US$ 67 bilhões (R$ 326 bi).
- Só que logo depois veio uma ordem chinesa proibindo o app de cadastrar novos usuários, no que foi visto como uma tentativa de Pequim impedir novos IPOs de empresas locais nos EUA.
- A decisão fez as ações da Didi despencarem quase 50% e trouxe as autoridades americanas para o jogo.
Em números: o saldo disso tudo foi de muito prejuízo para quem entrou no IPO da Didi, quando as ações foram ofertadas por US$ 14.
- Hoje a US$ 1,44, os papéis tombaram mais de 90% e a empresa perdeu US$ 60 bilhões (R$ 288 bilhões, ou quase a soma de Itaú e Nubank) em valor de mercado.
Mais sobre China:
O Airbnb está encerrando suas atividades na China diante dos lockdowns que o país tem feito para combater novos surtos de Covid, disse uma fonte ligada à empresa à agência AFP.
Boom de carros elétricos
As vendas de carros elétricos dobraram em 2021 em relação ao ano anterior, e agora esses veículos representam 10% das transações de carros novos em todo o mundo, segundo um relatório da AIE (Agência Internacional de Energia) desta segunda.
Em números: foram 6,6 milhões de unidades vendidas –metade delas na China–em 2021. Neste ano, mais duas milhões foram comercializadas no primeiro trimestre, num crescimento de 75% em 12 meses.
O que explica: o aumento dos carros elétricos em circulação vem na esteira de volumosos subsídios dos governos a esse tipo de veículo. Só no ano passado foram 30 bilhões de euros (R$ 154 bi) a nível global.
- O presidente dos EUA, Joe Biden, por exemplo, anunciou um plano no ano passado para que a metade dos carros a serem vendidos até 2030 no país tenham zero emissão de carbono.
- A iniciativa também tem a participação de montadoras, que querem se adequar à onda ESG e captar essa enxurrada de benefícios ao setor.
Riscos: a AIE também alertou para a falta de minerais essenciais para a fabricação desses carros elétricos, em especial o lítio e o níquel, que são usados nas baterias.
- Segunda a agência, apesar de a Europa produzir um quarto dos veículos elétricos do mercado, é na China onde 75% das baterias de íon-lítio são produzidas.
- O país também é o principal fornecedor de matéria-prima para as baterias da Tesla, a montadora mais valiosa do mundo.
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