Descrição de chapéu Folhainvest China

Bolsa cai após ata do Copom e com aversão ao risco no exterior

Dólar tem alta em todo o mundo com dados decepcionantes da China e pessimismo nos EUA

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São Paulo

A Bolsa brasileira caiu nesta terça-feira (8) e chegou a operar no patamar dos 117 mil pontos na mínima do dia, em meio a um ambiente global de aversão ao risco. O Ibovespa também foi pressionado pela divulgação da ata da última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), que mostrou uma decisão unânime de manter o ritmo de corte de juros em 0,50 ponto, reduzindo apostas de reduções mais agressivas.

Já o dólar manteve-se estável no Brasil e subiu no exterior apoiado justamente pelo pessimismo internacional. A moeda americana também teve ganhos firmes ante as demais divisas de países emergentes ou exportadores de commodities.

Nesse cenário, o Ibovespa caiu 0,24%, aos 119.090 pontos, enquanto o dólar teve leve alta de 0,05%, praticamente estável cotado a R$ 4,897.

A aversão ao risco global foi desencadeada por dados sobre a economia da China divulgados nesta terça, que apontaram queda de 12,4% nas importações do país em julho, resultado bem pior que a baixa de 5% esperada pelo mercado. O número também representa piora em relação a junho, que teve declínio de 6,8%.

Já as exportações recuaram 14,5%, em movimento mais forte que a queda esperada de 12,5% e o recuo de 12,4% do mês anterior.

Neste contexto, moedas de países exportadores de commodities, como o peso chileno, foram penalizadas, mas divisas fortes como o iuan e o euro também se desvalorizaram ante o dólar. O índice DXY, que mede o desempenho da moeda americana ante uma cesta de divisas fortes, teve alta 0,49% nesta tarde.

Sede do Banco Central, em Brasília, onde o Copom se reúne para recalibrar a taxa básica de juros (Selic) a cada 45 dias - Gabriela Biló - 24.abr.2023/Folhapress

O cenário negativo foi reforçado pela decisão da Moody's de cortar as notas de créditos de vários bancos pequenos e médios dos Estados Unidos. A agência de classificação de risco disse, ainda, que poderia rebaixar alguns dos maiores credores do país.

A Moody's cortou as classificações de dez credores em um grau e colocou seis gigantes bancários, incluindo Bank of New York Mellon , US Bancorp , State Street e Truist Financial , em análise para possíveis rebaixamentos.

Após o corte, as ações de grandes bancos americanos tiveram forte queda. O Goldman Sachs e o Bank of America, por exemplo, caíram 2,15% e 1,91%, respectivamente. Com isso, os principais índices acionários americanos registraram baixas.

No Brasil, investidores reagiam à divulgação da ata do Copom. O documento apontou que os diretores do BC concordaram de forma unânime em manter o ritmo de corte de juros em 0,50 ponto percentual nas próximas reuniões, sem sinalizações de um aumento na magnitude das reduções da Selic.

"O comitê julga como pouco provável uma intensificação adicional do ritmo de ajustes, já que isso exigiria surpresas positivas substanciais que elevassem ainda mais a confiança na dinâmica desinflacionária prospectiva", diz a ata.

Para Sérgio Goldestein, estrategista-chefe da Warren Rena, a indicação do comitê busca conter as expectativas do mercado, mas ainda há espaço para apostas num aumento de ritmo do corte de juros.

"O BC buscou conter um excesso de otimismo com relação à trajetória da política monetária. Apesar disso, consideramos que o mercado passará a reagir mais fortemente aos dados. Surpresas de baixa para a inflação de serviços e de atividade poderão levar a um aumento da probabilidade de um ritmo de ajuste acima de 0,50 ponto a partir do final do ano", diz Goldestein.

Nos mercados de juros futuros, as curvas registravam queda e endossaram apostas de que cortes maiores da Selic são possíveis. Os contratos com vencimento em janeiro de 2024 foram de 12,48% para 12,45%, enquanto os para 2025 caíram de 10,53% para 10,44%.

Mesmo assim, a Bolsa brasileira registrava mais um dia de queda, puxada, ainda, pelo declínio das commodities. Fortes perdas de 0,78% das ações da Vale e de 2,80% da Gerdau pressionaram o Ibovespa, em linha com o preço do minério de ferro no exterior e os dados decepcionantes da China.

As maiores baixas, no entanto, continuam sendo das "small caps", empresas menores e mais sensíveis à economia doméstica. Petz, Dexco e Méliuz registraram quedas de 5,66%, 5,57% e 3,39%, e o índice que reúne essas companhias caiu 0,14%.

O setor financeiro no Brasil também teve um dia negativo. O Itaú caiu 0,93% após ter divulgado seu balanço do segundo trimestre, que apontou alta no lucro, mas manutenção dos níveis de inadimplência. Na mesma linha, o Banco do Brasil fechou em queda de 0,61%.

"O cenário como um todo no mundo está negativo, especialmente com o rebaixamento de notas de créditos de bancos dos EUA. Além disso, o setor bancário subiu muito nos últimos meses e os balanços não animaram o mercado, que está promovendo uma realização de lucros", diz Gabriel Mota, operador de renda variável da Manchester Investimentos.

Na ponta positiva, uma virada das ações da Petrobras atenuou a queda do Ibovespa. A companhia começou a sessão em queda, mas recuperou-se ao longo do dia acompanhando os preços do petróleo no exterior, fechando em alta de 0,13%. Além disso, as ações do Bradesco foram na contramão do setor financeiro: tiveram alta de 0,52% e ficaram entre as mais negociadas da sessão.

Com Reuters

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