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Alta de internações nos EUA prenuncia tempestade de ômicron no sudeste do país

Estados menos vacinados têm assistido a aumento dos registros diários de novos casos de Covid

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A predominância da variante ômicron do coronavírus, mais contagiosa, levou à alta no número de hospitalizações nos EUA. Mais de 103 mil pessoas estão internadas com Covid no país, de acordo com números divulgados nesta terça (4). A cifra é a maior registrada desde setembro do ano passado.

O volume de hospitalizações, que sobrecarrega um sistema de saúde já saturado, cresceu 27% em relação à última semana, segundo o jornal The Washington Post com base em dados do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos EUA. Cerca de 19 mil pessoas estão em leitos de UTI devido à Covid.

Enfermeira das Forças Armadas dos EUA cuida de paciente com Covid-19 em hospital de Michigan
Enfermeira das Forças Armadas dos EUA cuida de paciente com Covid-19 em hospital de Michigan - Jeff Kowalsky - 17.dez.21/AFP

O aumento das internações vem na esteira do crescimento do número de casos confirmados diariamente, que bate recordes consecutivos desde o feriado de Natal. A média móvel de novos casos diários alcançou 487 mil nesta segunda-feira (3), ainda de acordo com cálculos do Washington Post, de modo que o volume de novos casos registrados nos últimos sete dias cresceu 110%.

A situação é crítica, em especial na região sudeste dos EUA, com especialistas prevendo uma tempestade de infecções. Na Carolina do Norte, por exemplo, o número de novos casos diários registrados saltou 579% na última semana. Já na Carolina do Sul, o aumento foi de 268%. Demais estados do sudeste seguem a tendência e estão entre os que mais apresentam aumento de novos casos em todo o país.

Enquanto, em média, um em cada quatro americanos que realiza um teste para Covid recebe resultado positivo, estados da região possuem taxas ainda maiores de diagnósticos de Covid. Na Virgínia, 40% dos exames feitos têm resultados positivos para a doença, e no Mississippi, 37%, por exemplo.

A enxurrada de novos casos se deve, em parte, às taxas de vacinação na região. Oito estados do sudeste têm apenas metade da população com esquema vacinal completo e, assim, o número de aplicações da terceira dose é baixo. Em todo o país, 62% já tomaram as duas doses ou a dose única da vacina.

Por razões semelhantes, toda a região sul do país, que segue com as piores taxas de imunização dos EUA, preocupa as autoridades de saúde, que não sabem se os hospitais locais serão capazes de receber todos os novos casos impulsionados pela variante ômicron.

"Teremos muito mais doentes, porque eles não têm imunidade", disse o diretor médico da associação de autoridades de saúde da região, Marcus Plescia. "No entanto, como o sul já teve outros surtos grandes, pode ser que as pessoas tenham alguma imunidade natural, um fator que pode nos salvar."

O aumento no número de infecções fez com que mais de 3.200 escolas fechassem as salas de aula nesta semana, de acordo com o Burbio, plataforma que monitora interrupções escolares. Os centros de ensino que permaneceram abertos enfrentam falta de funcionários, já que muitos estão doentes.

Ainda que casos e hospitalizações tenham crescido, o número de mortes em decorrência da Covid não observou a mesma tendência. Depois de um novo salto na véspera do Natal, a média móvel de novos óbitos, que no início de 2021 chegou a superar 3.300, gira em torno de 1.200 ao longo dos últimos dias, segundo dados da plataforma Our World in Data, ligada à Universidade Oxford.

O presidente americano, Joe Biden, que recentemente anunciou um novo plano que envolve a produção e a distribuição gratuita de 500 milhões de testes de Covid, bem como a disponibilização de mil profissionais de saúde para ajudar os hospitais, tem reforçado os pedidos para que a população se vacine.

"É de graça. É conveniente. Salva vidas. É seu dever patriótico", escreveu no Twitter nesta segunda.

Diante desse cenário, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC, na sigla em inglês) recomendou nesta terça que o intervalo entre a aplicação da segunda dose da vacina da Pfizer e a dose de reforço do mesmo fármaco seja reduzido de seis para cinco meses. Recomendação semelhante foi feita pela FDA, a agência americana que regulamenta drogas e produtos alimentícios.

A Casa Branca também anunciou que está finalizando a compra de 500 milhões de testes rápidos para a detecção do vírus, que devem começar a ser distribuídos gratuitamente a quem os solicitar —um site para fazer o pedido deve entrar no ar até o final deste mês.

Do outro lado do Atlântico, a situação também continua a ver uma alta de casos, atribuída tanto ao avanço da variante ômicron quanto a um represamento de dados por causa das festas de fim de ano.

A Grécia, com 50.126 diagnósticos em 24 horas, e a França, com 271.686, registraram recordes nesta terça. O ministro da Saúde francês, Olivier Veran, disse que a marca de 300 mil casos registrados por dia pode ser superada em breve no país, que vem sendo o mais atingido por essa onda na Europa.

O Reino Unido foi outro a estabelecer uma nova marca histórica de infecções diárias, com 218.724 registros. O primeiro-ministro Boris Johnson voltou a dizer que acredita que o chamado Plano B de restrições, aprovado no mês passado, é suficiente para lidar com a alta.

Segundo o político, o fechamento da economia, com um novo lockdown, está por enquanto descartado.

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