O deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) afirmou nesta quinta-feira (11) que aceitaria renunciar ao mandato caso seja de fato indicado a novo embaixador do Brasil nos Estados Unidos.
"Sim, se o presidente Jair Bolsonaro me confiar essa missão, eu estaria disposto a renunciar ao mandato", declarou Eduardo a jornalistas.
A declaração foi feita pouco depois de o presidente ter confirmado que decidiu indicar seu filho para chefiar a missão diplomática do Brasil em Washington.
O deputado disse ainda que uma análise de sua assessoria técnica concluiu que a renúncia ao mandato seria necessária para que ele pudesse assumir o posto no exterior.
"Sim, é a análise que nós fizemos também. Se for a missão dada pelo presidente, eu aceitaria", disse.
Durante a entrevista, ele tratou a possível nomeação para o cargo sempre como uma hipótese, apesar de seu pai já ter confirmado que a decisão está tomada.
"Eu agradeço, espero que, na próxima oportunidade, a gente veja se concretiza ou não isso que agora, para mim, ainda é uma possibilidade", pontuou.
"Se for da vontade do presidente, e ele realmente, de maneira oficial, me entregar essa missão, eu aceitaria", concluiu.
Apesar de tratar o tema como uma possibilidade, ele disse que tem as qualificações para comandar a embaixada.
"Eu fico imaginado do lado de lá, o povo americano olhando. O presidente de um país enviando o seu filho para trabalhar lá. Eu falo inglês e espanhol, sou o deputado mais votado da história do Brasil, estou presidente da CREDN (Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional). Eu acredito que as credenciais me dão uma certa qualificação", afirmou.
Algumas viagens de Eduardo Bolsonaro
Davos, Suíça Fórum Econômico Mundial
Santiago, Chile Visita de Estado ao presidente chileno, Sebastián Piñera
Washington, EUA Visita de Estado ao presidente Donald Trump
Budapeste, Hungria Encontro com o premiê húngaro, Viktor Orbán
Roma, Itália Encontro com o vice-premiê italiano, Matteo Salvini
Buenos Aires, Argentina Visita ao presidente argentino, Maurício Macri
Osaka, Japão Cúpula do G20; encontro com o príncipe herdeiro saudita Mohammed bin Salman; encontro com chefes de governo dos Brics
Eduardo Bolsonaro disse que o governo dos EUA ainda não foi consultado sobre sua eventual indicação, como é praxe nas relações diplomáticas. Embora tenha dito isso, o próprio presidente revelou nesta quinta que já foram feitos contatos com a administração de Donald Trump.
Ele alegou ainda que sua assessoria técnica também fez um estudo e concluiu que sua indicação para embaixador não se enquadraria em normas que vedam casos de nepotismo.
"Cabe aos advogados estudarem a súmula vinculante do STF (Supremo Tribunal Federal). A primeira análise que fizemos aqui seria que não se enquadraria nisso. Seria uma indicação igual à indicação de um ministro, estaria fora da questão do nepotismo", argumentou.
O parlamentar disse que, caso seja confirmado no posto, assumirá a missão de "reatar as relações" com os EUA e "resgatar a credibilidade brasileira no exterior."
Citando o caso de seu irmão Carlos Bolsonaro, que foi eleito vereador no Rio de Janeiro pela primeira vez aos 17 anos, mas conseguiu assumir o mandato por ter atingido a maioridade antes da posse, Eduardo disse que é uma coincidência o anúncio de seu pai ocorrer um dia depois de o deputado completar 35 anos —idade mínima para alguém ser indicado a embaixador.
"Parece aí que papai do céu fez a gente no ano certinho, para a gente cumprir as idades mínimas no futuro", afirmou.
Por último, ele voltou a elogiar o escritor Olavo de Carvalho, guru da família Bolsonaro, a quem chamou de "conselheiro."
"Certamente é uma referência, uma pessoa que eu tenho carinho e serve como um conselheiro. Independentemente de estar dentro ou fora do governo, dentro ou fora de uma embaixada", disse.
"Ele mora na Virgínia, ao lado de Washington. Quem sabe, se futuramente venha se concretizar o que hoje é uma possibilidade, a gente não venha a fazer alguns churrascos e dar uns tiros nos fins de semana no quintal dele", concluiu.
Embaixadores em Washington desde a redemocratização
José Sarney Marcílio Marques Moreira, de 23.nov.86 a 24.ago.91
Fernando Collor Rubens Ricupero, de 25.ago.91 a 25.ago.93
Itamar Franco Paulo Tarso Flecha de Lima, de 12.nov.93 a 26.mai.99
Fernando Henrique Cardoso Rubens Barbosa, de 11.jun.99 a 31.mar.04
Luiz Inácio Lula da Silva Roberto Abdenur, de 2.abr.04 a 29.jan.07; Antonio Patriota, de 21.fev.07 a 20.out.09; Mauro Vieira, de 11.jan.10 a 31.dez.14
Dilma Rousseff Luiz Alberto Figueiredo, de 7.mai.15 a 5.set.16
Michel Temer Sergio Amaral, de 5.mai.16 a 3.jun.19
Fonte: Itamaraty
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