Descrição de chapéu Banco Central

Diretor de Política Monetária do Banco Central deixa o cargo

Nomes dos novos diretores da autarquia resultaram em atrito entre ministros Haddad e Rui Costa

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Brasília

O diretor de Política Monetária do Banco Central, Bruno Serra Fernandes, deixou o cargo, quase um mês após o término do seu mandato. Ele seguia como interino.

A exoneração, a seu pedido, foi publicada no Diário Oficial da União nesta segunda-feira (27).

Até a oficialização do substituto, o diretor de Política Econômica do Banco Central, Diogo Guillen, vai acumular os dois cargos.

Os mandatos de dois diretores do Banco Central haviam terminado no dia 28 de fevereiro, mas eles podem seguir interinamente no cargo até a nomeação de seus substitutos. Além do diretor de Política Monetária, também expirou o mandato do diretor de Fiscalização Paulo Souza.

Fachada do prédo do Banco Central, em Brasília - Antonio Molina - 1º nov 2022/Folhapress

Em nota, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, agradeceu Bruno Serra Fernandes pelos "relevantes serviços prestados".

"O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, comunica a saída do diretor Bruno Serra Fernandes, após o fim de seu mandato, em 28 de fevereiro de 2023. Em nome do Banco Central, o presidente Roberto Campos Neto agradece ao diretor Bruno Fernandes pelos relevantes serviços prestados ao Banco Central e à Diretoria Colegiada", afirma o presidente da instituição..

Os diretores e o presidente do BC participam do Copom (Comitê de Política Monetária), responsável pela definição da taxa de juros. A taxa básica vem sendo motivo de embate entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e a instituição.

Na semana passada, houve o vazamento do nome do substituto de Bruno Serra Fernandes, o que provocou um atrito entre o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o chefe da Casa Civil, Rui Costa. O chefe da equipe econômica suspeita que o vazamento tenha partido de Costa e passou a reavaliar o nome.

Rui Costa afirmou em entrevista que Haddad já havia escolhido os dois nomes e levados para a chancela do presidente Lula. O encaminhamento formal se daria após a volta da viagem de Lula à China, que acabou não ocorrendo, após o mandatário ser diagnosticado com pneumonia.

"O Haddad levou os dois nomes, ele conversou com os dois, aprovou e vai indicar os dois nomes ao Senado assim que retornar [da China]", disse Costa, em entrevista à GloboNews.

Horas depois, os nomes vazaram à imprensa, antes mesmo da indicação oficial e de Haddad conseguir conversar com o presidente do BC, Roberto Campos Neto, sobre as escolhas.

Um dos nomes, o do administrador Rodolfo Fróes, cotado para a Diretoria de Política Monetária, passou a ser bombardeado por críticas por acumular no currículo a direção de uma empresa do grupo J&F (dos irmãos Batista) e uma sociedade com o trio de bilionários Jorge Paulo Lemann, Carlos Alberto Sicupira e Marcel Telles, acionistas de referência da Americanas, hoje em recuperação judicial.

A exposição precoce dos escolhidos do governo para o BC fez com que Haddad começasse a reconsiderar os nomes, e uma mudança nas indicações não está totalmente descartada. O próprio ministro disse que encaminhou a Lula cinco possíveis candidatos para que o presidente pudesse escolher os novos diretores.

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