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Premiê da Suécia renuncia após perder voto de confiança no Parlamento

Governo de Stefan Löfven demorou meses para adotar medidas de restrição contra a Covid

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Estocolmo e São Paulo | AFP

O primeiro-ministro da Suécia, Stefan Löfven, apresentou sua renúncia nesta segunda-feira (18), uma semana após ter sido derrotado em uma moção de censura no Parlamento. Com o gesto, ele descartou a convocação de eleições antecipadas, e os partidos terão de chegar a um acordo para formar um novo governo.

"A um ano das eleições regulares, levando-se em consideração a situação excepcional em que o país se encontra, com uma pandemia e os desafios que isto representaria, eleição antecipada não é o melhor para a Suécia", declarou Löfven em uma entrevista coletiva.

Stefan Löfven, premiê da Suécia, durante entrevista coletiva em Estocolmo - Anders Wiklund - 21.jun.21/AFP

Löfven, 63, é um ex-soldador que começou a carreira política como e líder sindical.

Depois de oito anos de governos de direita, ele levou a esquerda sueca de volta ao poder em 2014 e conseguiu se manter no cargo depois das eleições de 2018 ao aproximar seu partido da centro-direita.

Só que esse movimento acabou por levar o Partido da Esquerda a retirar o seu apoio a Löfven, o que acabou contribuindo para que ele perdesse a votação da semana passada no Parlamento.

O premiê, no entanto, disse estar disposto a retornar ao cargo, se houver acordo entre os partidos para isso. Ele segue no poder, de forma interina, até que haja um pacto para formar um novo governo. O processo pode demorar, pois o presidente da Casa, Andreas Norlen, deve consultar cada partido antes de propor um novo chefe de governo.

Para ser escolhido, um líder parlamentar precisa do apoio de 175 legisladores. A atual composição do Parlamento, porém, não ajuda a chegar facilmente a uma maioria. O governo de Löfven, por exemplo, era minoria na Casa e o premiê dependia do apoio de siglas de fora de sua coalizão para se manter no cargo.

Caso o objetivo não seja alcançado, será necessário voltar a considerar a possibilidade de realizar eleições antecipadas. Seria a primeira vez no país desde 1958.

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De acordo com uma pesquisa recente do instituto Ipsos, direita e ultradireita alcançariam uma leve maioria parlamentar em uma eleição geral. Mas não está claro se isso resolveria os atuais problemas.

Isso porque depois do último pleito, há três anos, uma parte da centro-direita se recusou a abrir negociação com a direita radical para a formação de um governo.

A moção de censura contra Löfven foi apresentada exatamente pela principal sigla de ultradireita do país, o Partido Democratas Suecos. A iniciativa foi tomada depois que o Partido da Esquerda anunciou que poderia apresentar uma medida similar, em protesto contra uma proposta para reduzir o controle do valor dos aluguéis. Pelo plano, os donos de imóveis poderiam fixar livremente o preço das mensalidades, algo que a esquerda considera uma ameaça aos direitos dos inquilinos.

O conservador Partido Moderado e os Democratas-Cristãos apoiaram a moção, aprovada por 181 votos, do total de 349. Foi a primeira vez que um premiê sueco perdeu uma votação do tipo.

No começo da pandemia, a Suécia virou notícia porque o governo evitou impor medidas mais restritivas, como bloqueios e obrigatoriedade do uso de máscaras, enquanto a maior parte do mundo adotava ações incisivas para conter a propagação do vírus. A resposta inicial à Covid-19 foi pautada mais por medidas voluntárias e recomendações à população. Essa ação gerou críticas internas e externas ao governo de Löfven.

No entanto, houve mudança de postura no final de 2020, após forte alta no número de casos, e o país aderiu às medidas de distanciamento social, como o fechamento de comércios e a proibição da venda de bebidas alcoólicas à noite. Desde o começo da crise, o país teve 1,09 milhão de infectados e 14 mil mortes pela doença, em uma população de 10,2 milhões.

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