O jornalista alemão Claas Relotius, que admitiu ter falsificado ao menos 14 reportagens publicadas pela revista Der Spiegel ao longo de anos, devolveu quatro prêmios, anunciou nesta quinta-feira (20) a associação de imprensa da Alemanha.
A rede americana CNN afirmou ainda que retirou de Relotius duas premiações que lhe havia concedido como Jornalista do Ano por trabalhos publicados na revista suíça Reportagen, afirmou um porta-voz da emissora em uma nota.
A prestigiada Der Spiegel afirmou na quarta-feira (19) que rescindiu o contrato com o autor depois que ele admitiu ter inventado, fabricado ou usado citações adulteradas em 14 artigos.
Nesta sexta (21), anunciou que irá publicar um especial de 23 páginas sobre como o jornalista falsificou matérias por vários anos, dizendo que o caso "é a pior coisa que pode acontecer a uma equipe editorial" e prometeu "fazer de tudo para recuperar a credibilidade".
A fraude só foi descoberta porque um dos jornalistas da revista desconfiou de Relotius ao trabalhar com ele em uma reportagem na fronteira entre os EUA e o México.
O colega, cuja identidade não foi revelada, procurou duas fontes citadas diversas vezes por Relotius no artigo, publicado em novembro. Ambos disseram que nunca haviam visto o jornalista.
Uma comissão está analisando outros trabalhos de Relotius, 33, publicados na revista.
O semanário Die Zeit e o jornal Die Welt, ambos da Alemanha, afirmaram que também estão investigando reportagens de Relotius que publicou. O jornalista contribuiu como freelancer para diversas publicações, como Cicero, Frankfurter Allgemenei e outros.
“Os perdedores são todos os jornalistas do país que realizam suas apurações em circunstâncias difíceis ou perigosas, bem como membros de equipes editorais que checam textos em termos de qualidade e precisão", escreveu o jornal Süddeutsche Zeitung em um editorial.
"Claas Relotius nos procurou por mensagem de texto, pediu desculpas e devolveu suas quatro premiações por iniciativa própria", disse o Fórum de Repórteres da Alemanha em seu site.
Relotius não fez declarações públicas desde que o caso veio à tona na última quarta.
Entre as falsificações constatadas pela Spiegel estão uma reportagem sobre uma americana que seria voluntária para testemunhar execuções de condenados à pena de morte nos EUA e uma entrevista por telefone com os pais do jogador de futebol americano Colin Kaepernick, que protestou contra a violência policial ajoelhando-se durante o hino nacional antes do jogo.
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