A chanceler alemã, Angela Merkel, afirmou nesta terça-feira (28) que o "ódio nas ruas" não pertence à Alemanha, após manifestações xenofóbicas em Chemnitz, no leste do país.
"O que vimos não cabe em um estado de direito", afirmou Merkel em entrevista coletiva em Berlim. "Vimos caças coletivas, vimos o ódio nas ruas, e isso não tem nada a ver com o estado de direito."
O ministro do Interior, Horst Seehofer, disse que o governo federal está pronto para oferecer reforço ao estado da Saxônia, onde fica Chemnitz.
Os protestos começaram após um homem ter sido esfaqueado em briga de rua. Um iraquiano e um sírio foram detidos, motivando as manifestações em que migrantes foram assediados e atacados.
Seehofer disse que, embora a preocupação com o esfaqueamento seja compreensível, não há lugar na sociedade alemã para a defesa da violência.
"A polícia na Saxônia está numa situação difícil. Se requisitado, o governo federal está pronto para disponibilizar medidas de apoio policial", afirmou.
Merkel apoiou a declaração do ministro. "Se a Saxônia precisar de ajuda para manter a lei e a ordem, o governo federal está pronto."
O chefe da polícia da Saxônia, Jürgen Georgie, afirmou que as autoridades locais haviam subestimado o tamanho do protesto, prevendo cerca de mil pessoas. Mas cerca de 600 policiais tiveram de conter 6.000 simpatizantes da extrema-direita que pressionavam as barreiras policiais.
Imagens de vídeo mostram manifestantes fazendo saudações nazistas e cantando slogans como "a resistência nacional está marchando aqui".
Michael Kretschmer, premiê da Saxônia e aliado de Merkel, afirmou que a propagação de notícias falsas contribuiu para o crescimento dos protestos.
"Acreditamos que ao menos algumas convocações [para os protestos] que circularam online eram baseadas em informações falsas, ou fake news", afirmou.
Ele citou como exemplo um relato que se espalhou pelas redes sociais de que o homem de 35 anos que foi esfaqueado estava defendendo uma mulher de imigrantes, mas não há evidências que apoiem essa versão.
Outra manifestação, a terceira desde o fim de semana, está prevista para esta terça em Dresden, capital da Saxônia.
O estado da Saxônia há muito é palco de sentimentos anti-imigração. O partido nacionalista Alternativa para a Alemanha (AfD) obteve a maior votação no estado nas eleições do ano passado e quase um quarto dos votos em Chemnitz.
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