Ministro de Israel sugere que Hamas ama Biden após EUA suspenderem envio de bombas

Dupla de extremistas no governo Netanyahu, embaixador do país na ONU e Donald Trump criticam decisão do presidente

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São Paulo

O ministro da Segurança Nacional de Israel, Itamar Ben-Gvir, sugeriu que o grupo terrorista Hamas ama o presidente americano, Joe Biden. A manifestação ocorreu após os EUA suspenderem o envio de 3.500 bombas a Tel Aviv e após o presidente ameaçar suspender outros pacotes de ajuda militar se for concretizada a invasão de Rafah, cidade superlotada de deslocados internos no sul da Faixa de Gaza.

Um dos políticos mais extremistas do gabinete do premiê direitista Binyamin Netanyahu, Ben-Gvir publicou um emoji de coração entre as palavras Hamas e Biden em sua conta na rede social X nesta quinta-feira (9).

Ben-Gvir é o principal dirigente do partido radical Otzmá Yehudit (Força Judaica, em hebraico). Na guerra, o ministro tem pressionado o governo por ações mais duras contra o Hamas. Em outubro, por exemplo, insistiu que, enquanto a facção não libertasse os reféns, "nem um grama de ajuda humanitária" deveria entrar em Gaza —só "centenas de toneladas de explosivos da Força Aérea".

A crítica a Biden no X ocorre após o presidente americano dizer à rede de TV CNN que armas entregues a Israel pelos EUA vêm sendo usadas para matar civis e que Tel Aviv não terá o apoio de Washington se invadir Rafah, que atualmente concentra quase 1,5 milhão dos pouco mais de 2 milhões de habitantes de Gaza.

Outro ministro extremista de Israel, Bezalel Smotrich (Finanças), afirmou que Tel Aviv vai vencer a guerra "apesar da resistência de Biden". "Simplesmente não temos escolha, pois esta guerra é existencial e qualquer coisa que não seja uma vitória completa colocará a existência do Estado judeu em perigo", disse.

Yair Lapid, ex-premiê e principal nome da oposição ao governo atual, pediu a saída do ministro extremista após a publicação. "Se Netanyahu não demitir Ben-Gvir hoje, estará pondo em perigo todos os soldados do Exército e todos os cidadãos do Estado de Israel", escreveu.

O presidente israelense, Isaac Herzog, também mencionou o assunto, ainda que de forma indireta, durante um evento que celebrava a vitória dos Aliados sobre a Alemanha nazista na Segunda Guerra Mundial.

"Mesmo quando há discordâncias e momentos de desapontamento entre amigos e aliados, as disputas devem ser resolvidas de uma certa maneira", afirmou. "É incumbência de todos nós evitar declarações e publicações infundadas, irresponsáveis e insultuosas que prejudicam a segurança nacional e os interesses do Estado de Israel."

Palestino foge de Rafah depois que de operação de Israel na parte leste da cidade - Mohammed Salem/Reuters

Já o embaixador de Israel na ONU, Gilad Erdan, criticou Biden. "É uma declaração difícil e muito decepcionante por parte de um presidente ao qual temos sido gratos desde o início da guerra", disse Erdan à rádio pública israelense. Para ele, qualquer restrição a Israel "dá esperança aos inimigos". "No final, o Estado de Israel fará o que acredita ser necessário pela segurança de seus cidadãos", acrescentou.

Biden também foi criticado nesta quinta pelo seu principal adversário, o ex-presidente Donald Trump, que o acusou de "estar do lado" do Hamas e chamou de desgraça as ameaças do democrata. "O que Biden está fazendo com Israel é uma vergonha. Ele abandonou completamente Israel".

Trump declarou ainda, em sua plataforma, a Truth Social, que "Biden é fraco, corrupto e está levando o mundo direto para a Terceira Guerra Mundial", acrescentou, afirmando que, se vencer a eleição em novembro, "exigirá a paz por meio da força".

Com Reuters e AFP

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