Chance de alta na gasolina, novas regras do cartão de crédito e o que importa no mercado

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Victor Sena
São Paulo

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Alta da gasolina a caminho?

O reajuste no preço do querosene de aviação, anunciado pela Petrobras nesta segunda-feira (1º), colocou no radar uma alta também da gasolina.

O motivo? A valorização do dólar e do petróleo.

↳ A moeda americana subiu 1,11%, a R$ 5,65, e o petróleo atingiu a máxima de dois meses, a US$ 87 (R$ 490).

Entenda: os dois itens impactam o preço da gasolina porque o Brasil precisa importar 30% do combustível.

Sim, mas… Mesmo a gasolina "Made in Brazil", produzida por refinarias privadas e da Petrobras, tende a acompanhar esses movimentos, ainda que com alguma distância, chamada de defasagem.

Desde o início do governo Lula (PT), a estatal faz menos ajustes que em gestões anteriores para evitar movimentos abruptos.

↳ O preço do querosene de aviação foi reajustado primeiro porque cumpre uma revisão mensal contratual. A gasolina não é alterada desde setembro de 2023.

Defasagem. Nesta segunda, a gasolina vendida pela Petrobras estava R$ 0,58 abaixo do valor internacional calculado pela associação de importadores de combustíveis Abicom. No diesel, a diferença era de R$ 0,60.

Magda Chambriard, nova presidente da estatal, disse em entrevistas que a empresa manterá os preços "abrasileirados", mas também que precisa ser rentável.

  • A defasagem é criticada por acionistas privados porque reduz a receita da companhia.

O petróleo… A alta recente reflete a produção enxuta nos países da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) e a maior demanda no Hemisfério Norte, que passa pelo verão.

…e o dólar. A moeda americana mais forte é consequência de juros altos nos Estados Unidos por mais tempo que o previsto e de incertezas no Brasil.

Apesar da disparada, economistas afirmam não haver necessidade de uma intervenção do BC com venda de reservas de dólar no mercado. Nesta segunda, o ministro Fernando Haddad culpou "ruídos" pela alta.

Mais sobre o dólar e inflação: o assunto foi destaque na FolhaMercado desta segunda-feira.


Pão de queijo queimado

A Casa do Pão de Queijo entrou com um pedido de recuperação judicial na última sexta-feira (28). São R$ 57 milhões em dívidas que a companhia busca negociar.

Entre elas, contas de energia atrasadas.

A companhia pede à Justiça que o serviço de luz não seja cortado para seguir com as lojas abertas. O processo de recuperação judicial não prevê o fechamento de nenhuma unidade.

A empresa. Foi fundada em 1967, com a primeira unidade na rua Aurora, no centro de São Paulo. Nos anos 1980, abriu uma fábrica no bairro da Barra Funda e expandiu operação em todo país. Hoje são 170 lojas franqueadas e 22 próprias.

↳ A marca é facilmente reconhecida pelo desenho de uma senhora com pães de queijo assados, inspirada em Dona Arthêmia, mãe do presidente Alberto Carneiro Neto.

A crise. A Casa do Pão de Queijo cita a pandemia como uma das causas para o abalo em suas operações. Os juros altos na economia e o fechamento do aeroporto de Porto Alegre devido às enchentes de maio também afetam as finanças.

  • As chuvas no RS causaram um prejuízo de quase R$ 1 milhão por mês em vendas, segundo a empresa.
  • Das 22 lojas próprias, quatro funcionam no aeroporto de Porto Alegre. O impacto mensal no resultado operacional é de R$ 250 mil.

Entenda: a recuperação judicial é uma ferramenta pela qual empresas podem reestruturar seus negócios com a supervisão da Justiça, para evitar falência. O pagamento das dívidas é suspenso enquanto mudanças na operação são feitas e os débitos são renegociados.

Boom? Os últimos meses tiveram diversos pedidos de recuperação judicial. Casas Bahia, Polishop, Odebrecht Engenharia e Construção, Light, Gol, Coteminas e supermercados Dia são alguns dos nomes.

  • Em artigo de opinião na Folha, a advogada Mariana Herold, especializada em direito empresarial, explicou por que os pedidos estão em alta desde o começo do ano.

Novas regras para o cartão

Quem tiver dívidas no cartão de crédito, seja no rotativo ou parcelamento, poderá solicitar portabilidade gratuita de um banco para outro. A mudança faz parte de uma série de reformas propostas pelo Banco Central para reduzir a inadimplência.

Por que importa? 87% das pessoas com dívidas têm alguma delas feita no cartão de crédito, segundo dados da CNC (Confederação Nacional do Comércio). Em segundo lugar vem o crediário, com 16%.

Como funciona: o banco de destino precisa oferecer uma proposta única, que contemple todo o valor devido. Se quiser oferecer uma contraproposta, o banco original precisa dar condições parecidas.

↳ O score do cliente pode influenciar na atratividade da proposta. Entenda.

Mudanças nas faturas. As contas do cartão de crédito emitidas pelas operadoras precisarão dar mais detalhes sobre o produto, com destaque para: o pagamento mínimo obrigatório e seus encargos futuros, opções de financiamento do saldo devido, taxas efetivas de juros mensal e anual. Veja os detalhes.

O CET (Custo Efetivo Total) de cada proposta também vai aparecer. Ele permite a comparação entre diferentes tipos de crédito e instituições, como empréstimos, negociações e financiamentos.

E mais: os bancos precisarão ter ações de educação financeira, como alertas sobre a inadimplência de uma fatura antes do vencimento.

E os juros? Desde janeiro, as dívidas feitas no rotativo do cartão não podem crescer mais que 100%. Em 2023, eles chegavam a 431%.

Ainda assim, o valor é considerado alto. Por isso eles podem dificultar a gestão do orçamento.

↳ 47,3% dos brasileiros têm alguma dívida em atraso por mais de 90 dias.

↳ A CNC também mostra que o pagamento das dívidas consome uma fatia maior da renda das mulheres do que de homens.


Mel para todos os gostos

Foi-se o tempo em que o mel vendido nos supermercados era sempre igual. O produto ganhou marcas, classificação por região e até por tipo de flor fornecida às abelhas.

Por que importa: o movimento no setor de apicultura é puxado por uma nova leva de empreendedores que buscam incentivar o aumento no consumo do produto no país.

↳ O brasileiro consome cerca de duas colheres por ano.

Eles apostam em novas técnicas na apicultura e em estratégias de marketing, movimento pelo qual o café também passou nos últimos anos.

Entre os maiores. O Brasil está na 11ª posição no ranking de maiores produtores do mundo, com 42 mil toneladas em 2023. 75% do volume, porém, é exportado.

A Folha conversou com os representantes das marcas que fazem parte do movimento: Baldoni, Casa Roncador e BeeCo são as principais.

↳ Há linhas com méis da Mata Atlântica, do Cerrado, da Caatinga e do Pampa gaúcho.

↳ Também é possível escolher tipos específicos, como os baseados em flor de laranjeira, de cor mais clara, e os produzidos por abelhas nativas.

Obstáculos. A produtividade é um desafio para o setor no Brasil, devido à falta de técnica em pequenas propriedades, que são maioria.

↳ São produzidos em média 15 quilos por colmeia, contra os 35 quilos na Argentina.

O impacto das chuvas no Rio Grande do Sul, de onde saem 15% da produção nacional, ainda é incerto, mas há indícios de produção menor: o volume exportado em maio pelo Brasil caiu 845 toneladas.

Favo de mel da Casa Roncador, de Barra do Garças (MT), empresa de menor porte que também trabalha com pequenos produtores - Divulgação
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