Descrição de chapéu Financial Times

Credit Suisse busca tranquilizar investidores sobre sua solidez financeira

Executivos contataram clientes após preocupações crescentes com saúde do grupo

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Owen Walker
Londres | Financial Times

Importantes executivos do Credit Suisse passaram o fim de semana tranquilizando grandes clientes, outros bancos e investidores sobre a liquidez e a posição de capital do banco suíço, em resposta a preocupações levantadas sobre sua solidez financeira.

Os executivos pegaram os telefones depois que os spreads dos swaps de moratória de dívida do banco, que oferecem proteção contra a inadimplência de uma empresa, subiram acentuadamente na sexta-feira (30), indicando preocupações dos investidores com a saúde financeira do banco.

Fachada do Credit Suisse em Genebra, na Suíça - Denis Balibouse/Reuters

Um executivo do banco negou reportagens recentes na imprensa segundo as quais o banco teria abordado formalmente investidores sobre a possibilidade de levantar mais capital. Esse executivo afirmou que o Credit Suisse estava tentando evitar essa medida, tendo em vista o preço das ações em baixas recordes e os custos de empréstimo mais altos devido a rebaixamentos de nota de crédito.

Após as ações do Credit Suisse caírem mais de 25% no mês passado, para menos de 4 francos suíços (R$ 21,96), seu executivo-chefe, Ulrich Körner, enviou um memorando para toda a empresa na sexta para tentar tranquilizar os funcionários sobre a posição de capital e a liquidez do banco.

Seu gesto também ocorreu após um forte aumento nos swaps de inadimplência de crédito, um indicador do sentimento dos investidores em relação ao risco, que saltaram mais de 50 pontos-base (pb) nas últimas duas semanas, atingindo 250 pb na sexta.

Em uma nota sobre assuntos a serem discutidos com clientes, enviada aos executivos do Credit Suisse no domingo após rumores sobre a saúde financeira do banco nas redes sociais, os funcionários foram informados: "Um ponto de preocupação para muitas partes interessadas, incluindo especulações da mídia, continua sendo nossa capitalização e solidez financeira".

"Nossa posição quanto a isso é clara. O Credit Suisse tem uma forte posição de capital e liquidez e balanço patrimonial. A evolução do preço das ações não muda esse fato."

Um alto executivo de uma empresa que foi contatada pelo Credit Suisse disse que sua opinião é que o banco é "o pior grande banco da Europa", mas que não está em perigo imediato.

Ele afirmou que não acredita tratar-se de uma crise. A queda do preço das ações do banco reflete seus profundos problemas e a falta de uma solução óbvia, disse o executivo.

Embora o banco suíço local seja altamente lucrativo e o banco privado global ainda tenha uma marca forte, potenciais investidores e compradores estão preocupados que o braço de investimento possa ter ocultado altos passivos.

Körner e o conselho do banco, presidido pelo ex-executivo do UBS Axel Lehmann, devem apresentar um plano em 27 de outubro de renovação do negócio para atender às preocupações dos investidores, juntamente com os resultados do terceiro trimestre.

Analistas do Deutsche Bank estimaram no mês passado que a reestruturação deixaria um buraco de 4 bilhões de francos suíços (R$ 22 bilhões) na posição de capital do Credit Suisse.

Procurado, o Credit Suisse se recusou a comentar. A Folha procurou o braço brasileiro do branco, que também afirmou que não comentaria.

Körner, que anteriormente dirigiu o negócio de gestão de ativos do Credit Suisse, foi nomeado executivo-chefe recentemente com a missão de retirar o banco de investimento do grupo e cortar custos –medidas que provavelmente levarão a milhares de cortes de empregos.

O plano mais recente do conselho é dividir o banco de investimento em três e ressuscitar um "banco ruim" para ativos de alto risco e unidades de negócios destinadas à alienação.

"Sem dúvida, haverá mais barulho nos mercados e na imprensa entre agora e o final de outubro", escreveu Körner na sexta-feira. "Tudo o que posso dizer é que vocês continuem disciplinados e fiquem mais próximos do que nunca de seus clientes e colegas."

A incerteza sobre o futuro do banco já levou a uma série de saídas de executivos. Jens Welter, que havia sido codiretor do setor bancário global, é o mais recente desertor de destaque, tendo concordado em ingressar no Citigroup.

Tradução de Luiz Roberto M. Gonçalves

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.