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Apoiador de Trump, policial morto na invasão do Congresso foi militar da Força Aérea

Brian Sicknick, 42, serviu na Arábia Saudita e no Quirguistão, amava seu trabalho e receberá homenagem no Capitólio

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Washington | Reuters

O primeiro grande trabalho de Brian Sicknick, agente morto na invasão do Congresso americano, como integrante do Departamento de Polícia do Capitólio foi a posse do então presidente eleito dos EUA, Barack Obama, em 2009. Ele acabara de assumir o posto, ainda no fim de 2008, realizando um sonho.

“Ele amava o trabalho”, afirmou seu pai, Charles Sicknick, à agência Reuters. “Eu nunca vou superar isso.”

Advogada cria memorial em homenagem a Brian Sicknick, policial do Capitólio morto após invasão
Advogada cria memorial próximo ao Congresso em homenagem a Brian Sicknick, policial do Capitólio morto após invasão - Al Drago/Getty Images/AFP

Mais novo dos três filhos de Charles e nascido em Nova Jersey, o agente era apoiador do atual presidente dos EUA, Donald Trump, contou Charles. Ainda que os pais evitassem tratar de assuntos políticos com o filho, a família falou que o posicionamento do agente nunca interferiu no seu dever de proteger e servir.

“Ele se dava bem com todos porque era um cavalheiro”, disse Charles. Antes de se juntar à polícia do Capitólio, Sicknick fez parte da Força Aérea americana e serviu na Arábia Saudita e no Quirguistão.

O policial do Capitólio morreu aos 42 anos, na noite de quinta-feira (7), um dia após entrar em confronto com apoiadores de Trump que invadiram o Congresso durante uma sessão conjunta para certificar a vitória do democrata Joe Biden como presidente dos EUA.

Enquanto os invasores dominavam a polícia do local, Sicknick foi atingido por jatos de spray de pimenta e levou uma pancada na cabeça, segundo afirmou seu pai. A equipe médica que o socorreu precisou ressucitá-lo duas vezes a caminho do hospital em Washington. “Ele acabou formando um coágulo no cérebro”, disse Charles. “Se fosse operado, acabaria em estado vegetativo.”

Brian Sicknick, policial do Capitólio morto após invasão do Congresso por apoiadores de Trump
Brian Sicknick, policial do Capitólio morto após invasão do Congresso por apoiadores de Trump - Polícia do Capitólio dos EUA/Reuters

Após a morte, investigada como um homicídio pela Polícia Metropolitana de Washington, com assistência do FBI, a polícia federal americana, o vice-presidente Mike Pence e a presidente da Câmara dos Deputados dos EUA, Nancy Pelosi, ligaram para a família para prestar solidariedade.

No telefonema, Pelosi os convidou para ir ao Congresso e escolher um local para colocar a placa que será feita em homenagem a Sicknick, o sexto policial do Capitólio a morrer durante o serviço. Segundo Charles, haverá um funeral no local.

O agente deve ainda ter honras póstumas e um enterro simbólico no Cemitério Nacional de Arlington, tradicional cemitério militar americano, apesar de a família pretender cremá-lo. O pedido da homenagem foi feito neste sábado (9) por Elissa Slotkin, membro do Congresso Estadual de Michigan.

Slotkin disse que Sicknick manteve o juramento que fez nas Forças Armadas de proteger e defender a Constituição e que ele e sua família deveriam ser reconhecidos por tudo o que ele fez pelo país.

Houve ainda uma campanha virtual de arrecadação de fundos para auxiliar a família do policial que atingiu a meta de US$ 250 mil (R$ 1,35 milhão) em menos de 24 horas.

Trump ainda não se pronunciou publicamente sobre a morte do agente ou das outras quatro pessoas que morreram durante a invasão. O prefeito de South River, John Krenzel, cidade natal de Sicknick, disse que “sua morte foi um desperdício”. “É uma tragédia.”

“Se algo de bom resultar da morte do meu filho, eu espero apenas que seja o fim dessa loucura que vem acontecendo nesse país”, afirmou Charles, que completa 82 anos no próximo mês e vê a morte do caçula como uma quebra da ordem da vida. “Eu deveria morrer primeiro, não meu filho.”

Sicknick deixa seus pais, dois irmãos mais velhos e a namorada, com quem estava junto havia 11 anos.

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