Rússia culpa Israel, que culpa Síria, por queda de avião militar russo com 15 ocupantes

Moscou afirma que aeronave foi alvo de fogo amigo após ser encurralada por caças israelenses

São Paulo | Reuters e Associated Press

O Ministério da Defesa da Rússia responsabilizou indiretamente Israel pelo incidente que resultou na derrubada de um avião de reconhecimento de Moscou, na noite de segunda-feira (17), a 30 km da costa síria, na altura da cidade de Latakia. Os 15 passageiros morreram.

O modelo II-20 estava voltando para sua base, no oeste da Síria, quando foi atingido sobre o Mediterrâneo por fogo amigo –artilharia antiaérea das tropas leais ao ditador Bashar al-Assad, apoiado pelo Kremlin.

Mas em telefonema com o presidente russo, Vladimir Putin, o premiê israelense, Binyamin Netanyahu, disse que a responsabilidade é da Síria.

Após a conversa, Putin afirmou que tudo foi um "trágico acaso".

Aeronave II-20A, semelhante a que foi derrubada na Síria
Aeronave II-20A, semelhante a que foi derrubada na Síria - Alexander Kopitar - 18.set.2018/AFP

"O mais provável neste caso parece que foi uma cadeia de trágicos eventos ao acaso, porque uma aeronave israelense não derrubou a nossa", afirmou. 

"Quanto às medidas retaliativas, elas terão como objetivo em primeiro lugar garantir a segurança de nosso pessoal militar e nossas instalações na Síria. E estes são passos que todo mundo vai notar", afirmou. 

Segundo o governo russo, jatos F-16 israelenses “encurralaram” a aeronave russa ao usá-la como escudo para se aproximar de alvos terrestres na Síria sem serem alvejados pelo Exército do regime.

“Escondendo-se atrás do avião russo, os pilotos israelenses o colocaram na linha de mira dos sistemas antiaéreos sírios”, disse o porta-voz do ministério, Igor Konashenkov.

A pasta classificou a ação israelense como irresponsável e hostil, e informou ter sido avisada do início da investida com apenas um minuto de antecedência. Também referiu-se a ela como “provocação deliberada”.

Israel oficialmente não tomou partido na guerra civil que despedaça a Síria desde 2011, mas faz operações pontuais contra o que diz serem posições da facção libanesa Hizbullah naquele país –o grupo é financiado pelo Irã, inimigo israelense. O Exército israelense não se pronunciou sobre o incidente.

O Ministério da Defesa russo disse já ter localizado os destroços da aeronave e recuperado alguns corpos de militares no mar.

O embaixador de Israel em Moscou foi convocado pela chancelaria já na terça (18) para dar explicações.

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