O Consórcio Nordeste, grupo composto pelos governos dos nove estados da região e presidido por Rui Costa (PT), governador da Bahia, enviou uma carta ao embaixador da China no Brasil pedindo ajuda do país no combate ao coronavírus.
Segundo o documento, o pedido se dá porque o país asiático "acaba de viver um problema semelhante, do qual saiu vitorioso por meio de uma guerra do povo contra o vírus".
A China vê sua rotina começar a voltar ao normal após conter a pandemia com medidas duras de isolamento social —a crise eclodiu na província de Wuhan em janeiro. Foram 81,3 mil casos de coronavírus no país e 3.253 mortes, até agora.
Os governadores pedem envio de materiais e equipamentos médicos para tratar e impedir a disseminação da Covid-19, com atenção especial a leitos de UTI e respiradores, já que projeções indicariam que "haverá um déficit deste equipamento no momento do pico da epidemia".
O embaixador da China no Brasil, Yang Wanming, respondeu no Twitter a Rui Costa, que falava pelo Consórcio Nordeste, afirmando que a mensagem foi recebida e que iam se "esforçar por isso".
O aceno ocorre em meio a uma crise diplomática com a China, aberta pelo deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) na quarta (18).
O filho do presidente, em sua conta no Twitter, culpou os chineses pela pandemia e comparou as autoridades de Pequim aos responsáveis políticos pelo acidente nuclear de Tchernóbil, na Ucrânia, em 1986, que ocultaram a dimensão dos danos e adotaram medidas emergenciais que causaram um grande número de mortes.
Yang respondeu duramente a Eduardo. "As suas palavras são um insulto maléfico contra a China e o povo chinês", escreveu, completando que exigiria que o deputado pedisse desculpas.
A missão diplomática, depois, adicionou que "quem insiste em atacar e humilhar o povo chinês acaba dando um tiro no seu próprio pé".
No dia seguinte, Eduardo Bolsonaro afirmou que jamais quis ofender o povo chinês e salientou que o embaixador não tinha refutado seus argumentos sobre o surgimento do coronavírus.
No meio da crise diplomática, o vice-presidente Hamilton Mourão disse que o filho de Jair Bolsonaro não falava em nome do governo, enquanto a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, afirmou que a "posição do governo brasileiro é de amizade com a China".
O país é o principal consumidor do agronegócio brasileiro.
O próprio presidente da República reagiu minimizando o problema e dizendo que poderia ligar para o dirigente chinês, Xi Jinping, para resolvê-lo.
Mas, nesta sexta (20), duas faixas com insultos a Xi e a Yang foram afixadas em frente à embaixada do país em Brasília.
As faixas traziam fotos do dirigente e do embaixador chineses com xingamentos em português e inglês. O material tinha também a hashtag “China Lied People Died" (China mentiu, pessoas morreram).
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