Itália torna certificado anti-Covid obrigatório para trabalhadores

Regra vale para setores públicos e privados e tenta pressionar cerca de 4 milhões de empregados a aderirem à vacinação

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Bruxelas

O governo italiano aprovou nesta quinta-feira (16) um decreto que tenta pressionar ao menos 4 milhões de pessoas a se vacinarem contra a Covid-19.

Esse é o número dos que ainda não têm o chamado passe verde, que atesta proteção contra o coronavírus e passa a ser obrigatório para todos os trabalhadores, dos setores público e privado, a partir de 15 de outubro.

Quem não apresentar o comprovante será suspenso sem remuneração —a partir do primeiro dia, para o setor privado, e do quinto dia para servidores— e estará sujeito a uma multa de até 1.000 euros (mais de R$ 6.000).

Mulher de avental verde e máscara e luvas azuis vacina garoto de camiseta vermelha e máscara
Garoto italiano é vacinado em Roma - Guglielmo Mangiapane - 16.ago.2021/Reuters

Haverá sanções também para os empregadores que não fiscalizarem o porte do passe. Os funcionários não poderão ser demitidos por não apresentar o documento.

Segundo o decreto, a exigência vale também para empregados domésticos, trabalhadores autônomos (como encanadores e eletricistas) e voluntários em entidades beneficentes.

O passe verde pode ser obtido também por quem tem um teste negativo para a presença do coronavírus feito em no máximo 48 horas, mas esses exames deixarão de ser gratuitos no país —a não ser para os que não podem ser vacinados por ordem médica.

Os testes vão custar cerca de 15 euros (o equivalente a R$ 90), e o governo espera que a medida seja um incentivo adicional para convencer os cerca de 3,7 milhões de trabalhadores do setor privado e 300 mil servidores públicos ainda não protegidos (quase 40% do total) a tomarem o imunizante.

“Não é o momento de experimentar, mas o de forçar a vacinação”, afirmou o primeiro-ministro da Itália, Mario Draghi, a líderes sindicais que criticavam a necessidade de pagar pelos testes.

O objetivo do governo é atingir no mínimo 80% dos italianos totalmente vacinados até meados de outubro. De acordo com os dados mais recentes, 73% da população acima de 12 anos já completou a vacinação no país, mas o ritmo de novas imunizações caiu bastante nas últimas semanas.

As regras italianas são as mais estritas na União Europeia, e o governo local não descarta adotar, caso sua meta não seja alcançada, a vacinação compulsória —hoje imposta na Indonésia, na Micronésia e no Turcomenistão, além de em ao menos 12 cidades chinesas.

Na Itália, a imunização é obrigatória por enquanto apenas para profissionais de saúde. Desde que essa regra passou a valer, 728 médicos foram suspensos, segundo a federação da categoria. Medida semelhante passou a valer nesta quarta (15) na França —o governo francês divulgou que 3.000 servidores foram suspensos no primeiro dia.

O passe verde italiano também é exigido para frequentar bares, restaurantes, academias, teatros, cinemas, museus e apresentações esportivas, para viagens nacionais e para qualquer adulto que entre em estabelecimentos escolares.

As regras valem pelo menos até 31 de dezembro, quando expira o atual estado de emergência.

Segundo o governo italiano, as vacinas reduziram as mortes no país em 96,3%, e o número de hospitalizações e de pacientes em UTI caiu 93,4% e 95,7%, respectivamente.

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