Após ataques à Argentina, Bolsonaro diz a embaixador que só há rivalidade no futebol

Presidente tem citado o país vizinho como exemplo de perigo da volta da esquerda ao poder

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Brasília

Dias após fazer ataques ao governo argentino, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) se reuniu com o embaixador do país vizinho no Brasil, Daniel Scioli, e disse que a rivalidade só existe no futebol.

"Torcemos muito pela Argentina. Conte com a nossa boa vontade. Rivalidade apenas no futebol", disse Bolsonaro nesta terça-feira (10). Ele participou de celebração do primeiro ano de Scioli como representante do governo de Alberto Fernández no Brasil.

Jair Bolsonaro durante apresentação no Congresso da proposta do novo Bolsa Família
Jair Bolsonaro durante apresentação no Congresso da proposta do novo Bolsa Família - Divulgação Presidência da República

Bolsonaro tem citado a Argentina em discursos sobre suposto perigo da volta da esquerda ao poder. No último dia 2, o mandatário afirmou que a elite argentina está deixando o país. "Daqui a pouco sai a classe média e depois os pobres, como na Venezuela", afirmou.

O encontro com Scioli não estava registrado na agenda de Bolsonaro e foi divulgado pelo embaixador, nas redes sociais. Em vídeo, o diplomata agradeceu pelo apoio do governo brasileiro em negociações como a com o FMI (Fundo Monetário Internacional).

Na mesma gravação, o presidente brasileiro fala em "fazer de tudo para que as crises sejam superadas". "O que mais interessa hoje: parabéns, felicidades, e nossos cumprimentos ao governo argentino", disse Bolsonaro a Scioli.

Bolsonaro também recebeu nesta terça o ex-prefeito do Rio de Janeiro e bispo licenciado na Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) Marcelo Crivella (Republicanos). O presidente encaminhou em junho ao governo da África do Sul o nome de Crivella para o posto de embaixador do Brasil no país, no momento em que a Universal enfrenta problemas no continente africano, especialmente em Angola.

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Na semana passada, o presidente citou a Argentina em discursos marcados pela retórica anticomunista. "Escolhas erradas, populista, demagógicas. Vendendo ilusão. Prometendo paraíso. Dividir riqueza e renda. Alguém conhece algum empresário socialista? Algum empreendedor comunista?", disse ele sobre os países governados pela esquerda.

No último dia 2, Bolsonaro também disse que a imprensa está "se acabando" na Argentina. "Em 2019 estive lá. Falei o que ia acontecer se a turma do Foro de São Paulo voltasse a comandar o país. Não deu outra", afirmou.

O presidente ainda criticou, no mesmo dia, políticas econômicas de Fernández. "Querem que se aumente carga tributária, que se tabele preços, como a Argentina fez com a carne. Não só faltou no mercado, como subiu de preço", disse.

Bolsonaro e Fernandéz chegaram a evitar diálogos nas primeiras semanas de gestão do argentino, em 2019. O peronista foi eleito para comandar o maior parceiro comercial do Brasil na América Latina.

À época, o líder brasileiro fez campanha para Mauricio Macri, presidente que buscava a reeleição. Após o pleito, Bolsonaro afirmou que não cumprimentaria Fernández e criticou o "retorno do kirchnerismo" ao país vizinho, o que identificou como uma guinada de rumo da Argentina "em direção à Venezuela".

Além do mais, Bolsonaro não compareceu à posse de Fernández em Buenos Aires e enviou o vice-presidente Hamilton Mourão como representante do Brasil.

A nomeação de Scioli —ex-candidato a presidente e ex-governador de Buenos Aires— foi avaliada à época como um sinal de que o governo argentino considera prioritário manter relações amistosas com o Brasil, mesmo diante das diferenças ideológicas entre os dois presidentes.

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