Em 1ª conversa com ministro chinês, novo chanceler discute cooperação para insumos de vacina

Postura em relação à China foi principal motivo de desgaste do ex-ministro Ernesto Araújo

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Brasília

O novo ministro das Relações Exteriores, Carlos França, conversou, na noite desta sexta-feira (9), com o ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi. Trata-se da primeira conversa de França com o chefe da diplomacia da China, um dos principais fornecedores de insumos para vacinas contra a Covid-19 e país que esteve no centro do processo de fritura que culminou na demissão do ex-chanceler Ernesto Araújo.

Segundo o Itamaraty, os ministros "concordaram na urgência do combate à pandemia e da cooperação em vacinas, IFAs [ingrediente farmacêutico ativo] e medicamentos". "Autoridades dos dois países estão em contato permanente para agilizar as remessas, essenciais para salvar vidas", afirma o ministério, em nota. ​

O ministro das Relações Exteriores, Embaixador Carlos França, em discurso de posse
O ministro das Relações Exteriores, Embaixador Carlos França, em discurso de posse - Marcos Corrêa - 6.abr.21/Divulgação Presidência da República

"Trataram também das promissoras perspectivas em comércio e investimentos. Conversaram sobre a evolução positiva do relacionamento sino-brasileiro e os números crescentes do comércio —recorde de US$ 102,6 bilhões [R$ 583 bilhões] em 2020".

De acordo com interlocutores, França e Wang abordaram ainda o pedido feito pelo governo brasileiro em março para o envio de 30 milhões de doses da vacina fabricada pela empresa Sinopharm. Autoridades brasileiras dizem acreditar que o lote poderá ser enviado ao Brasil até o fim do ano.

Segundo relatos, Wang afirmou que cooperaria com o pleito brasileiro de tentar viabilizar a venda.

Em seu discurso de posse, na terça (6), França prometeu engajar o Itamaraty numa “verdadeira diplomacia da saúde”. Ele destacou que, "em diferentes partes do mundo, serão crescentes os contatos com governos e laboratórios para mapear as vacinas disponíveis. São aportes da frente externa que devemos trazer para o esforço interno de combate à pandemia. Aportes que não bastam em si, mas que podem ser decisivos."

O primeiro pronunciamento de França à frente do Itamaraty contrastou com as declarações do ex-chanceler Ernesto Araújo. Expoente da ala ideológica, o ex-ministro costumava utilizar seus discursos para defender o combate do comunismo, além de ter acumulado um histórico de ataques à China.

A principal crítica ao ex-titular do Itamaraty foi seu histórico de rixas com país asiático, um dos principais fornecedores de insumos para imunizantes e de medicamentos no mercado internacional. ​​

Ministro de Relações Exteriores da China, Wang Yi, durante uma conferência na Rússia em março de 2021
Ministro dos Negócios Estrangeiros da China, Wang Yi, durante uma conferência na Rússia em março de 2021 - Reuters

Uma das maiores preocupações da nova gestão no Itamaraty é tentar manter um fluxo de matérias-primas que garanta o cronograma de produção de imunizantes do Instituto Butantan —que fabrica no Brasil a Coronavac— e da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) —responsável por produzir doses da AstraZeneca.

O Butantan, por exemplo, está com o envase da Coronavac paralisado enquanto espera por mais IFA. O envase já havia sido paralisado em outros momentos. A entrega da matéria-prima era esperada para essa semana, mas houve um atraso, e o Butantan conta com a chegada para a próxima semana.​

Apesar do adiamento no recebimento da matéria-prima, o instituto afirma que o cronograma de entrega de doses não será afetado.

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