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Ato em memória a Allende e contra ditadura no Chile termina em confronto com a polícia

Regime militar violento comandou país após golpe em um 11 de setembro há 48 anos

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Santiago (Chile) | AFP

Milhares de pessoas marcharam pela capital chilena neste sábado para marcar um outro 11 de setembro: os 48 anos do golpe que depôs o presidente socialista eleito Salvador Allende, o que culminou na ditadura militar comandada por Augusto Pinochet, uma das mais violentas da América Latina.

Em meio à agitação política no Chile, porém, com a Convenção Constituinte discutindo uma nova Carta e a proximidade das eleições presidenciais, os atos terminaram com depredações e confronto com a polícia.

Manifestantes protestam contra a ditadura militar no Chile em ato que marca os 48 anos do golpe - Martin Bernetti/AFP

Os manifestantes carregaram bandeiras do Chile e de legendas de esquerda, como o Partido Comunista, e marcharam nos arredores do Palácio de La Moneda, a sede da Presidência, que foi bombardeada no dia do golpe. Os chilenos também levaram flores para o monumento a Allende, que se suicidou naquela data.

O governo democrático deu lugar então a uma das ditaduras mais sanguinárias da região, liderada por Pinochet durante 17 anos, na qual mais de 3.200 pessoas foram mortas ou desapareceram, e cerca de 40 mil sofreram torturas, de acordo com dados oficiais.

No ano passado, documentos publicados pela National Security Archive, uma organização não governamental com sede em Washington (EUA), mostraram que o então presidente dos EUA, Richard Nixon, deu ordem para derrubar Allende. O conjunto de relatórios, denominado "A Opção Extrema: Derrubar Allende", é o anexo de um estudo de segurança nacional que analisou vantagens e desvantagens de um golpe militar apoiado pelo governo americano no Chile. Livro publicado neste ano pelo jornalista Roberto Simon mostrou que a ditadura militar brasileira também atuou na deposição do presidente chileno.

“É um 11 de setembro doloroso, porque voltamos a viver violações dos direitos humanos, mas também é esperançoso, porque todo o Chile e o mundo fazem atos de recordação para que essas violações nunca mais ocorram”, disse Lorena Pizarro, presidente da Associação dos Parentes de Desaparecidos do Chile.

Durante a marcha, que percorreu a alameda Libertador Bernardo O'Higgins, a principal avenida de Santiago, houve depredação de pontos de transporte público e saques a lojas. A polícia reagiu.

No Cemitério Geral, ponto final da peregrinação que acontece todos os anos, houve mais confrontos com os policiais, que dispersaram a multidão com jatos d'água e gás lacrimogêneo e prenderam pelo menos seis pessoas. O Chile viveu imensos protestos de rua entre 2019 e 2020, que forçaram a convocação de uma nova Constituinte para substituir a Carta em vigor no país, ainda do regime Pinochet. Outro fator que acirra os ânimos no país é a proximidade da próxima eleição presidencial, em 21 de novembro.

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