Atirador de Buffalo passou por avaliação de saúde mental há 1 ano

Adolescente já estava no radar da polícia desde o ensino médio por ter feito ameaças

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Buffalo (EUA) | Reuters

O adolescente branco que matou dez pessoas a tiros em um ataque com motivação racista a um supermercado na cidade de Buffalo, Nova York, foi detido e submetido a uma avaliação de saúde mental um ano atrás, mas liberado pouco depois, disseram autoridades neste domingo (15).

O suspeito, Payton Gendron, 18, se entregou à polícia no sábado após atingir 13 pessoas —onze negras e duas brancas— em um ataque que as autoridades chamaram de um ato de "extremismo violento com motivação racial". Ele publicou um manifesto racista na internet antes do crime.

Pessoas se abraçam em frente ao supermercado onde um adolescente matou dez pessoas a tiros em um ataque com motivação racista em Buffalo, nos EUA - Scott Olson/Getty Images/AFP

Em uma entrevista coletiva, o comissário de polícia de Buffalo, Joseph Gramaglia, contou que em 2021 Gendron foi preso e submetido a uma avaliação mental durante um dia e meio, mas foi liberado.

Segundo Gramaglia, as autoridades estaduais e federais não tiveram mais notícias sobre o adolescente até o tiroteio de sábado.

Ele não deu detalhes, mas, segundo a imprensa americana, fontes policiais familiarizadas com o caso afirmam que o adolescente ameaçou, na época, cometer massacre em sua escola.

A polícia do estado de Nova York afirmou, em um comunicado neste domingo, que no dia 8 de junho de 2021 foi chamada por uma escola na cidade natal de Gendron, Conklin, em resposta a um estudante de 17 anos que fez uma declaração ameaçadora.

Sem identificar Gendron, a polícia disse que o estudante foi detido e submetido a uma avaliação de saúde mental em um hospital. Ele não foi acusado criminalmente.

"As evidências até agora não levantam dúvidas de que este é um crime de ódio racista, que será processado como crime de ódio", disse o comissário, acrescentando que tudo indica que ele agiu sozinho.

Gendron está sob vigilância por risco de suicídio, monitorado por vídeo e separado de outros presos, informou o xerife do condado de Erie, John Garcia.

O jovem foi indiciado horas após o tiroteio no tribunal estadual por acusações de assassinato em primeiro grau, que acarretam uma pena máxima de prisão perpétua sem liberdade condicional. Ele se declarou inocente e deve retornar ao tribunal em 19 de maio.

Neste domingo, a Casa Branca informou que o presidente Joe Biden deve visitar na Buffalo na terça-feira (17).

A governadora de Nova York, Kathy Hochul, disse à ABC News no domingo que a investigação se concentraria em saber o que poderia ter sido feito para impedir Gendron, já que ele havia anunciado suas opiniões online e estava no radar das autoridades.

"Quero saber o que as pessoas sabiam e quando souberam", disse ela.​

O presidente Joe Biden se pronunciou neste domingo sobre o crime. "Todos devemos trabalhar juntos para lidar com o ódio, que continua sendo uma mancha na alma dos Estados Unidos", afirmou.

No sábado, Biden havia deplorado o ataque ao classificá-lo de "terrorismo doméstico", cometido em nome da "repugnante ideologia nacionalista branca".

Crimes racistas

O tiroteio em Buffalo segue outros assassinatos em massa por motivos raciais nos últimos anos, incluindo um ataque à sinagoga de Pittsburgh que deixou 11 mortos em outubro de 2018 e os tiroteios no spa de Atlanta em março de 2021, nos quais um homem branco matou oito pessoas, visando asiáticos.

Segundo as autoridades, Gendron dirigiu várias horas de sua casa até Buffalo para cometer o atentado, que ele transmitiu em tempo real pela plataforma Twitch, um serviço de vídeos ao vivo de propriedade da Amazon.com.

Ele então abriu fogo no supermercado Tops, usando uma arma que comprou legalmente, mas modificou ilegalmente para torná-la de alta potência, disse Hochul.

No domingo, várias dezenas de membros da comunidade realizaram uma vigília pelas vítimas do lado de fora da loja.

Perto dali, na Igreja Batista True Bethel, um reverendo liderou um culto para uma multidão de fiéis, incluindo alguns familiares das vítimas e pessoas que estavam na loja no momento do tiroteio.

Um deles era Charles Everhart Sr., 65, cujo neto Zaire Goodman, 20, trabalhava no supermercado. Goodman foi baleado no pescoço, mas sobreviveu.

"Ele estava empurrando os carrinhos de volta para a loja e foi um dos primeiros a ser atingido", disse Everhart.

Um manifesto de 180 páginas que circulava online no sábado, de autoria atribuída a Gendron, mencionou "a teoria da grande substituição" —uma teoria da conspiração racista que diz que brancos estão sendo substituídos por minorias nos Estados Unidos e em outros países.

"Este manifesto diz tudo para nós e é isso que é tão assustador", disse Hochul à CNN no domingo.

Outro documento que circulava na internet e parecia ter sido escrito por Gendron esboçava uma lista de tarefas para o ataque, incluindo limpar a arma e testar a transmissão ao vivo.

Um porta-voz da promotoria do condado de Erie se recusou a comentar os documentos.

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