Descrição de chapéu Banco Central copom

Campos Neto diz que mercados precificam menos espaço para intervenções monetárias

Presidente do BC avalia também que desaceleração da economia da China pode impactar o Brasil

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Howard Schneider Marcela Ayres
Jackson Hole (EUA) | Reuters

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse neste sábado (24) que a volatilidade recente pode estar mostrando que o mercado está precificando menos espaço para intervenções fiscais e monetárias no futuro.

Falando na conferência econômica anual do Fed (Federal Reserve, o BC dos EUA) de Kansas City, em Jackson Hole, Campos Neto comentou que será mais difícil discutir transmissões monetárias sem abordar questões fiscais.

Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, gesticula em entrevista coletiva
Campos Neto participa de encontro anual de lideranças dos bancos centrais do mundo - Brendan McDermid/Reuters

Campos Neto, cujo mandato termina em dezembro, afirmou que a desaceleração da economia da China pode impactar o Brasil através de um choque nos termos de troca ou de preços mais baixos de importação de produtos chineses, embora o efeito líquido dependa da dimensão da desaceleração.

Esta semana, banqueiros centrais de todo o mundo viajaram para Jackson Hole para participar do principal encontro econômico do mundo, o simpósio anual do Fed de Kansas City, no Parque Nacional de Grand Teton.

O painel em que Campos Neto falou foi sobre a transmissão monetária ou como os movimentos das taxas de juros realmente afetam a atividade econômica ou estão tendo menos efeito do que tradicionalmente esperado.

As suas observações seguem-se aos recentes esforços de comunicação dos membros do Copom para enfatizar que o Banco Central permanece unido, considerando todas as opções para a próxima decisão de política monetária, prevista para a reunião de 17 a 18 de setembro.

Campos Neto e outros diretores do BC destacaram que não existe uma orientação definida para o futuro, uma postura que descreveram como dependente de dados.

Em julho, o Copom manteve a taxa de juros inalterada em 10,5% pela segunda vez consecutiva, mas a retórica foi endurecida, citando a necessidade de maior cautela e acompanhamento diligente dos fatores condicionantes da inflação.

A inflação anual atingiu 4,5% em julho, afastando-se ainda mais da meta oficial de 3%.

Apostas embutidas na curva de juros futuros estão prevendo uma chance de mais de 80% dos juros subirem no próximo mês, o que, se confirmado, ocorrerá enquanto o Fed prepara um afrouxamento monetário.

Na sexta-feira (23), em Jackson Hole, o presidente do Fed, Jerome Powell, afirmou que "chegou a hora" de os Estados Unidos reduzirem a taxa de juros, que atualmente está entre 5,25% e 5,50%. A próxima reunião do Fed acontecerá nos mesmos dias do Copom: 17 e 18 de setembro.

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