Conheça as diferenças entre sócio-investidor e investidor-anjo

Parcerias são boas alternativas para quem já tem ideia de negócio, mas pouco ou nenhum capital inicial

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São Paulo

Empreendedores que têm uma boa ideia na cabeça e nenhum dinheiro no bolso podem contar com duas modalidades de investidor que ganham cada vez mais destaque no Brasil: o investidor-anjo e o sócio-investidor.

“A principal diferença entre um anjo e um sócio é que o primeiro não participa diretamente da gestão da empresa, enquanto o outro tem essa opção”, explica a conselheira e estrategista de digital branding Tânia Gomes Luz, fundadora da GirlBoss.

No caso do investidor-anjo, normalmente é feito um contrato por período de tempo determinado, ao final do qual ele pode continuar na empresa ou vender sua participação.

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Martin Kovensky

“O anjo também ajuda o empreendedor com conhecimento complementar, com conselhos informais e mentoria, e aciona sua rede de contatos para buscar futuros clientes”, afirma Maria Rita Spina Bueno, diretora-executiva da Anjos do Brasil.

O anjo não aparece no contrato social. Portanto, eventuais problemas jurídicos do investidor não recaem na companhia. Da mesma forma, questões legais do empreendedor não atingem o anjo.
Em 2019, investimentos desse tipo registraram crescimento de 9% na comparação com o ano anterior, saltando de R$ 979 milhões aplicados para R$ 1,06 bilhão, conforme dados da Anjos do Brasil.
De acordo com a entidade, 80,2% dos investimentos dessa modalidade são feitos por redes de investidores-anjos.

Foi a uma dessas redes que o empreendedor Guido Jackson recorreu para levantar R$ 1,8 milhão e colocar no ar o Anthor, um aplicativo que conecta distribuidores, indústria e comércio para controlar a reposição de produtos em gôndolas.

“Abri a empresa em 2018, mas dependia de recursos para operar. Recorremos à Curitiba Angels e, seis meses após a abertura, conseguimos o valor necessário”, diz. No seu caso, um contrato prevê que o valor será convertido em ações depois de um ano.

O anjo pode sair da empresa durante novas rodadas de investimento, mas normalmente se mantém por entre dois e três anos no negócio.

Apesar de bastante atrativo, esse tipo de parceria requer alguns cuidados. “O valor tem que ser compatível com o investimento, para evitar uma participação muito alta que inviabilize uma outra rodada no futuro”, afirma Maria Rita.

O importante é que todos os detalhes —como participação acionária, tempo em que serão realizadas novas rodadas e resultados esperados— estejam previstos em contrato.

Entre a avaliação do negócio e dos documentos da empresa e a efetivação dos recursos, a parceria leva de três a quatro meses para ser formalizada.

“Só traga para o seu negócio anjos reconhecidos e que saibam que é um investimento de risco. Tem muito especulador que se autointitula investidor-anjo, mas o que propõe, na prática, é empréstimo abusivo”, alerta Tânia.

No caso do sócio-investidor, ele já entra de cara no contrato social da empresa e, por isso, os dois lados devem fazer pesquisas rigorosas sobre o negócio e as partes.

“Tem que ter muito cuidado com a idoneidade do sócio-investidor e com a origem dos recursos para evitar problemas no futuro”, diz Ana Fontes, presidente da Rede Mulher Empreendedora.

Ela cita o caso de uma empreendedora que fechou as portas porque o sócio-investidor teve os bens apreendidos por um problema jurídico anterior à entrada na sociedade.

A Accesstage, empresa de tecnologia integradora de soluções para gestão de pagamento, optou por se tornar sócia de outras companhias.

“Investimos, em sete empresas, entre R$ 3 milhões e R$ 5 milhões em cada uma”, conta o presidente da Accestage, Celso Sato.

De acordo com ele, a companhia que busca recursos precisa ter algum tipo de governança e uma estrutura de capital registrada, além das partes fiscal e contábil em dia.

Uma das empresas que recebeu recursos da Accestage foi a fintech Negocie Online. Foram R$ 5 milhões aportados em 2018 em troca de um terço da empresa.

“Ou colocávamos um investidor ou o modelo de negócio, que mirava grandes grupos, não teria ido para a frente. Desde a entrada do sócio-investidor, nossa empresa triplicou o faturamento”, afirma Luis Ferras, diretor-executivo da Negocie Online.

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