Manifestantes de Hong Kong pedem proteção ao Reino Unido

Polícia da ex-colônia britânica reprimiu protestos com gás lacrimogêneo e jatos de água

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Hong Kong | AFP

A polícia de Hong Kong reprimiu protestos, neste domingo (15), usando gás lacrimogêneo e jatos de água contra ativistas que pediam ao Reino Unido para proteger as liberdades de sua antiga colônia.

Milhares de manifestantes pró-democracia ocuparam mais uma vez as ruas do território, apesar da proibição das autoridades locais. 

Alguns cantavam o hino britânico, empunhando bandeiras do Reino Unido e do período colonial de Hong Kong. 

Manifestante em meio a chamas após atirar coquetel molotov durante protesto na região central de Hong Kong
Manifestante em meio a chamas após atirar coquetel molotov durante protesto na região central de Hong Kong - Reuters

Logo que ativistas começaram a se reunir nos bairros centrais de Hong Kong, a polícia proibiu a mobilização. 

Há semanas o território é tomado por enormes manifestações, que exigem mais liberdades democráticas e maior prestação de contas por parte da polícia. 

O movimento é o maior desafio contra o governo chinês desde que o território deixou de ser colônia inglesa, em 1997, e não dá sinais de terminar. 

Devido à Declaração Sino-Britânica, acordo firmado antes que Hong Kong voltasse ao domínio da China, o território é uma região semi-autônoma, governada pelo princípio de "um país, dois sistemas", que garantiu aos cidadãos liberdades inexistentes no restante da China —ao menos até 2047

Mas os ativistas pró-democracia denunciam o retrocesso dessas liberdades e a crescente ingerência de Pequim, por ter recusado a realização de eleições totalmente livres. 

Neste domingo (15), diversos ativistas acusaram Londres de se omitir e não exigir mudanças por parte da China. "A Declaração Sino-Britânica é nula", lia-se em um cartaz. 

Manifestantes pró-democracia reagem no momento em que a polícia usa jatos de água contra eles
Manifestantes pró-democracia reagem no momento em que a polícia usa jatos de água contra eles - AFP

Os honcongueses reivindicaram também a possibilidade de obter a nacionalidade britânica ou de outro país da Commonwealth (a Comunidade Britânica, que reúne antigas colônias britânicas, como a Austrália).

Centenas de honcongueses obtiveram, antes ou depois da anexação do território à China, um passaporte especial emitido por Londres, exclusivo para "cidadãos britânicos fora do país".

O passaporte, chamado de BNO (Nacionalidade Britânica Além-Mar, em inglês), facilita a entrada no Reino Unido, mas não assegura direitos trabalhistas ou de moradia. 

"Pelo menos com a cidadania plena, poderiam proteger os cidadãos hongongueses do governo chinês", declarou Anthony Chau, manifestante que possui um passaporte BNO.  

Cerca de 130 parlamentares britânicos assinaram nesta semana uma carta aberta pedindo que o Reino Unido e demais países da Commonwealth acolham os cidadãos de Hong Kong que desejam emigrar. 

Os protestos e a crise no território começaram em julho, contra um projeto de lei que autorizava a extradição de cidadãos à China continental. 

Pequim acusou diversas vezes outros países, como Inglaterra e Estados Unidos, de financiar as manifestações. A acusação, no entanto, não tem provas. 

O Reino Unido, por sua vez, está em uma situação difícil. Por um lado, é preciso preservar a relação com a potência econômica que é a China, em especial devido ao contexto do brexit. 

Por outro lado, Londres expressou preocupações com a recente escalada de tensões em sua ex-colônia e explicou que tem dever de zelar pela Declaração Sino-Britânica. 

"A Declaração conjunta é um tratado legalmente vinculante entre Reino Unido e China e, hoje, é tão vinculante quanto era há mais de 30 anos, quando foi firmado", sublinhou em junho o porta-voz do Departamento de Relações Exteriores do governo britânico. 

Os ativistas de Hong Kong recentemente intensificaram os esforços para sensibilizar a comunidade internacional e obter apoio de países estrangeiros. 

O ativista Joshua Wong, figura do "movimento dos guarda-chuvas", de 2014, está atualmente nos Estados Unidos. Ele pediu ao presidente Donald Trump, na quinta (12), que inclua a "cláusula de direitos humanos" em qualquer acordo comercial com a China.

Wong foi entrevistado há alguns dias pelo ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Heiko Maas.  

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