Descrição de chapéu África

Morte de criança em poço no Marrocos comove do papa a Macron e times de futebol

Rayan, 5, ficou preso por cinco dias em túnel e faleceu antes de o resgate chegar

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Rabat (Marrocos) | AFP e Reuters

A morte do menino Rayan Awram, de 5 anos de idade, causou comoção em todo o mundo após ele passar cinco dias preso em um poço no Marrocos e morrer antes de o resgate chegar, no sábado (5).

A tragédia provocou uma onda de solidariedade, com manifestações de figuras como o rei Mohammed 6º, monarca do país, Emmanuel Macron, presidente da França, o papa Francisco e até clubes de futebol.

O caso do "pequeno Rayan", como o menino está sendo chamado, chamou a atenção quando, na última terça-feira (1º), ele caiu em um poço desativado de 32 metros de profundidade no norte do país, o que motivou uma operação complexa para retirá-lo do local, sem saber se ele estava vivo.

População acompanha trabalho de resgate de Rayan, criança de 5 anos que ficou presa por 5 dias em poço no Marrocos
População acompanha trabalho de resgate de Rayan, criança de 5 anos que ficou presa por 5 dias em poço no Marrocos - Fadel Senna - 5.fev.22/AFP

Após dias de trabalhos que envolveram a escavação de uma cratera paralela ao poço, coube ao próprio rei Mohammed comunicar o final trágico da história: a criança foi retirada sem vida do túnel. O monarca foi um dos primeiros a ligar para os pais do garoto e prestar condolências, segundo o gabinete real.

O desenlace da operação era aguardado com ansiedade tanto no reino do norte da África quanto no resto do mundo, com mensagens de solidariedade e encorajamento nas redes sociais e fora delas.

O papa Francisco, por exemplo, elogiou o povo marroquino por se unir para tentar resgatar o menino. "As pessoas se uniram para salvar Rayan, trabalharam juntas para salvar uma criança", disse na bênção semanal na Praça de São Pedro, no Vaticano. "Tentaram o seu melhor, infelizmente não conseguiram."

Macron, presidente da França, escreveu em árabe, no Facebook, uma mensagem na qual se dirigia à família de Rayan e ao povo marroquino, dizendo compartilhar da dor deles. Clubes de futebol como Liverpool, Barcelona e Sevilla também enviaram condolências em suas contas árabes no Twitter. "A coragem de Rayan permanecerá em nossas memórias e continuará nos inspirando", escreveu Ismael Bennacer, meia argelino do Milan, com um desenho de um menino erguido ao céu por um balão.

Os socorristas entraram no túnel junto com uma equipe médica, sem saber por quanto tempo permaneceriam no poço estreito. Nessa última etapa, as operações foram realizadas manualmente e "com muita cautela, para evitar vibrações" que pudessem causar um desmoronamento, explicaram autoridades da cidade de Ighran, próximo à cidade de Bab Berred, na província marroquina de Chefchaouen.

Nas imagens obtidas por uma câmera de inspeção, Rayan aparecia deitado de costas em um canto do poço, sem que fosse possível dizer se ele estava vivo, segundo um dos responsáveis pela operação.

As equipes enviaram oxigênio e água por meio de tubos e garrafas que desciam para Rayan, sem a certeza de que o menino reagiria. De madrugada, uma enorme rocha dificultou o trabalho. Após três horas de esforço, a equipe conseguiu superá-la com a ajuda de pequenos equipamentos elétricos para evitar rachaduras ou colapso e atravessaram por um estreito túnel.

Milhares de pessoas foram até o local mostrar solidariedade e acampar ali, apesar do frio gelado da região montanhosa, a cerca de 700 metros de altitude. Aplausos acompanharam cada aparição dos escavadores, como o voluntário Ali Sahraoui, 50, que cavou os primeiros metros com as mãos e se tornou um herói nas redes sociais. A polícia enviou reforços, para evitar que a multidão interrompesse os esforços de resgate.

Cansadas, os socorristas ​ e as centenas de pessoas que se reuniram ao redor do poço esperando por boas notícias começaram a chorar quando souberam que Rayan estava morto. "Ouvi as pessoas gritarem de júbilo depois que o menino foi encontrado, pensando que estava vivo, mas depois descobrimos que ele não estava. Nunca me senti tão triste", disse Noureddine, que foi ao local acompanhar a operação.

Os pais do menino falaram com a estatal Al Oula após o corpo do filho ser recuperado. "Esta é a vontade de Deus. Agradeço a todos por seus esforços para ajudar", disse a mãe de Rayan, Ouassima Khaarchich.

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