Descrição de chapéu The Washington Post

Quem é Khalifa Haftar, líder do Exército Nacional Líbio?

Líder rebelde apoiou ditador Muammar Gaddafi, desertou e morou nos EUA

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Emily Tamkin
The Washington Post

As forças conhecidas como Exército Nacional Líbio (ENL), lideradas por Khalifa Haftar, avançaram para o oeste em direção a Trípoli na sexta-feira (5), depois de Haftar anunciar sua intenção de tomar a cidade.

Trípoli é controlada pelo Conselho Presidencial e o Governo de Unidade Nacional (GNA), que tem o apoio das Nações Unidas.

Milícias que apoiam o GNA teriam capturado cem soldados de Haftar, mas existe o risco de os combates levarem o país a voltar para a pior violência vista desde a guerra civil de 2011.

Quem é Khalifa Haftar? E por que ele enviou tropas a Trípoli?

haftar presta continência
O general Khalifa Haftar, durante parada militar em Benghazi em 2018 - Abdullah Doma - 7.mai.2018/AFP

​Haftar, 75, tornou-se militar em 1966, sob o rei Idris 1º. Três anos mais tarde, aderiu ao golpe de Muammar Gaddafi contra a Coroa.

Nas duas décadas seguintes, ele ascendeu os escalões das Forças Armadas líbias, e na década de 1980 foi comandante no conflito da Líbia com o Chade. Mas foi capturado por forças do Chade, e em 1987 desertou, aderindo à Frente Nacional de Salvação da Líbia (FNSL), que tinha o apoio dos Estados Unidos.

A FNSL pedia a deposição de Gaddafi. Haftar tornou-se figura de destaque na ala militar da FNSL, o Exército Nacional Líbio. O então presidente americano, Ronald Reagan, que queria usar dissidentes líbios para afastar Gaddafi do poder, apelidou Haftar de “o cão raivoso do Oriente Médio”.

O general acabou se radicando em Langley, Virgínia, onde, como cidadão americano, manteve vínculos com adversários de Gaddafi. Ele retornou à Líbia após o início da guerra civil de 2011, que levaria à deposição do ditador.

Mas Haftar não se tornou o novo líder militar da Líbia e, por essa razão, retornou à Virgínia.

Então, em 2014, ele anunciou um golpe militar em discurso transmitido por vídeo, dizendo que o governo central não fizera o suficiente para enfrentar grupos islâmicos armados e cada vez mais poderosos.

O golpe fracassou, mas Haftar ainda não desistira. Alguns meses mais tarde ele lançou a chamada “Operação Dignidade”, cujo objetivo era expulsar grupos militantes do leste do país. Ele ganhou apoio no leste da Líbia e também do Egito e dos Emirados Árabes Unidos. Mas, apesar de ter declarado que libertara a cidade de Benghazi, Haftar deixou a cidade em ruínas e intensificou as divisões no país.

Essas divisões teriam sido agravadas pelo fato de que Haftar, ignorando os termos do acordo de paz mediado pela ONU, negou-se a reconhecer o governo de união em Trípoli. Essa recusa é vista há anos como algo que contribuiu para que não se tenha alcançado estabilidade na Líbia.

A condição prévia exigida por Haftar é que o governo de união conquiste o apoio de parlamentares em Tobruk, cidade do leste do país que desde 2014 disputa o poder com Trípoli.

No sábado (6), o Conselho de Segurança da ONU tentou novamente desencorajar Haftar de seus objetivos. Desta vez foi feito um chamado a suas forças para cessarem seus movimentos e um chamado para que “todas as partes retomem o diálogo e cumpram seus compromissos assumidos de engajamento construtivo com o processo político promovido pela ONU”.

Tradução de Clara Allain 

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