Quem é Bernard Arnault, imperador francês do luxo e dono da maior fortuna do planeta

Empresário superou Elon Musk e agora lidera o ranking de bilionários da Forbes com patrimônio de US$ 184 bilhões

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Katell Prigent
Paris | AFP

Bernard Arnault, que com sua família se tornou detentor da maior fortuna do planeta, superando Elon Musk, pacientemente construiu um império mundial de produtos de luxo, o grupo LVMH, por meio de aquisições marcantes que estabeleceram sua reputação como um empresário insaciável.

Arnault, 73, e sua família, encabeçam desde a quinta-feira (15) o ranking de bilionários da revista Forbes, com patrimônio de US$ 184 bilhões, superando Musk, presidente da Tesla, SpaceX e Twitter.

"Uma qualidade primordial em nossa família é a paciência", declarou o francês Arnault em 2012, em uma entrevista na televisão. Dez anos mais tarde –e depois de mais que dobrar o faturamento mundial do grupo LVMH, para 64 bilhões de euros (US$ 68 bilhões) ao ano–, ele disse à Radio Classique que "podemos continuar progredindo, mas precisamos ser pacientes".

Uma mulher loira, um homem grisalho, um homem de cabelos pretos e uma mulher loira, abraçados
Bernard Arnault entre dois dos seus filhos: a vice-presidente executiva do grupo LVMH, Delphine Arnault, e o principal executivo de comunicação do grupo, Antoine Arnault. À direita, a mulher de Antoine, a modelo russa Natalia Vodianova. - Yoan VALAT / POOL / AFP

O LVMH, grupo líder mundial nos produtos de luxo, adquiriu mais de 75 marcas ao longo dos anos, entre as quais Louis Vuitton, Moët Hennnesy, Kenzo, Guerlain, Fendi, Céline, Sephora, Bulgari, Tiffany e outras.

O empresário também investiu em veículos de imprensa na França (Les Echos, Le Parisien, Radio Classique), uma opção controversa que deveria ser vista acima de tudo como mecenato, disse Arnault ao Senado francês em janeiro deste ano.

Durante a audiência, Arnault também reconheceu que agiu para bloquear verbas publicitárias destinadas ao jornal Libération por conta de uma manchete que o desagradou.

O empresário, nascido em 5 de março de 1949 em Roubaix, no norte da França, começou a trabalhar na construtora de seu pai aos 22 anos de idade, depois de cursar a prestigiosa École Polytechnique, e o convenceu a mudar de ramo e investir na incorporação de imóveis.

Em 1981, após a eleição do socialista François Mitterrand para a presidência, ele se radicou nos Estados Unidos por três anos. Ao retornar, adquiriu o grupo Boussac, uma companhia têxtil altamente endividada, e prometeu que não haveria demissões.

Dior

Mesmo assim, adotou um plano drástico de corte de pessoal e manteve apenas algumas das atividades da companhia, entre as quais a "maison" Dior de alta costura. Arnault tinha 35 anos.

"Surpreendi meu pai quando fui visitá-lo e disse que devíamos reorientar o negócio familiar e investir em algo mais promissor: Christian Dior", explicou o empresário recentemente à Radio Classique.

Bernard Arnault tinha acabado de deitar a pedra fundamental de seu império de produtos de luxo.

Para assumir o controle do grupo LVMH, que nasceu da fusão entre a fabricante de bagagens Louis Vuitton e o grupo de vinhos e bebidas alcoólicas Moët Hennnesy em 1987, ele se aproveitou da rivalidade entre as duas famílias controladoras e assumiu o controle da empresa em 1989, depois de 17 processos judiciais.

"Ele é um negociador duro, sem igual, um visionário que sabe se cercar das pessoas certas e sempre atinge seus objetivos, de uma forma ou de outra", disse Arnaud Cadart, administrador de investimentos do grupo Flornoy, à AFP.

Mas sua carreira também registra alguns fracassos, por exemplo a aquisição da marca italiana Gucci pelo rival François Pinault, que comanda o grupo PPR (Pinault Printemps Redoute), em 1999, ou sua tentativa frustrada de tomar o controle da fabricante de artigos de couro Hermès.

Ele não gosta de falar ou de publicidade. Alguns meses atrás, depois de perceber que as redes sociais agora rastreiam os movimentos dos jatos executivos de celebridades, ele decidiu vender o avião do grupo LVMH. "Agora ninguém vai saber para onde estou indo, porque uso aviões alugados", ele disse à Radio Classique.

"Os empresários precisam enfrentar –às vezes de forma totalmente injusta– as críticas do momento, porque já há alguns anos a mentalidade do país se voltou contra as grandes empresas", se queixou Arnault em 2016 ao canal de TV France 2.

Naquele mesmo ano, o premiado documentário "Merci Patron!" [Obrigado, patrão!] do atual deputado radical de esquerda François Ruffin, tomou Arnault por alvo de sua sátira social.

Obama, Putin, Trump, Macron

A carreira de Arnault está repleta de controvérsias. Em 2021, o LVMH pagou 10 milhões de euros (US$ 10,6 milhões) para evitar um processo por um esquema de espionagem.

Em 2013, Arnault renunciou ao seu pedido de nacionalidade belga e pediu desculpas por essa decisão, muito criticada, em meio a um debate nacional sobre a tributação e exílio fiscal dos mais ricos.

O bilionário foi recebido pelos principais líderes mundiais, dos americanos Barack Obama e Donald Trump –que inaugurou uma fábrica da Vuitton no Texas– ao russo Vladimir Putin.

Em 2014, o então presidente francês François Hollande presidiu à inauguração da Louis Vuitton Foundation –um templo à arte contemporânea– e seu sucessor, Emmanuel Macron, foi o convidado de honra na inauguração do La Samaritaine, um centro comercial de luxo em um edifício histórico de Paris, em 2021.

Casado com uma pianista, Arnault tem cinco filhos que trabalham para o LVMH, mas não tem planos de se aposentar, por enquanto. A última assembleia geral do LVMH estendeu a idade de aposentadoria compulsória para o posto de presidente-executivo a 80 anos.

tradução de Paulo Migliacci

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.