Contra Netanyahu, sigla árabe anuncia apoio a líder opositor

Deputados da minoria decidem se posicionar pela 1ª vez desde 1992 e recomendam Benny Gantz como premiê

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São Paulo e Jerusalém | Reuters

Em um movimento inesperado, o líder dos 13 deputados árabes recém-eleitos para o Parlamento de Israel anunciou neste domingo (22) que vai recomendar o centrista Benny Gantz para ser o próximo premiê do país.

O apoio tem como objetivo declarado alijar do poder o atual primeiro-ministro, Binyamin Netanyahu, e sua coalizão de centro-direita.

Membros da Lista Árabe Unida (da esq. para dir.) Osama Saadi, Ayman Odeh, Ahmad Tibi e Mansour Abbas se dirigem para uma reunião com o presidente de Israel, Reuven Rivlin - Menahem Kahana - 22.set.2019/AFP

Durante a campanha, o passado militar de Gantz, ex-chefe das Forças Armadas, era um dos empecilhos citados pelo líder dos árabes, Ayman Odeh. Mas o resultado das urnas, que não deu maioria a nenhum dos lados, levaram o grupo a mudar sua posição.

“Nós queremos trazer o fim para a era Netanyahu”, afirmou Odeh.

Esta é a segunda vez na história que partidos árabes, unidos ou separados, sinalizam apoio um a líder israelense.

A primeira ocorreu em 1992 com Yitzhak Rabin, do Partido Trabalhista, que fez campanha pela paz com os palestinos.

Neste ano, o apoio da Lista Árabe Unida, coalizão de quatro partidos de maioria, dá a Gantz 57 deputados na Casa, incluindo outras siglas menores de esquerda.

O atual premiê, por sua vez, tem o apoio de 55 parlamentares, alguns deles de partidos ultraortodoxos.

Após o pleito do último dia 17, os árabes se projetaram como a terceira maior força do Parlamento, atrás apenas do Azul e Branco —sigla de Gantz—, com 33 cadeiras, e do Likud, de Netanyahu, com 31. 

O apoio não significa que a Lista Árabe Unida fará parte da coalizão governista ou se apenas dará suporte a Gantz nas votações. Nenhum partido árabe fez parte de um governo na história do país. 

De qualquer maneira, se Gantz de fato for escolhido como premiê, a expectativa é de que os árabes ganhem mais espaço no Parlamento —a minoria queixa de discriminação na sociedade israelense.

Netanyahu criticou, neste domingo, o apoio a Gantz. Para o primeiro-ministro israelense, o movimento indica uma escolha por um “um governo minoritário que se apoia naqueles que rejeitam Israel como um Estado judeu democrático” ou por um “amplo governo nacional”.

Com a vantagem numérica, Gantz deve receber do presidente israelense Reuven Rivlin a missão de comandar as negociações para a formação do novo governo.

Para ser eleito premiê, porém, é necessário ter o apoio de pelo menos 61 dos 120 deputados da Casa —o que, por ora, nenhum dos blocos tem. 

A aposta é que Gantz busque apoio da sigla nacionalista Israel Nossa Casa, liderada por Avigdor Lieberman. 

No pleito de abril, Lieberman, um antigo aliado e amigo de Netanyahu, já era dado como certo em uma futura coalizão com partidos de direita e ultraortodoxos. 

No meio do caminho, porém, ele endureceu e contrariou os ultraortodoxos. Incapaz de contemporizar, Netanyahu viu sua coalizão afundar, o que o levou a convocar novas eleições, realizadas na última terça (17).

Liebermam e os outros sete deputados do Israel Nossa Casa, agora, se tornaram o fiel da balança, já que sem eles ninguém forma maioria.

Ele tem defendido que a saída do impasse é um governo de união formado pelo seu partido, pelo Likud e pelo Azul e Branco, provavelmente com Gantz e Netanyahu se alternando no poder.

Netanyahu chegou a acenar para o rival que aceitaria debater o tema. Gantz, porém, condicionou a conversa à saída do atual premiê do comando do Likud.

 
 
 
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