Pequim inaugura segundo mega-aeroporto em 11 anos

Maior do mundo, novo terminal tem design futurista e busca desafogar tráfego aéreo

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Vista aérea de aeroporto, que tem cinco pontas e parece uma estrela-do-mar

Daxing, o novo mega-aeroporto de Pequim, custou US$ 11,5 bilhões e levou cinco anos para ser construído Cai Yang/Xinhua

São Paulo

Antes mesmo da inauguração, nesta sexta (20), veio o apelido: estrela-do-mar. É assim que os chineses, incluindo a mídia oficial, se referem ao novo Aeroporto Internacional de Pequim-Daxing.

O terminal principal, com suas cinco pontas —daí o apelido—, contabiliza uma área de 700 mil metros quadrados.

Com estrutura única, é o maior terminal do mundo, se considerarmos que mega- aeroportos costumam ter terminais separados, conectados por trens subterrâneos.

É o caso, por exemplo, do outro gigante de Pequim, o Internacional de Pequim-Capital —conhecido pelo código PEK.

Há 11 anos, quando o terminal 3 do aeroporto foi inaugurado, o regime chinês buscava uma vistosa porta de entrada para a Olimpíada de 2008. Já naquela época as dimensões impressionavam, com área de 986 mil metros quadrados, divididos em três prédios separados.

 

Nem isso, porém, foi capaz de impedir a saturação do aeroporto, projetado para receber um fluxo de 85 milhões de passageiros por ano, mas que hoje movimenta 100 milhões —é o segundo mais movimentado do planeta.

Para comparação, o Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, é o mais movimentado do Brasil, com 42 milhões de passageiros em 2018.

Daxing, o novo, nasce com a meta inicial de 45 milhões de passageiros anuais, chegando a 72 milhões em 2025 e igualando a atual capacidade do Capital em 2040. Somados, os dois superariam o fluxo atual dos seis de Londres, algo condizente com a previsão de que em 2022 a China ultrapassará os EUA e se tornará o maior mercado da aviação.

As curvas sinuosas entregam que este é um projeto da iraquiano-britânica Zaha Hadid (1950-2016), primeira mulher a receber o Pritzker, a maior premiação da arquitetura.

Iniciada em 2014, a construção de Daxing —estimada em US$ 11,5 bilhões, ou R$ 48 bilhões— afetou vivos e mortos.

Operários descobriram durante as escavações do terreno um cemitério datado da dinastia Qing (1636-1912), com tumbas, joias e relíquias. A obra provocou ainda a remoção de 20 mil pessoas e a demolição de 11 vilas do entorno largamente rural.

Localizado ao sul de Pequim, e mais distante do centro da cidade que o atual aeroporto, Daxing espera obter disso uma vantagem.

Enquanto nos EUA os militares controlam cerca de 20% do espaço aéreo, na China esse percentual vai a 70%, o que torna mais restritas as rotas para as companhias aéreas.

Com quatro pistas —que chegarão a sete— multidirecionais, o novo aeroporto pretende reduzir atrasos causados pelo espaço aéreo limitado na região de Pequim. 

Um serviço de trens no subsolo do terminal promete levar os passageiros até o centro em até 20 minutos.

Com a inauguração de Daxing, a China não só inicia as celebrações do 70º aniversário da república comunista, mas também faz aumentar o constrangimento alemão.

Berlim começou a construir um novo aeroporto em 2006. Problemas técnicos, o maior deles envolvendo sistemas de combate a incêndio, causaram sucessivos adiamentos. Inicialmente previsto para 2012, deve abrir em 2020 ao custo de 5,5 bilhões de euros (R$ 25 bilhões).

O aeroporto que os alemães não conseguem terminar há 13 anos, os chineses conseguiram, com o dobro do tamanho, em cinco.

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