Concentração dos 5 maiores bancos no mercado de crédito brasileiro cai em 2021

Caixa, Banco do Brasil, Itaú, Bradesco e Santander detiveram 67,9% das operações, ante 68,5% no ano anterior

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Brasília

A participação dos cinco maiores bancos do país no mercado de crédito seguiu a tendência dos anos anteriores e voltou a cair em 2021. Apesar do recuo, Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil, Itaú, Bradesco e Santander concentraram 67,9% das operações, segundo o Banco Central no relatório de economia bancária divulgado nesta quinta-feira (6).

O documento mostra em um de seus anexos que houve queda de 0,6 ponto percentual em relação a 2020, quando o grupo detinha 68,5% do mercado de crédito. Em dezembro de 2018, esse índice de concentração era de 70,9%.

Os dados consideram, além do setor bancário, o segmento não bancário, que inclui fintechs e cooperativas de crédito.

"O fato de que a concentração nos mercados de crédito se reduziu significativamente reflete a política pública perseguida pelo BC nos últimos anos, que incentiva uma maior digitalização dos meios de pagamento e modelos de negócios inovadores", afirmou o diretor Renato Dias de Brito Gomes (Organização do Sistema Financeiro e Resolução).

Fachada da sede do Banco Central, em Brasília - Antonio Molina - 11.jan.22/Folhapress

Apenas no setor bancário, as cinco principais instituições financeiras contabilizaram 78,7% das operações de crédito, ante 79,2% em 2020. Já no segmento de bancos com carteiras comerciais, a concentração caiu marginalmente para 81,4% em 2021, contra 81,8% no ano anterior.

"A tendência de redução da concentração no SFN [Sistema Financeiro Nacional] entre 2018 e 2020 manteve-se em 2021, apesar da avaliação de doze atos de concentração neste último ano. A queda da concentração é observada em todos os agregados contábeis e, de forma mais intensa, nos depósitos totais", disse o BC no documento.

Em relação aos depósitos, o grupo concentrou 70% no segmento que engloba o setor não bancário e 75,9% apenas no setor bancário em 2021.

A autoridade monetária passou também a adotar uma nova metodologia ao mensurar a concentração do sistema financeiro, considerando apenas as quatro maiores instituições do país. Com isso, o Santander, que ocupa a quinta posição, ficou fora.

Pela nova métrica, a redução da concentração do mercado de crédito nas mãos dos quatro maiores bancos foi marginal, passando de 59,4% para 59,3% entre 2020 e 2021, ou seja, queda de 0,1 ponto percentual.

Impacto de fintechs é relevante no segmento de cartões

No documento, a autoridade monetária destacou que houve redução de concentração bancária em mercados relevantes de crédito, entre eles, os financiamentos rurais e agro, financiamentos habitacionais, crédito consignado e cartão de crédito para pessoas físicas e jurídicas.

"A redução da concentração do mercado de cartões de crédito reflete o aumento da participação das instituições de pagamento", destacou.

Para Gomes, as instituições de pagamento têm uma participação importante por trazer novos consumidores para o sistema financeiro. "É verdade que sua participação em depósitos totais permanece pequena, exatamente pelo fato de que os consumidores incluídos são tipicamente aqueles com perfil de renda menor", afirmou.

O diretor do BC disse que o impacto das fintechs é particularmente relevante no segmento dos cartões de crédito e ressaltou que o ingresso das instituições de pagamento no sistema financeiro gera, sobretudo, um "impacto prospectivo" nos índices de concentração.

"Hoje em dia, há 300 instituições financeiras competindo nesse mercado, enquanto que, há dois anos, havia pouco menos de 260. Portanto, há um impacto grande das fintechs na competição", afirmou.

"Mas acho que esse impacto vai ser visto com mais intensidade no futuro, quando o sistema financeiro se desenvolver mais e a agenda da inclusão financeira avançar mais", continuou.

Ainda de acordo com o BC, a participação dos bancos públicos continua sendo superior à dos privados nos mercados com alta concentração, nos quais prevalece o crédito direcionado. "Entre os mercados com moderada concentração, caracterizados por recursos de livre direcionamento, predomina a participação dos bancos privados", ressaltou.

Nos financiamentos habitacionais, a Caixa concentrou 66,25% do mercado em 2021, enquanto Itaú, Bradesco e Santander ficaram com 10,44%, 9,23% e 6,36%, respectivamente. Somados, os três bancos privados obtiveram 26,03% do total.

Já quem dominou os financiamentos rurais e agro no ano passado foi o Banco do Brasil, com a maior fatia do mercado (52,73%). O Bradesco, com 5,38%, aparece na sequência, seguido pela Caixa (3,07%). O Sicredi, que é uma cooperativa de crédito, teve participação de 2,98%, à frente do Santander (2,81%).

Como mostrou em seu relatório de estabilidade financeira, os bancos tiveram lucro líquido de R$ 132 bilhões em 2021, montante 49% superior ao registrado em 2020 e 10% acima do observado em 2019.

"A rentabilidade do sistema bancário continua se recuperando da queda ocorrida em 2020 e retornou a níveis próximos àqueles observados antes da pandemia", disse.

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