Descrição de chapéu onu Boa Vista

ONU irá buscar apoio internacional para venezuelanos no Brasil

Chefe do Acnur estima que 24 mil venezuelanos já pediram refúgio no país

Natália Cancian
Brasília

O alto comissário das Nações Unidas para refugiados, Filippo Grandi, disse nesta segunda-feira (19) que a organização irá buscar apoio internacional para ajudar o Brasil após a entrada de milhares de refugiados venezuelanos no país.

O alto comissário da ONU para refugiados, Filippo Grandi, conversa com Temer
O alto comissário da ONU para refugiados, Filippo Grandi, conversa com Temer - Marcos Corrêa/Presidência da República

A declaração ocorreu após reunião com o presidente Michel Temer e em meio a um evento, em Brasília, com representantes de países da América Latina e Caribe para discutir soluções para a crise dos refugiados. 

Segundo Grandi, o Brasil tem um "papel primordial" na coordenação de respostas às necessidades dos venezuelanos que chegam ao país, em uma tentativa de fugir da crise que assola o país vizinho. A maioria está atualmente em Boa Vista (RR).

"Falei com o presidente Temer sobre essa resposta, à qual a Acnur dá apoio irrestrito tanto em termos de assistência humanitária, quanto em soluções de longo prazo no programa de interiorização", afirmou, citando a iniciativa do governo federal em enviar venezuelanos a outros Estados além de Roraima.

"E me comprometi pessoalmente com o presidente a buscar apoio com a comunidade internacional para ajudar o Brasil nesta resposta", completou.

Grandi, no entanto, não deu detalhes de como poderia ser esse apoio. De acordo com a Acnur, isso poderia ocorrer tanto por meio de auxílio financeiro às ações ou em novas soluções para acolhida dos refugiados, por exemplo.

Ao todo, a estimativa é que 24 mil venezuelanos já tenham solicitado refúgio no Brasil, informou Grandi à imprensa. "Evidentemente esse número não representa o total [de venezuelanos no país]", explica. Hoje, a estimativa do governo é que ao menos 40 mil venezuelanos já tenham atravessado a fronteira.

Grandi também elogiou o trabalho do Brasil na concessão de vistos humanitários para refugiados da Síria e disse que a organização pretende estudar melhor o processo de como reassentar os sírios no país. 

Mais cedo, o comissário pediu que os países da América Latina "mantenham suas fronteiras abertas" para acolhida de refugiados, "especialmente agora, quando o número está aumentando".

'PORTAS ABERTAS'

Em discurso na abertura do evento que pretende colher as sugestões da América Latina para a elaboração de um Pacto Global para os Refugiados, acordo previsto para ser adotado ainda neste ano, o ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes, voltou a afirmar que o Brasil "não fechará as portas" a quem busca refúgio, como os venezuelanos.

"No Brasil, a resposta ao drama dos refugiados tem sido o estrito cumprimento de nossas obrigações internacionais em matéria de direitos humanos e de direitos dos refugiados", afirmou.

Para ele, o governo tem adotado "medidas eficazes" para resolver o problema dos venezuelanos que buscam apoio no Brasil.

"O presidente Temer, cumprindo a legislação brasileira, vem mobilizando o governo, especialmente o Ministério da Justiça, para regularizar a situação dos venezuelanos com maior urgência. Também reiterou na semana passada que o Brasil jamais fechará suas portas para os que buscam refúgio", disse.

Aloysio  também relembrou o período em que viveu exilado na França, na época da ditadura militar no Brasil. "Eu sei o que é viver no exílio e sei que essa é uma ferida que não se fecha", afirmou. "Mas sei também o quanto significa e é importante ser recebido com fraternidade e ter condições de se integrar no país de exílio."

Segundo Aloysio, a previsão é que um documento com as sugestões dos países da América Latina para a crise dos refugiados seja finalizado até esta terça (20).

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