Dólar abre semana com leve queda e segue tendência do exterior

Investidores aguardam discurso do presidente do Fed para saber se EUA cortarão juros

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São Paulo

O dólar abriu a semana em leve queda na manhã desta segunda-feira (19), em linha com a fraqueza da moeda norte-americana no exterior, no início de uma semana repleta de eventos econômicos, incluindo um discurso do presidente do Fed (Federal Reserve, o BC dos EUA), Jerome Powell.

Os investimentos aguardam o evento nos EUA para saber se haverá alguma indicação de redução na taxa de juros do país.

Às 9h04, o dólar caía 0,2%, cotado a R$ 5,4561. Na última sexta-feira (17), a divisa fechou em queda de 0,28%, aos R$ 5,467, e a Bolsa perdeu 0,15%, aos 133.953 pontos.

Nota de dólar
Investidores aguardam discurso do presidente do Fed (Federal Reserve) para saber se haverá indicação de corte nos juros dos EUA - Dado Ruvic/Reuters

O Ibovespa passou boa parte do pregão no positivo e chegou a ultrapassar a máxima histórica de 134.193 pontos, registrada no fechamento de 27 de dezembro de 2023, mas perdeu força à tarde com pressão da curva de juros futuros.

Na semana passada, o dólar acumulou queda de 0,87%, após ter cedido 3,43% na semana anterior. O Ibovespa acumulou acréscimo de 2,5%.

A tônica dos mercados dos últimos dias tem sido o estado da economia dos Estados Unidos, após temores de recessão derrubarem Bolsas ao redor do mundo há duas semanas.

A divulgação de dados mais fortes do que o esperado afastou a percepção de desaceleração —e consolidou a perspectiva de um corte de juros do Fed na próxima reunião, marcada para setembro.

"A perspectiva é de recuperação dos ativos de maior risco devido a indicadores que serviram de suporte para espantar por hora os temores de recessão global", disse Marcio Riauba, gerente da Mesa de Operações da StoneX Banco de Câmbio.

"E ao mesmo tempo, o conjunto de dados mostra que o ciclo de cortes de juros nos Estados Unidos pode ser iniciado sem que haja necessidade de um corte mais agressivo", acrescentou.

Antes, com os temores de uma desaceleração acentuada na economia, um corte de 0,50 ponto percentual na taxa de juros —atualmente na faixa de 5,25% e 5,50%— era a aposta majoritária, com especulações até de uma reunião extraordinária do Fed para adiantar o ciclo de afrouxamento.

Agora, uma redução inicial de 0,25 ponto se tornou a de maior probabilidade, com endosso de 76,5% dos investidores, segundo a ferramenta CME FedWatch.

O dólar costuma se depreciar à medida que o Fed reduz os juros. Em tese, ele se torna comparativamente menos atrativo em relação a outras moedas quando os rendimentos dos títulos ligados ao Tesouro, chamados de treasuries, caem

Já a Bolsa brasileira, assim como outros mercados acionários, foi favorecida nos últimos dias pelo apetite por risco de investidores e por baterias de balanços corporativos.

Na sexta, porém, a busca pela nona alta consecutiva foi frustrada pela cena doméstica.

O foco por aqui continua sendo a percepção de que o BC (Banco Central) deve manter a taxa Selic no atual patamar de 10,50% ao ano ou elevá-la antes do final de 2024.

Dados do IBC-Br, apelidado de "prévia do PIB", vieram bem acima do esperado, em sinal de força da economia brasileira. O índice avançou 1,4% em junho na comparação com maio e fechou o segundo trimestre com alta de 1,1% sobre os três meses imediatamente anteriores, de acordo com dados dessazonalizados. Economistas consultados pela Reuters esperavam uma alta de 0,50% no mês.

"O Ibovespa se sustentou nas primeiras horas por conta dos dados do IBC-Br, que animaram os investidores na Bolsa por ser uma demonstração de que a atividade está forte. Ao mesmo tempo, a curva de juros passou a reagir novamente indicando alguma alta na Selic nas próximas reuniões, para conter a atividade", avalia Andre Fernandes, chefe de renda variável e sócio da A7 Capital.

O BC tem destacado em sua comunicação o dinamismo "maior do que o esperado" dos indicadores de atividade e do mercado de trabalho no país, ressaltando que o fato de a economia estar operando perto de sua capacidade máxima impõe um desafio para a redução da inflação.

O presidente da autarquia, Roberto Campos Neto, reforçou em evento na sexta-feira que a taxa pode subir para levar a inflação de volta à meta, caso necessário.

A possibilidade de um novo aperto na Selic "provocou uma abertura na nossa curva de juros e derrubou o Ibovespa na parte da tarde, com investidores realizando lucro em algumas posições", explica Fernandes.

Com Reuters

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