Mourão diz que crítica de Eduardo Bolsonaro à China não representa posição do governo

À Folha vice-presidente afirma que Itamaraty está em contato com embaixador chinês

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Brasília

O vice-presidente Hamilton Mourão afirmou nesta quinta-feira (19) que a declaração do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), que criou um constrangimento diplomático na relação entre Brasil e China, não representa a opinião do governo federal.

"O Eduardo Bolsonaro é um deputado. Se o sobrenome dele fosse Eduardo Bananinha não era problema nenhum. Só por causa do sobrenome. Ele não representa o governo", disse à Folha. "Não é a opinião do governo. Ele tem algum cargo no governo?"

O vice-presidente Hamilton Mourão durante cerimônia no Supremo Tribunal Federal, em Brasília
O vice-presidente Hamilton Mourão durante cerimônia no Supremo Tribunal Federal, em Brasília - Pedro Ladeira - 3.fev.20/Folhapress

O general da reserva ressaltou ainda que o ministério das Relações Exteriores já tem feito contatos com o embaixador chinês.

O filho do presidente Jair Bolsonaro comparou nas redes sociais a pandemia do coronavírus ao acidente nuclear de Tchernóbil, na Ucrânia em 1986. As autoridades, à época submetidas a Moscou, ocultaram a dimensão dos danos.

Em resposta, o embaixador da China no Brasil, Yang Wanming, fez duras críticas ao deputado federal.

Segundo ele, as palavras do parlamentar são um "insulto maléfico" contra a China e não condizem com a posição pública que ele ocupa.

Diante do episódio, o núcleo pragmático do Palácio do Planalto, formado pela cúpula militar e pela equipe econômica, tem defendido que o governo federal peça desculpas ao país asiático.

O grupo militar afirma que autoridades brasileiras deveriam entrar, de forma mais discreta, em contato com a missão diplomática para deixar claro que a opinião do filho do presidente não é partilhada pelo Palácio do Planalto.

Interlocutores ouvidos pela Folha consideraram grave e fora da praxe diplomática o tom adotado tanto por Yang quanto pela conta oficial da embaixada da China no Brasil para responder a publicações de Eduardo.

Mourão disse que, até o momento, não teve nenhum dos sintomas do coronavírus, como febre e tosse, e afirmou que seguirá recomendação do ministério da Saúde de só fazer o exame quando forem detectados indícios, para não sobrecarregar o sistema de saúde

"Não tenho sintoma. De acordo com as normas do Ministério da Saúde, se eu aparecer com tosse e febre, eu faço o teste", afirmou.

Bolsonaro realizou seu segundo teste do coronavírus na terça-feira (17). Segundo o próprio presidente, os dois resultados foram negativos.

Na quarta-feira (18), no entanto, os exames de dois ministros deram resltado positivo: Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional) e Bento Albuquerque (Minas e Energia).

Com os dois casos, subiu para 18 o número de integrantes da comitiva presidencial que receberam diagnóstico da doença depois de viajarem aos Estados Unidos.

Na tarde desta quinta, Eduardo disse à rede CNN Brasil que Mourão foi infeliz ao escolher o sobrenome "bananinha", mas que entendeu o seu argumento.

"Eu entendi o que o vice-presidente quis dizer. Ele quis dizer que o meu tuíte está sendo potencializado só por eu ser filho do presidente Jair Bolsonaro. Ele só teve um pouco de infelicidade de escolher o nome bananinha, o que dá margem para alguns tipos de chacota, mas eu não me preocupo com isso", disse o parlamentar.

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