Descrição de chapéu Eleições 2024

João Campos (PSB) minimiza em sabatina Folha/UOL rusga com PT, celebra Lula e despista sobre 2026

Atual prefeito do Recife busca reeleição com apoio do presidente quatro anos após disputa tensa contra Marília Arraes

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo, Recife e Rio de Janeiro

O prefeito do Recife, João Campos (PSB), minimizou o risco de perder eleitores bolsonaristas pela aproximação com o presidente Lula (PT), defendeu que antigas rusgas com Marília Arraes e o PT em 2020 foram "circunstâncias políticas" e desconversou sobre possível candidatura ao governo do estado em 2026.

"As pessoas do Recife sabem que sou eleitor de Lula, que é importante ter parcerias com o governo federal. É uma honra contar numa eleição com o apoio e a visita de um presidente da República", disse Campos.

"Eu certamente terei eleitores que gostam do Lula e que não gostam do Lula, que gostam e não gostam do Bolsonaro. Cabe a mim cuidar do Recife, inclusive para aqueles que não votarem em mim", afirmou em sabatina promovida por Folha e UOL.

João Campos (PSB) participa de sabatina Folha/UOL com pré-candidatos do Recife - Reprodução / Folha de S.Paulo/Reprodução/Folha de S. Paulo no Youtube

Nas eleições de 2020, Campos disputou o segundo turno para a Prefeitura do Recife com a prima de segundo grau Marília Arraes, então filiada ao PT, hoje no Solidariedade, em disputa marcada por troca de farpas.

Uma das peças elaboradas pelo PSB de Campos mostrou um avião com os petistas Gleisi Hoffmann, Aloizio Mercadante e José Dirceu e os dizeres: "Cuidado, eles querem mandar no Recife". Já Marília insinuou que Campos não teria preparo para ser prefeito por causa da idade —ele tem hoje 30 anos.

Mercadante é hoje presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), e Gleisi Hoffmann, presidente nacional do PT.

O prefeito do Recife afirmou que o combate tenso no segundo turno de 2020 foi por conta das "circunstâncias políticas" do momento.

"Depois daquilo, vimos uma frente ampla ser construída para viabilizar a eleição de Lula. No segundo turno de 2022, formamos o palanque com Lula, tendo Marília como candidata a governadora. Eu mesmo votei em Marília no segundo turno."

"Seria bom que não tivesse existido? Seria muito mais confortável. Mas é uma circunstância que você não escolhe."

Com nova aliança firmada, Campos e Marília se consolidam na trincheira de oposição à governadora Raquel Lyra (PSDB). Será uma tentativa de reverter as derrotas de 2022. Naquele ano, Marília perdeu no segundo turno para Raquel, e o PSB, partido de Campos, nem sequer foi à etapa final da eleição.

Campos despistou quando indagado se tem planos de, caso reeleito, deixar a prefeitura para concorrer ao governo do estado em 2026. Nos bastidores, a estratégia é vista como possível, e a concorrida vaga de vice na chapa das eleições de outubro ainda está indefinida. O PT tenta emplacar o nome de Mozart Salles. "Isso está sendo discutido", disse Campos.

"Meu foco único eleitoral é a eleição de 2024. Meu pai (o ex-governador Eduardo Campos) dizia que cada eleição é uma eleição. Existe uma liturgia das coisas."

Campos afirmou que a prefeitura vai começar um estudo para armar uma parte da Guarda Municipal. A ideia é começar o armamento a partir de um grupamento tático e ampliar caso a prefeitura avalie que deu certo.

No cenário nacional, Campos afirmou que o terceiro mandato de Lula é "um governo de muitos acertos, de reconstrução". Ele admitiu que a direita está à frente da esquerda na mobilização nas redes sociais, mas que muitas vezes "partem para uma comunicação violenta, distorcida".

Durante a gestão, Campos tem sido criticado pela oposição pela forma como gere as redes. Durante o Carnaval, publicou fotos com o cabelo platinado.

"É natural utilizar de ferramentas mais modernas para ter uma comunicação. Agora, não contem comigo para fazer uma comunicação violenta e deturpada do seu objetivo."

Campos defendeu a gestão para lidar com as consequências das chuvas. O prefeito citou projetos de obras de encosta e um programa que subsidia e fiscaliza obras em residências em áreas de risco. "Nunca se investiu tanto quanto estamos investindo".

O prefeito disse que houve avanços na educação, com abertura de vagas de creche, e na mobilidade urbana, alvo da oposição. O trânsito é um dos principais gargalos do Recife.

Diego Sarza conduziu a sabatina, com participação dos jornalistas Carlos Madeiro, do UOL, e José Matheus Santos, correspondente da Folha na capital pernambucana.

João Campos, 30, é engenheiro, filho do ex-governador pernambucano Eduardo Campos, morto em 2014 quando tentava a Presidência da República. Foi eleito deputado federal em 2018, o mais votado do estado, e conseguiu chegar ao Executivo municipal em 2020. Busca a reeleição com o apoio de Lula (PT).

Além dele, outros dois postulantes foram convidados. Na terça-feira (2), no mesmo horário, foi a vez de Gilson Machado (PL). O ex-deputado federal Daniel Coelho (PSD) fecha o ciclo na cidade nesta sexta-feira (5).

A série de sabatinas começou por Belo Horizonte há duas semanas. Nas últimas semanas, os pré-candidatos de Salvador e Porto Alegre foram entrevistados. Haverá ainda outras com concorrentes de mais 14 cidades.

Além disso, Folha e UOL promoverão debate com os principais candidatos à Prefeitura de São Paulo. O encontro no primeiro turno será em 30 de setembro, às 10h. Caso haja segundo turno, haverá outro em 21 de outubro, também às 10h.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.