Israel e Marrocos concordam em normalizar relações em acordo mediado pelos EUA

Trata-se do quarto país árabe a deixar de lado hostilidades com israelenses nos últimos quatro meses

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Washington | Reuters

Israel e Marrocos concordaram, nesta quinta-feira (10), em normalizar as relações em um acordo mediado pelo governo dos Estados Unidos, tornando o Marrocos o quarto país árabe a deixar de lado as hostilidades com Israel nos últimos quatro meses —Emirados Árabes Unidos, Bahrein e Sudão também assinaram acordos com os israelenses.

Como parte do trato, o presidente americano, Donald Trump, aceitou reconhecer a soberania do Marrocos sobre o Saara Ocidental, onde houve uma disputa territorial de décadas contra a Argélia.

O tratado prevê que o Marrocos estabelecerá relações diplomáticas plenas e retomará contatos oficiais com Israel, além de permitir voos de e para o território israelense.

Da esq. para dir.: Binyamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel; Donald Trump, presidente dos EUA; e Mohammed 6º, rei dos Marrocos - AFP

"Eles vão reabrir seus escritórios de ligação em Rabat e Tel Aviv [capitais de Marrocos e Israel, respectivamente] imediatamente com a intenção de abrir embaixadas. E vão promover a cooperação econômica entre empresas israelenses e marroquinas", disse o assessor da Casa Branca e genro de Trump, Jared Kushner, à agência de notícias Reuters.

Segundo ele, o presidente americano selou o acordo entre os dois países nesta quinta-feira em um telefonema com o rei marroquino, Mohammed 6º.

Funcionários do governo do Marrocos, no entanto, evitaram se comprometer com a reabertura de representações diplimáticas, como anunciaram os americanos.

"A luz da paz deste dia de Chanuca nunca foi tão brilhante quanto hoje no Oriente Médio", disse o primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, em referência ao feriado judaico de oito dias que começa a ser celebrado no pôr-do-sol desta quinta.

Kushner disse também que, depois do Marrocos, a aproximação e a completa normalização das relações entre Israel e Arábia Saudita são "inevitáveis". A Casa Branca tem tentado fazer com que o reino liderado pelo príncipe herdeiro Mohammed bin Salman também assine um acordo com Israel.

A aposta do governo americano é que o país seria seguido por outras nações árabes, mas os sauditas têm sinalizado que ainda não estão prontos para deixar de lado as hostilidades com os israelenses.

"Hoje houve outro histórico avanço! Nossos dois grandes amigos Israel e o reino do Marrocos concordaram em ter relações diplomáticas plenas, uma grande conquista para a paz no Oriente Médio!", celebrou Trump no Twitter.

Com o republicano prestes a deixar a Casa Branca, o acordo com o Marrocos será um dos últimos de sua equipe, liderada por Kushner e Avi Berkowitz, enviado americano ao Oriente Médio, antes de dar lugar ao presidente eleito Joe Biden.

A sequência de negociações mediadas pelos EUA foram celebradas por Trump como vitórias da política externa americana. Os Emirados Árabes Unidos tornaram-se o terceiro país da região, além de Egito e Jordânia, a concordar em estabelecer relações diplomáticas com Tel Aviv, em agosto.

Menos de um mês depois, em 11 de setembro, foi a vez do Bahrein reconhecer o Estado judaico.

“Estamos aqui para fazer história”, disse Trump na sacada da Casa Branca, decorada com bandeiras de EUA, Israel, Emirados Árabes e Bahrein, durante cerimônia de assinatura do acordo.

“Esse é um grande passo para que pessoas de todos credos e origens possam viver juntas em paz e prosperidade. "Eles vão trabalhar juntos, porque agora são amigos.”

Em outubro, a poucos dias da eleição presidencial em que acabou derrotado, Trump anunciou tratado semelhante entre Israel e Sudão. Os pactos fazem parte do que o republicano chama de Acordo do Século, plano para tentar acabar com décadas de conflito no Oriente Médio, mas visto como pró-Israel, já que desconsidera diversas reivindicações palestinas. ​

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