Descrição de chapéu The Washington Post

Só serei premiê quando encontrarem Elvis em Marte, disse Boris Johnson; veja outras de suas frases

Substituto de Theresa May é conhecido por declarações polêmicas

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Ruby Mellen
Washington Post

Boris Johnson, que vai assumir como primeiro-ministro do Reino Unido, disse um dia que a probabilidade de se tornar líder do país era "mais ou menos tão provável quanto a de encontrar Elvis em Marte, ou de eu reencarnar como azeitona".

Embora Elvis não tenha sido visto em Marte —e seja cedo para dizer que forma Johnson tomará em uma próxima encarnação—, o político de cabelos revoltos foi votado como novo líder britânico na terça-feira (23).

Como primeiro-ministro, Johnson herdará o desafio de conduzir com sucesso o divórcio entre o Reino Unido e a União Europeia e administrar as consequências do brexit quando este for concluído. Além disso, tomará a liderança do Reino Unido em um período de crescentes tensões com o Irã.

De que maneira ele conduzirá tudo isso ainda não está claro. Embora o mundo não saiba que espécie de primeiro-ministro Johnson será, se o passado serve como indicação devemos presumir que ele levará um novo estilo ao número 10 de Downing Street, a residência oficial dos primeiros-ministros britânicos.

Abaixo, algumas das mais memoráveis citações e momentos da carreira política de Johnson:

Quanto a assuntos internacionais

Quando foi secretário do Exterior, Johnson, um sujeito que não é conhecido pelo autocontrole ou tato, costumava divergir fortemente das normas diplomáticas.

Em 2017, em uma visita de Estado a Mianmar, antiga colônia britânica, Johnson foi apanhado por uma câmera recitando "Mandalay", poema de Rudyard Kipling escrito na era colonial, em um dos sítios budistas mais sagrados do país.

Andrew Patrick, então embaixador britânico em Mianmar, ficou tão horrorizado com a coisa que mandou que Johnson parasse. "Isso não é uma boa ideia", disse Patrick.

Dois meses antes de se tornar secretário do Exterior, Johnson havia vencido o concurso do jornal Spectator para escolher o "poema mais ofensivo sobre Erdogan" —o presidente turco Recep Tayyip Erdogan. O versinho de Johnson descreve Erdogan envolvido em um ato sexual com um bode. Ele também se referiu certa vez ao continente da África como "aquele país", em 2016.

Não foi a primeira vez que Johnson enfrentou críticas por suposta insensibilidade racial.

Ao disputar a prefeitura de Londres em 2008, ele foi atacado por chamar crianças negras de "piccaninnies", um termo antiquado e derrogatório, em uma coluna de jornal em 2002.

Falando sobre a indignação causada pelo uso da descrição racial por Johnson, o apresentador de talk show Nihal Afthanayake perguntou a Johnson, durante o debate entre os candidatos a prefeito: "Você está do lado dos étnicos?". Johnson respondeu: "Estou com os étnicos, Nihal. Sou mais étnico que você. Meus filhos são um quarto indianos. Aceita que dói menos [em tradução livre]".

Quanto à Europa

Entusiasmado partidário do brexit, Johnson deixou claros seus sentimentos sobre fazer parte da União Europeia, às vezes recorrendo a metáforas alimentícias para expressar sua desaprovação. Em 2013, falando como prefeito de Londres, Johnson disse que pertencer ao bloco não dava coisa alguma ao Reino Unido.

"Primeiro eles nos fazem pagar pelas oliveiras gregas, muitas das quais provavelmente nem existem, com nossos impostos. Depois dizem que não podemos comer pão com azeite de oliva no restaurante",  afirmou. "Não aderimos ao mercado comum —traindo os neozelandeses e sua manteiga— para que alguém nos dissesse onde, quando e como podemos comer o azeite de oliva que fomos forçados subsidiar."

Ele reiterou esse sentimento um ano mais tarde, quando perguntado que animal a União Europeia deveria ser.

"A União Europeia seria uma lagosta", disse Johnson, "porque, dada a maneira pela qual ela trabalha, a União Europeia encoraja os participantes a pedir lagosta quando saem para jantar, já que sabem que alguém mais pagará a conta —normalmente a Alemanha".

Quanto a mulheres

Johnson criou controvérsias com declarações que muita gente vê como sexistas sobre mulheres. Ao promover o seu Partido Conservador, ele parecia ter uma audiência muito específica em mente.

"Votar nos conservadores fará com que sua mulher tenha seios maiores e aumentará suas chances de ter um BMW M3", disse em 2005, de acordo com o jornal Independent.

Em 2013, quando o primeiro-ministro malásio Najib Razak e Johnson participaram de uma mesa redonda juntos, Razak apontou que 68% dos universitários em seu país eram mulheres.

"Elas precisam encontrar maridos", brincou Johnson.

E, em 2018, ele escreveu uma coluna em que defendia a polêmica proibição ao uso da burca na Dinamarca, na qual descrevia as mulheres que usam esse tipo de traje como "caixas de correio ambulantes", e as comparava a assaltantes de banco.

Tradução de Paulo Migliacci

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.