JPMorgan e State Street deixam grupo climático; BlackRock reduz participação

Com mudanças, nenhum dos cinco maiores gestores de ativos do mundo apoia integralmente o Climate Action 100+

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Patrick Temple-West Brooke Masters
Nova York | Financial Times

Dois dos maiores gestores de ativos do mundo saíram de um grupo de investidores criado para pressionar empresas sobre o aquecimento global, e um terceiro está reduzindo sua participação, representando um grande revés para as ambições do Climate Action 100+.

O JPMorgan e a State Street confirmaram que deixaram o grupo climático. A BlackRock, a maior gestora de ativos do mundo, deixou o posto de membro corporativo e transferiu a participação para sua subsidiária internacional menor.

As saídas enfraquecem o plano do Climate Action 100+ de usar a influência dos acionistas para aumentar a pressão sobre empresas poluentes para descarbonizar suas operações. Isso porque, agora, nenhum dos cinco maiores gestores de ativos do mundo apoia integralmente o esforço.

Sede do JPMorgan em Nova York, nos Estados Unidos - Mike Segar - 20.mai.2015/Reuters

Essas movimentações também destacam uma crescente divisão entre os maiores gestores de ativos dos Estados Unidos —sob intensa pressão dos republicanos por conta das questões climáticas— e os de outros lugares.

Concorrentes menores e empresas europeias têm em grande parte permanecido em várias coalizões climáticas.

Lançado em dezembro de 2017, o Climate Action 100+ desafia companhias aéreas, grandes empresas de petróleo e outras empresas poluentes a reduzir sua pegada de carbono. BlackRock, JPMorgan e State Street se juntaram ao grupo em 2020.

No ano passado, o grupo anunciou que passaria a pressionar as empresas a reduzir as emissões.

A State Street disse que esses requisitos de engajamento corporativo da "fase 2" foram longe demais. "A SSGA concluiu que os requisitos aprimorados da fase 2 do Climate Action 100+ para signatários não são consistentes com nossa abordagem independente de votação por procuração e engajamento com empresas do portfólio", disse o fundo em comunicado.

A BlackRock disse em uma nota que está encerrando sua filiação corporativa porque acredita que a estratégia da fase 2, que entra em vigor em junho, entra em conflito com as leis dos EUA que exigem que os gestores de ativos atuem exclusivamente no interesse econômico de longo prazo dos clientes.

O fundo está criando uma nova opção de governança que permite aos clientes, especialmente na Europa, estabelecer a descarbonização como parte de seus objetivos de investimento.

Para os clientes que não optarem por fazê-lo, a BlackRock continuará priorizando os resultados financeiros, disse a nota.

O JPMorgan disse que fez um "investimento significativo" em sua própria equipe de governança e engajamento corporativo: "Dadas essas capacidades e a evolução de suas próprias capacidades de governança, o JPMAM determinou que não participará mais das ações do Climate Action 100+".

O relatório mais recente de engajamento em mudanças climáticas do JPMorgan afirma que "não trabalha em conjunto com outros investidores em questões de investimento e toma suas próprias decisões independentes em relação a empresas investidas".

Com US$ 4,1 trilhões e US$ 3,1 trilhões de ativos sob gestão, respectivamente, a State Street e o JPMAM também estão entre as cinco maiores gestoras de ativos do mundo. A Vanguard e a Fidelity Investments nunca se tornaram membros. Outras grandes gestoras dos EUA ainda presentes no Climate Action 100+ são Goldman Sachs, Invesco e Pimco.

O Climate Action 100+ se recusou a comentar as saídas, mas disse que mais de 60 membros se juntaram desde as mudanças da fase 2 anunciadas em junho de 2023, elevando seu total de membros para mais de 700.

"Desde sua criação, o Climate Action 100+ tem experimentado um crescimento notável —e isso só continuou", disse o grupo.

À medida que os gestores de recursos se beneficiaram do boom global em investimentos sustentáveis, eles têm sido alvo dos republicanos nos EUA, que geralmente se alinham à indústria de petróleo e gás.

Em 2022, a Virgínia Ocidental abriu o caminho ao proibir cinco instituições, incluindo JPMorgan, BlackRock e Goldman, de fazerem negócios com o estado americano, alegando que estavam "boicotando" a indústria de combustíveis fósseis.

A comissão judiciária da Câmara dos EUA convocou a BlackRock, a State Street e a Vanguard como parte de uma investigação sobre investimentos sustentáveis. A comissão também convocou um representante do Climate Action 100+.

A Vanguard deixou a iniciativa Net Zero Asset Managers em dezembro de 2022, dias antes de seu representante ser convocado para depor em uma audiência legislativa no Texas sobre investimentos sustentáveis, ao lado da BlackRock e da State Street. A Vanguard acabou sendo dispensada da audiência.

O Texas, principal estado produtor de petróleo dos EUA, declarou que o Climate Action 100+ é antipetróleo e bloqueou empresas financeiras, incluindo a BlackRock, de fazer negócios com o governo estadual.

Oklahoma, outro produtor de petróleo, proibiu a JPMorgan, a BlackRock e outras empresas de fazer negócios com o estado em 2023.

Além disso, 21 procuradores-gerais republicanos estão investigando gestores de recursos por trabalharem juntos em questões climáticas.

"Potenciais coordenações ilegais aparecem em todos os documentos do Climate Action 100+", disseram os procuradores-gerais no ano passado.

Jim Jordan, o presidente republicano do comitê judiciário da Câmara, disse no X que as decisões do JPMorgan e da State Street foram "grandes vitórias para a liberdade e a economia americana, e esperamos que mais instituições financeiras sigam o exemplo abandonando ações colusivas de ESG".

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