Israel acusou forças iranianas baseadas na Síria de terem disparado 20 foguetes contra bases militares israelenses nas colinas de Golã nesta quarta-feira (9; quinta-feira no horário local). Não há informações sobre mortos. Segundo o Exército de Israel, os danos foram "limitados".
Em resposta, Israel realizou uma grande operação militar e bombardeou diversas bases iranianas na Síria. "Espero que eles tenham entendido a mensagem", disse o ministro de Defesa israelense Avigdor Lieberman. Segundo o Ministério da Defesa da Rússia, o ataque foi feito com 28 aviões e 70 mísseis.
O Exército de Israel afirmou ter atingido dezenas de bases que contavam com presença iraniana e cinco baterias antiaéreas sírias. Já o regime sírio admitiu que um depósito de armas e um radar na região de Damasco foram atingidos pelos mísseis israelenses.
As explosões em Damasco, capital da Síria, e Homs, na região central do país, aconteceram no fim da madrugada, e disparos do sistema antiaéreo do regime de Bashar al-Assad foram ouvidos toda a noite.
O ataque iraniano desta quarta seria retaliação ao ataque de terça (8), atribuído a Israel, contra bases do Irã na Síria. Segundo a imprensa síria, 15 militares morreram, oito deles iranianos.
Tensão
Os donos das centenas de pousadas espalhadas pelas colinas de Golã —anexada por Israel em 1981 e que faz fronteira com Síria, Líbano e Jordânia— já começam a contabilizar o prejuízo com os cancelamentos causados pela tensão crescente. Em vez de filas de ônibus de turismo, era mais fácil identificar, nesta quarta, comboios de veículos militares.
O Exército de Israel deslocou para Golã dezenas de tropas e tanques, além de baterias do sistema de defesa antiaéreo Domo de Ferro e de 70 abrigos antiaéreos de concreto.
A apreensão chegou ao ponto mais alto dos últimos 12 anos. Na terça, o Exército emitira um alerta para que as autoridades abrissem todos os bunkers a fim de que os 47 mil moradores da região (metade judeus, metade drusos) pudessem se abrigar em caso de ataques aéreos.
"Está tenso aqui", disse Yafit Ochaion, moradora de Katzrin, a maior cidade da região, com 7.000 habitantes.
Para outros, a ameaça dos vizinhos é uma constante: "Estou há 32 anos aqui e já estou acostumado. Os bunkers estão sempre abertos", disse o agricultor Amir Duvdevani, do vilarejo de Alonei Habashan.
A orientação oficial se aplicava apenas a Golã, mas alguns prefeitos da Alta Galileia também abriram bunkers.
A crescente presença iraniana na Síria foi discutida entre o presidente russo, Vladimir Putin, e o premiê israelense, Binyamin Netanyahu, que viajou para Moscou para participar da parada militar em comemoração ao 73º aniversário do Dia da Vitória sobre os nazistas.
Ninguém duvida que a fricção entre Israel e Irã na fronteira com a Síria esteja apenas começando. Mas o consenso não é o mesmo quando se trata da retirada dos EUA do acordo nuclear com o Irã, anunciada pelo presidente Donald Trump na terça.
A manchete do jornal Israel Hayom, alinhado a Netanyahu, foi só elogios: "Os EUA retomaram sua grandeza". O colunista Amnon Lord comparou a medida à recusa do ex-presidente americano Ronald Reagan, em 1986, de negociar com o ex-líder soviético Mikhail Gorbachev, influenciando no colapso da União Soviética, três anos depois.
Já o jornal Haaretz, de esquerda, disse que o retorno das sanções "só aumenta o risco de conflito na região".
"Uma diplomacia que se baseia em não honrar acordos não consegue muito. A curto prazo, o Irã sofrerá. Mas a longo, a retirada não afasta o perigo da bomba iraniana", escreveu o influente jornalista Ronen Bergman.
A tensão na fronteira norte se une ao nervosismo na fronteira sul, que começou há cerca de um mês e deve alcançar seu auge nos próximos dias.
Na segunda (14), acontece a transferência oficial da embaixada dos EUA de Tel Aviv para Jerusalém. São esperados confrontos na fronteira com Gaza e em Jerusalém. No dia seguinte, os palestinos vão marcar os 70 anos da "Nakba" (a "tragédia"), como classificam a criação do Estado de Israel.
DIAS DE TENSÃO
8.mai Israel ataca bases iranianas na Síria
9.mai Irã dispara foguetes contra as colinas de Golã
14.mai EUA transferem embaixada para Jerusalém
15.mai Palestinos marcam a “nakba” (dia da catástrofe da criação do Estado de Israel, na visão deles)
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