Crise faz crescer a procura por franquias de baixo investimento

Negócios permitem começar com menos de R$ 90 mil e trabalhar de casa

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São Paulo

Com a crise gerada pelo novo coronavírus, houve um aumento significativo na procura por microfranquias, que demandam investimento inicial de até R$ 90 mil e, muitas vezes, permitem trabalhar de casa.

Em junho, a busca por esse modelo de negócio cresceu 23,8% em relação ao mês anterior no Portal do Franchising, mantido pela ABF (Associação Brasileira de Franchising).

“Entre as quase 600 marcas que se enquadram como microfranquias, de todos os segmentos, há várias que permitem até trabalhar em home office. Na crise, modelos enxutos, sem custo fixo, são os que têm mais chance de sobreviver", diz Adriana Auriemo, diretora de microfranquias da ABF.

Morador de Francisco Beltrão (PR), Bruno Meurer, 28, investiu R$ 5.000 na aquisição da franquia do RapidãoApp, aplicativo para delivery que atende cidades entre 25 mil e 600 mil habitantes.

Trabalhando de casa, ele começou a operar em abril, em plena quarentena. Antes, precisou atingir a cota mínima de 40 estabelecimentos comerciais cadastrados, de farmácias a pizzarias.

Trabalho em home office, mas preciso visitar esses clientes com frequência. O contato presencial é muito importante, já que o aplicativo só intermedeia os pedidos e usa entregadores dos próprios estabelecimentos”, ele explica.

Por mês, Bruno tem atendido cerca de 300 pedidos. A comissão do aplicativo varia de 3% a 15%, valor que é rateado entre o franqueado (70%) e a franqueadora (30%).

O matemático Carlos Eduardo Gomes sentando em uma mesa com um notebook à sua frente
O matemático Carlos Eduardo Gomes, 52, dono de uma microfranquia da TSValle - Divulgação

O matemático Carlos Eduardo Gomes, 52, trabalhou em grandes seguradoras e, após ser desligado do último emprego, decidiu empreender na mesma área. O custo alto para abrir uma corretora, cerca de R$ 250 mil, o fez decidir pela microfranquia da TSValle, em 2017.

Para tornar-se franqueado da empresa, que comercializa cerca de 50 produtos, como seguros e consórcios, é preciso investir R$ 8.900, valor que pode ser dividido em dez parcelas.

Durante oito meses, Carlos Eduardo alugou um pequeno escritório dentro da sede da empresa, em São Paulo, por R$ 1.500 mensais. Mas logo concluiu que poderia trabalhar de casa.

“Só preciso de um notebook e de um celular com boa conexão de internet para ter acesso a toda as companhias de seguro”, explica.

O trabalho dele se resume a vender os seguros e iniciar os processos em caso de sinistro —todo o atendimento a seguir é assumido pelas próprias seguradoras.

O faturamento, de R$ 5.000 mensais em média, não caiu durante a pandemia. “Pelo contrário, notei um aumento na procura por seguros de saúde e de vida”, diz.

E é possível até ter uma agência bancária funcionando em home office. O administrador de empresas Rodrigo Passini, 44, de Campinas (SP), trabalhou em bancos por três décadas e tornou-se franqueado do Dot Bank em janeiro deste ano.

Fundado em 2019, o banco digital tem 11 agências, todas em sistema de microfranquia, com investimento inicial de R$ 4.500 reais.

Além da taxa, Rodrigo empenhou R$ 1.500 para equipar o home office com computador, celular e impressora.

Por mês, ele paga à franqueadora 40% de um salário mínimo (R$ 418) como taxa de administração. Sua meta é atingir um faturamento mensal de R$ 5.000 até o fim de 2020.

“Como 40% dos correntistas são pessoas jurídicas, entre condomínios, escolas e escritórios, a emissão de boletos é uma das principais atividades. Não há controle de horário, mas começo cedo para fazer contatos, trabalhar as redes sociais e conquistar novos clientes", afirma.

Segundo Adriana Auriemo, o baixo investimento exigido pelas microfranquias faz com que o teto de faturamento também seja menor —o que não quer dizer que o empreendedor não tenha chance de crescer.

“Ele pode adquirir outras microfranquias ou novas regiões de atuação, por exemplo. Como existem franquias mistas, que oferecem diferentes formatos, também é comum vermos franqueados que começam com um quiosque e, com o tempo, chegam a ter lojas.”

Na hora de escolher a microfranquia, é importante saber que esse tipo de negócio exige que os empreendedores sejam ativos e gostem de botar a mão na massa, diz a diretora da ABF.

Conhecer bem o segmento em que se pretende atuar, pesquisar o histórico da franqueadora e conversar com outros franqueados, para que compartilhem suas experiências, também são passos fundamentais antes de assinar o contrato.

“Essas regras valem para a aquisição de qualquer franquia e, com as micro, não é diferente. Elas têm obrigação de entregar a circular de oferta de franquias, onde são estabelecidas as obrigações de ambas as partes, e a lista de contatos de todos os franqueados.”

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