Número de imigrantes ilegais nos EUA atinge menor patamar desde 2004

Queda na entrada de mexicanos sem autorização foi principal fator, aponta levantamento

Migrante perto da fronteira entre México e Estados Unidos em Tijuana - Rodrigo Abd - 25.nov.2018/AP
Nova York

O número de imigrantes ilegais nos Estados Unidos recuou para 10,7 milhões em 2016, o menor nível desde 2004, segundo pesquisa do centro de estudos Pew baseada em dados do governo americano.

Isso significa um recuo de cerca de 13% desde 2007, quando essa população atingiu o pico de 12,2 milhões. 

A queda foi acompanhada de um aumento de 22% dos imigrantes regularizados no mesmo período —em 2016, eram 34,4 milhões nesta situação, naturalizados ou não cidadãos com vistos permanentes ou temporários.

Segundo o Pew, o recuo dos imigrantes não autorizados começou a ser observado na parte final da crise global, em 2009, seguido por uma estabilização, antes de voltar a cair em 2015. O principal fator que contribuiu para a queda, afirma o Pew, foi o forte declínio do número de mexicanos entrando sem autorização.

De 2007 a 2016, houve uma diminuição de 1,5 milhão de mexicanos tentando ingressar nos EUA sem permissão oficial. O Pew diz ainda que, de 2009 a 2014, o número de mexicanos que deixaram os EUA superou o dos que entraram: 1 milhão de saídas, ante 870 mil chegadas.

Ainda assim, o México segue como o país de origem de 5,4 milhões de imigrantes ilegais, metade do total que está nos EUA. A queda observada no número de mexicanos seguiu a tendência de redução vista em populações de outras regiões, como América do Sul e Europa. 

Houve quedas significativas de imigrantes de Colômbia, Equador, Coreia do Sul e Peru. Já o número de brasileiros recuou de 180 mil em 2007 para 130 mil em 2016.

Apesar da diminuição na entrada de mexicanos, a fronteira com o México se manteve como a principal porta de entrada para um número crescente de imigrantes ilegais oriundos de El Salvador, Guatemala e Honduras. 

A América Central foi a única região em que o número de imigrantes ilegais em 2016 cresceu em relação a 2007: passou de 1,5 milhão para 1,85 milhão. Os países da região têm se tornado o principal alvo das críticas do presidente americano, Donald Trump, que já ameaçou cortar ajuda financeira caso os governos não façam nada para deter o fluxo de ilegais para os EUA.

Em meados de outubro, uma grande caravana de migrantes se formou em Honduras com o objetivo de atravessar a fronteira dos EUA com o México. No domingo (25), um grupo deles que tentou entrar em solo americano foi recebido com gás lacrimogêneo por agentes de proteção da fronteira dos EUA.

O Pew identificou ainda um aumento de imigrantes sem autorização vindos da Índia e da Venezuela no período, mostram os dados. Os venezuelanos passaram de 55 mil para 90 mil, e os indianos, de 325 mil para 475 mil.

As deportações também ajudaram a limitar o tamanho e crescimento da população de imigrantes não autorizados. O número de deportados foi de 211 mil em 2003, durante o governo do republicano George W. Bush, para 433 mil em 2013, na administração do democrata Barack Obama.  

No ano fiscal de 2017, encerrado em 30 de setembro, cerca de 230 mil imigrantes ilegais foram removidos. A maioria dos deportados era de México, El Salvador, Guatemala e Honduras.

O Pew indica ainda que dois terços dos adultos que estão sem autorização nos EUA moram no país há mais de dez anos. Só 18% estão nos EUA há cinco anos ou menos. 

Além disso, a parcela de ilegais na força de trabalho americana recuou de 2007 a 2016, para 7,8 milhões (4,8% do total). Na construção, eles representam 15% do total, enquanto nos trabalhos com remuneração maior, em cargos administrativos e outras ocupações, são menos de 2%.

Segundo o centro, 12 estados registraram queda na população de ilegais desde 2007: Alabama, Arizona, Arkansas, Califórnia, Flórida, Illinois, Michigan, Nevada, Nova Jersey, Novo México, Nova York e Oregon. Em três, o número aumentou: Louisiana, Maryland e Massachusetts.

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