Descrição de chapéu Governo Trump

Negociações não avançam e EUA devem manter paralisação parcial no Natal

Não houve acordo no Senado sobre impasse e próxima sessão está marcada para o dia 27

Danielle Brant
Nova York

A terceira paralisação parcial da administração de Donald Trump não deve terminar antes do Natal. O impasse envolvendo as negociações em torno do financiamento do muro que o presidente quer construir na fronteira com o México se manteve neste sábado (22), estendendo o apagão que deixou um quarto do governo sem dinheiro.

A jornalistas, autoridades da Casa Branca indicaram que o presidente não abriria mão da construção do muro, uma promessa de campanha. Eles afirmaram que a única maneira de resolver o impasse é que os senadores democratas aprovem os US$ 5 bilhões para a segurança da fronteira –o que já disseram que não farão.

Placa avisa que o Arquivo Nacional, em Washington, está fechado devido a uma paralisação parcial federal nos EUA
Placa avisa que o Arquivo Nacional, em Washington, está fechado devido a uma paralisação parcial federal nos EUA - Joshua Roberts/Reuters

Neste sábado, poucos senadores estiveram no Capitólio pela manhã, e não houve votação marcada em nenhuma das duas Casas. Alguns congressistas voltaram para seu estado de origem, depois de serem avisados de que seriam notificados 24 horas antes de que qualquer votação para reabrir o governo ocorresse.

Haverá uma sessão pro forma nesta segunda (24), mas a próxima sessão com chances concretas de a votação ocorrer está marcada para a tarde de quinta-feira (27).

O Senado tinha até a meia-noite de sábado para passar uma lei aprovada pela Câmara dos Deputados na quinta-feira (20) e que incluía US$ 5,7 bilhões para o muro. Mas a sexta-feira transcorreu sem um acordo na Casa envolvendo a proposta, que enfrenta a oposição dos senadores democratas. Sem eles, a lei não tem chance de ser aprovada –são necessários 60 votos para que isso ocorra.

No Senado, os líderes que representam os dois lados em oposição tentaram jogar a responsabilidade pelo apagão para o adversário.

O líder da maioria republicana no Senado, Mitch McConnell, deu algumas indicações, em seu discurso, de que a divergência deve estar longe do fim. Para ele, a solução para o problema é “muito simples”: o governo continuaria fechado parcialmente “até que o presidente e os senadores democratas alcançassem um acordo”.

Minutos depois, Chuck Schumer, líder da minoria democrata no Senado, sugeriu que o próprio presidente era o maior empecilho para a reabertura do governo.

“À meia-noite, quase 25% do governo fechou por causa de uma pessoa e somente uma pessoa: o presidente Trump”, afirmou. “Nós chegamos a este momento porque o presidente Trump está em uma teimosia destrutiva de duas semanas.”

“Se você quer reabrir o governo, você deve abandonar o muro, simples e claro”, afirmou Schumer, antes de afirmar que o apoio do republicano a um muro pouco efetivo acabaria “enganando o contribuinte americano.”

Já o presidente americano, como é de praxe, usou as redes sociais para reiterar que não abre mão do muro. Em mensagem em uma rede social, Trump escreveu que estava “trabalhando duro” na Casa Branca. Tachou de falsas as notícias sobre a paralisação parcial do governo e sobre a Síria –na última quarta, a Casa Branca ordenou a retirada dos soldados americanos no país.

“Nós estamos negociando com os democratas e precisamos desesperadamente de segurança na fronteira (gangues, drogas, tráfico humano e mais), mas pode ser uma longa espera”, escreveu.

Mais tarde, na mesma rede social, afirmou que a “crise de atividade ilegal em nossa fronteira sul é real e não vai acabar até que construamos uma grande barreira ou muro de aço. Deixe o trabalho começar!”

“Eu ganhei uma eleição, considerada uma das maiores de todos os tempos, baseada em sair de guerras estrangeiras intermináveis e caras e também em fronteiras mais fortes que vão deixar nosso país seguro”, afirmou. “Nós lutamos pelas fronteiras de outros países, mas não lutamos pelas fronteiras de nosso próprio!”

Trump é aplaudido por republicanos ao afirmar que não iria responder a perguntas sobre a possível paralisação do governo
Trump é aplaudido por republicanos ao afirmar que não iria responder a perguntas sobre a possível paralisação do governo - Joshua Roberts/Reuters

Na quarta-feira (20), os senadores aprovaram uma proposta apoiada por Schumer e pela líder da minoria democrata na Câmara, Nancy Pelosi, para evitar a paralisação parcial, mas que não incluía os recursos para o muro. Trump disse que não assinaria a proposta.

O apagão atinge 25% do governo —o restante já está financiado até setembro de 2019. Departamentos importantes são afetados, como o de Segurança Doméstica, o de Justiça, o de Interior, o de Estado e o de Habitação e Desenvolvimento Urbano.

Dezenas de parques nacionais e monumentos fecharam neste sábado. A SEC (Securities and Exchange Commission, que supervisiona o mercado de capitais americano) publicou uma lista de serviços que seriam suspensos em breve, como o processamento de certos registros de empresas.

Além disso, 380 mil empregados foram colocados em férias coletivas e outros 420 mil trabalharão sem receber.

Este é o terceiro apagão do governo Trump, que já enfrentou impasses semelhantes em janeiro e fevereiro deste ano.

Especialistas veem essa como a última chance de o presidente conseguir dinheiro para financiar o muro, antes de os democratas assumirem o controle da Câmara dos Deputados, em 3 de janeiro. A queda de braço dá um vislumbre do que deve ser a disputa de poder a partir daí.

 
Tópicos relacionados

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.