A Procuradoria Federal da Argentina abriu processo nesta sexta-feira (29) contra o ex-presidente Mauricio Macri devido a suspeitas de espionagem realizada por meio da Agência Federal de Inteligência (AFI).
O alvo da ação eram funcionários do governo, empresários, sindicalistas, opositores e artistas.
Junto ao ex-mandatário, foi acusado Gustavo Arribas, que era o titular da agência. Amigo pessoal de Macri, ele já havia sido acusado de receber propina da empreiteira brasileira Odebrecht por uma transação financeira suspeita realizada em seu nome quando vivia em São Paulo e agenciava jogadores de futebol.
A denúncia contra ambos foi apresentada pela atual chefe da AFI, Cristina Caamaño, que afirma terem sido "espionados os e-mails de quase cem pessoas sem que houvesse uma ordem judicial". A lista dos que tiveram a privacidade violada foi entregue à procuradoria.
Entre eles está o apresentador de televisão Marcelo Tinelli, muito conhecido na Argentina e que tem pretensões políticas. Ele é presidente do clube San Lorenzo e influente no mundo do futebol, assim como Macri, ex-presidente do Boca Juniors.
Nas redes sociais, Tinelli se manifestou. "Escutavam meus telefonemas, liam meus e-mails, me apertavam com a Afip [Receita Federal argentina]. Tudo sem ordem judicial".
O promotor do caso, Jorge di Lello, considerou as evidências legítimas e dará seguimento ao processo.
Segundo a procuradoria, foi entregue um arquivo "com rastros digitais que mostram uma conexão entre o sistema de vigilância da agência e os espionados com a finalidade de produzir inteligência ilegal".
Nesta primeira fase do processo, o ex-presidente terá de prestar depoimento, em data a ser determinada.
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