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Negar o Holocausto é violentar mais uma vez os sobreviventes

Somos responsáveis por não deixar que suas vozes sejam silenciadas

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Yossi Shelley

Embaixador de Israel no Brasil

Neste 27 de janeiro, lembramos o Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto. Esta data foi escolhida por resolução da Assembleia Geral das Nações Unidas em 2005, em razão da libertação pelas tropas soviéticas em 1945 dos prisioneiros de Auschwitz, o maior campo de extermínio nazista localizado no sul da Polônia.

A data marca não só a memória dos 6 milhões de judeus assassinados, mas de todas as vítimas deste vergonhoso capítulo da história humana. É preciso falar da importância da data, principalmente quando no presente ainda vivenciamos episódios de antissemitismo, racismo e outras formas de intolerância por todo o mundo.

Corredor no campo de concentração de Auschwitz, na Polônia - Kacper Pempel - 25.jan.21/Reuters

Como judeu, é meu dever jamais esquecer e nunca permitir o silêncio em situações em que a veracidade da nossa história seja colocada à prova. Negar o Holocausto, além de ser uma tentativa imoral de apagamento e distorção dos fatos, é também uma forma de violentar mais uma vez os sobreviventes. É inaceitável e deve ser firmemente combatido. A cada ano, o número de judeus sobreviventes diminui, é nossa responsabilidade não deixar que suas vozes sejam silenciadas e o testemunho de quem viveu o horror seja esquecido.

Passados 76 anos desde a libertação de Auschwitz, ainda há muito o que ser dito e lembrado sobre o Holocausto. Há pesquisas que indicam que o número de jovens que desconhecem o assunto vem aumentando —isso é extremamente preocupante. É um compromisso humano seguir educando sobre o Holocausto para que nunca mais algo tão tenebroso volte a acontecer.

Em Israel, lembrar o Holocausto é parte da nossa vivência como sociedade. Em nosso calendário judaico celebramos anualmente o Yom HaShoá VehaGvurá (Dia do Holocausto e do Heroísmo), um importante feriado nacional para recordar o genocídio dos 6 milhões de judeus e celebrar o ato de heroísmo de todos os judeus que lutaram contra as tropas nazistas.

Neste dia, às 10h, sirenes soam por todo o país e todos permanecem parados em silêncio por dois minutos. Temos também o Yad Vashem, o maior e mais completo memorial do mundo dedicado a contar sobre o Holocausto. Sua importância pode ser medida pelo número de autoridades, pesquisadores, estudantes e pessoas de todo o mundo que visitam o espaço em busca de um melhor conhecimento sobre o tema.

Como israelense, tenho muito orgulho da história do meu país. Com a sua independência assinada em 14 maio de 1948, o Estado de Israel se tornou oficialmente uma nação para o povo judeu, onde não mais seremos expulsos, perseguidos e mortos pelo único fato de sermos judeus.

Hoje, somos a oitava potência mundial, um feito único considerando que temos apenas 72 anos de fundação e tivemos que lidar com inúmeras adversidades ao longo de nossa existência. Não esquecer a nossa história de séculos de perseguições e massacres nos impulsiona a sermos um país forte que encara seus desafios de frente.

Recentemente, acompanhamos com entusiasmo os acordos históricos de paz e restabelecimento das relações diplomáticas com os Emirados Árabes Unidos, Bahrein, Sudão e o Marrocos —são uma prova de que com respeito e diálogo podemos escrever juntos um promissor capítulo de nossa história.

Para manter o contínuo processo de paz, o mundo deve saber que o regime iraniano e seus representantes estão constantemente espalhando o terror e negando ao Estado de Israel seu direito de existir. O povo judeu vive sob a ameaça de destruição do regime do Irã, o que nos obriga a estar preparados para nos defendermos.

Nós prometemos que nunca deixaríamos a humanidade repetir o horror do Holocausto novamente. E parar o regime iraniano é uma das formas de fazer isso.

Israel e outros países do Oriente Médio desejam um futuro melhor. Esse é nosso jeito de honrar a memória das vítimas do Holocausto e suas famílias.

Nós lembramos!

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