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Onda de frio mantém 3 milhões sem energia no Texas e afeta produção de petróleo

Autoridades emitem alertas para tempestade, que deve afetar até 100 milhões de pessoas na área central do país

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Houston e Austin | Reuters e AFP

O sul dos Estados Unidos segue enfrentando problemas por conta de uma forte onda de frio, que gerou uma ampla falta de energia. Nesta quarta (17), cerca de 3 milhões de residências e empresas estavam no escuro, segundo o site PowerOutage. No dia anterior, eram cerca de 4 milhões. A maioria dos atingidos, 2,9 milhões de pontos de consumo, está no Texas, que tem 29 milhões de habitantes.

O NWS (Serviço Nacional de Meteorologia) disse que a queda de neve deveria parar por volta do meio-dia no norte do Texas, mas que as baixas temperaturas, entre -6º e 1ºC, devem seguir por mais alguns dias em toda a região.

Boneco de neve decorado com colar e garrafa em referência à festa de carnaval Mardi Gras, em Forth Worth, no Texas - Ron Jenkins - 16.fev.21/AFP

A entidade emitiu alertas, pois a tempestade deve seguir na direção da Virgínia e da Carolina do Norte na noite desta quarta e afetar, ao todo, até 100 milhões de pessoas na área central do país. Além do Texas, estados como Louisiana, Arkansas e Mississippi deverão ter grandes acúmulos de gelo, o que dificulta a circulação nas ruas e estradas.

Até agora, ao menos 21 pessoas morreram no país por conta desta onda de frio —a maioria por acidentes nas vias ou em tentativas de se aquecer. Em Houston, uma mulher e uma criança morreram por intoxicação por monóxido de carbono. Elas entraram em um carro, com motor ligado, dentro de uma garagem, em busca de calor.

Laura Nowell, 45, tem quatro filhos, mora em Waco, no interior do Texas, e está sem eletricidade desde segunda (15). Para se manter aquecida, tem buscado correr dentro de casa e ficar dentro do carro, por curtos períodos. "Nós nunca tivemos tanto frio. Há gelo em todo lugar", disse ela, à agência Reuters.

Nem o governo local nem as empresas dão previsões claras sobre a volta da energia. Há a expectativa de que os sistemas voltem a funcionar até o fim da semana. A companhia Ercot, que opera no Texas, disse que está fazendo rodízios controlados para dar conta da alta demanda.

Tempestades de neve são raras no Texas. Por conta disso, suas companhias não estavam preparadas para lidar com frio extremo, e a produção energética acabou prejudicada em um momento de alta demanda, pelo uso de aquecedores domésticos.

Em Austin, uma das áreas mais atingidas pela falta de energia, foram criados "centros de aquecimento" em escolas, para que as pessoas pudessem buscar abrigo caso suas casas estejam frias demais.

A falta de energia afeta a produção de petróleo e derivados, setor forte no sul do país. Cerca de um quinto de todas as refinarias dos EUA está fora de operação. Houve queda também na extração de petróleo —de 1 milhão de barris por dia— e de gás natural. O gás responde por 50% da geração de energia elétrica do Texas.

Especialistas apontam que levará alguns dias para que os equipamentos do setor de energia possam ser religados, pois será preciso fazer avaliações e eventuais reparos. O mau tempo também levou ao fechamento de portos, incluindo Houston e Galveston, o que trava as cadeias de suprimentos.

O Texas é o único estado continental dos Estados Unidos que tem uma rede de energia própria, desconectada dos vizinhos, o que impede manobras para enviar rapidamente energia de outros estados.

A crise gerada pelo frio fez o presidente Joe Biden declarar emergência na segunda-feira e liberar assistência federal para o Texas e outros estados que enfrentem problemas por conta da nevasca.

A temperatura abaixo da média também gera problemas em campos de imigrantes no México, perto da fronteira. Estrangeiros que esperam a resposta para pedidos de asilo nos EUA relatam que estão sofrendo com as baixas temperaturas, porque as tendas não são aquecidas e a maioria deles não possui roupas adequadas.

"Tudo congelou. A água com que cozinhamos, até as roupas ficaram duras de gelo", conta Roberto Manuel, 43, que veio da Nicarágua e está em um campo em Matamoros, ao lado da fronteira, com outros cerca de mil estrangeiros. No México, ao menos seis pessoas já morreram por conta do frio, sendo quatro delas em Monterrey.

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