Após renúncia, premiê da Suécia volta ao cargo em vitória no Parlamento

Por dois votos, oposição não consegue barrar retorno de Stefan Löfven ao comando do país

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Estocolmo | Reuters e AFP

O líder social-democrata Stefan Löfven foi reeleito primeiro-ministro da Suécia pelo Parlamento nesta quarta-feira (7), encerrando semanas turbulentas que levaram à sua renúncia no fim de junho.

O apoio à volta de Löfven, no entanto, teve o voto de apenas 116 dos 349 assentos, e ele só saiu vitorioso por não haver uma maioria absoluta contrária ao retorno. A oposição precisava de 175 votos, mas reuniu 173, sendo que um parlamentar foi contra o partido e apoiou o premiê. Houve ainda 60 abstenções.

Stefan Löfven, reeleito premiê da Suécia, fala durante entrevista coletiva após sessão do Parlamento
Stefan Löfven, reeleito premiê da Suécia, fala durante entrevista coletiva após sessão do Parlamento - Christine Olsson/TT News Agency/AFP

O baixo apoio ainda mantém a situação instável. Löfven, que havia deixado o cargo após ser derrotado em uma moção de censura em 21 de junho, precisa aprovar o orçamento e disse que renunciaria novamente se não conseguir a chancela da Casa em votação no outono do hemisfério Norte, primavera no Brasil.

“Sou o primeiro a admitir que não será fácil”, afirmou, em entrevista coletiva. “Mas também sou o primeiro a dizer: agora todos temos que contribuir. Ninguém pode ter tudo, mas todos podem conseguir algo.”

Para o cientista político da Universidade Gotemburgo Jonas Hinnfors, a crise, neste momento, acabou. “A oposição pode se sentir mais forte, já que eles mostraram o quão frágil é a maioria para o governo, mas, por outro lado, também é evidente que os partidos de centro-direita não comandam essa maioria.”

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A crise na Suécia começou com a apresentação de uma proposta para reduzir o controle do valor dos aluguéis. Pelo plano, os donos de imóveis poderiam fixar livremente o preço das mensalidades, algo que a esquerda considera uma ameaça aos direitos dos inquilinos.

Descontente, o Partido da Esquerda anunciou que poderia apresentar uma moção de censura contra Löfven, o que acabou sendo feito pela principal sigla de ultradireita do país, o Partido Democratas Suecos.

O conservador Partido Moderado e os Democratas-Cristãos apoiaram a moção, aprovada por 181 votos, do total de 349. Foi a primeira vez que um premiê sueco perdeu uma votação do tipo.

Com a moção de censura aprovada, Löfven optou pela renúncia, evitando assim a convocação de eleições antecipadas. O pleito está marcado para setembro de 2022, mas o líder do Democratas Suecos, Jimmie Akesson, defende que a votação ocorra antes. “Foram sete anos perdidos, de fracassos”, afirmou em discurso no Parlamento. “A melhor coisa seria que a nova situação política fosse testada em uma eleição antecipada. É a única maneira de desatar os nós políticos deste país.”

A crise minou o centro do espectro político, mas o Partido de Esquerda e os ultradireitistas parecem ter emergido encorajados. A confiança na sigla esquerdista aumentou nas pesquisas desde a retirada do apoio a Löfven. Enquanto isso, o Democratas Suecos ajudou a derrubar o governo, embora apenas temporariamente, e promoveu laços mais estreitos com outros partidos de direita depois de serem tratados como párias políticos por muito tempo.

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