Procuradora intima filhos de Trump em processo sobre manobras financeiras ilegais

Investigação em Nova York apura fraudes fiscais nos negócios do ex-presidente, que também terá que depor no caso

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Belo Horizonte

A Procuradoria-Geral do estado de Nova York intimou os dois filhos mais velhos do ex-presidente americano Donald Trump a prestarem depoimento sobre uma investigação que apura supostas manobras financeiras ilegais por parte da Trump Organization, conglomerado que reúne vários negócios da família.

A informação foi revelada nesta segunda-feira (3) pelo jornal The New York Times, com base na abertura do processo. Em dezembro, a publicação já havia noticiado que a procuradora-geral do estado, Letitia James, intimou o ex-presidente americano a prestar depoimento até o próximo dia 7.

Ivanka Trump e Donald Trump Jr. durante comício de campanha do ex-presidente Donald Trump no aeroporto regional de Kenosha, em Wisconsin
Ivanka Trump e Donald Trump Jr. durante comício de campanha do ex-presidente Donald Trump no aeroporto regional de Kenosha, em Wisconsin - Carlos Barria - 2.nov.20/Reuters

Os investigadores suspeitam que o republicano aumentou, ilegalmente, o valor de ativos para obter vantagens em empréstimos e, em outras ocasiões, diminuiu as cifras para pagar menos impostos.

Os advogados da família tentam impedir os depoimentos de Trump e de seus filhos Donald Jr., 44, e Ivanka, 40. O terceiro filho mais velho do ex-presidente, Eric, 37, já foi interrogado em outubro de 2020.

A defesa acusa James, filiada ao Partido Democrata, de agir politicamente ao conduzir as investigações. O argumento ganhou força quando ela anunciou, em outubro, que concorreria às primárias democratas para o governo de Nova York; semanas depois, desistiu da candidatura. No momento em que se lançou à corrida eleitoral, ela chegou a usar o nome de Trump como uma das bandeiras de campanha.

Em dezembro, o ex-presidente processou a procuradora. "Ao entrar com esse processo, pretendemos não apenas responsabilizá-la por suas flagrantes violações constitucionais, mas parar sua dura cruzada para punir um oponente político em seu caminho", disse à época Alina Habba, que integra a defesa de Trump, após registrar a ação em um tribunal nova-iorquino.

Na ocasião, a procuradora-geral negou as motivações políticas e acusou os investigados de atrasar as apurações. "Ninguém está acima da lei, nem mesmo alguém com o nome Trump", disse em comunicado.

James também conduziu uma investigação que apurou supostos assédios sexuais cometidos pelo ex-governador do estado, Andrew Cuomo. As denúncias de que ele havia assediado 11 mulheres provocaram a renúncia do democrata, até então um dos principais nomes do partido.

Os filhos mais velhos do ex-presidente passaram a participar da administração da empresa da família tão logo se formaram na faculdade. Em 2017, após ser eleito, Trump transferiu o negócio para Donald Jr. e Eric. Já Ivanka foi para a Casa Branca, onde trabalhou como conselheira não remunerada do pai.

De acordo com o New York Times, a Procuradoria já obteve diversos documentos relacionados à investigação e examinou propriedades da Trump Organization. Caso sejam encontradas evidências de irregularidades, James poderá abrir um processo contra os investigados.

Os integrantes da família Trump, porém, não poderão ser presos se forem condenados, uma vez que a investigação é civil, não criminal. Em paralelo, no entanto, caminha uma apuração criminal de mais de três anos capitaneada pela promotoria de Manhattan envolvendo manobras semelhantes.

Neste caso, o conglomerado do ex-presidente é investigado por um padrão fraudulento ao submeter valores falsos de propriedades para possíveis credores. A companhia e um de seus principais executivos financeiros, Allen Weisselberg, foram indiciados por crimes fiscais em junho e se declararam inocentes.

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