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Macron nomeia primeira-ministra da França, 2ª mulher a ocupar o cargo

Com perfil social e verde, Élisabeth Borne ocupava a chefia do Ministério do Trabalho

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Paris

O presidente francês, Emmanuel Macron, nomeou nesta segunda (16) Élisabeth Borne para o cargo de primeira-ministra, a segunda mulher a ocupar a posição depois de Édith Cresson, no início dos anos 1990.

Borne, 61, até então titular da pasta do Trabalho, conhece bem a principal reforma que o líder recém-reeleito espera realizar: o impopular adiamento da idade de aposentadoria de 62 para 65 anos. Antes de ser ministra do Trabalho, ela passou pelas pastas de Transporte e Transição Ecológica.

O premiê demissionário Jean Castex aplaude sua sucessora, Élisabeth Borne, ex-ministra do Trabalho, durante cerimônia no hotel Matignon, em Paris
O premiê demissionário Jean Castex aplaude sua sucessora, Élisabeth Borne, ex-ministra do Trabalho, durante cerimônia no hotel Matignon, em Paris - Thomas Samson/AFP

​​Macron, que precisa mostrar que ouviu as frustrações expressas pela alta abstenção e apoio à ultradireita e à ultraesquerda nas eleições, queria para o cargo alguém com credenciais de política verde e social.

Tal perfil poderia ajudar no desafio imposto por Jean-Luc Mélenchon, que viu no terceiro lugar no pleito a oportunidade de formar uma coalizão de esquerda para as eleições legislativas, em 12 e 19 de junho.​

No início do dia, o atual primeiro-ministro, Jean Castex, apresentou sua renúncia, abrindo caminho para a renovação no gabinete de Macron. "O presidente da República nomeou Élisabeth Borne primeira-ministra e a encarregou de formar um governo", anunciou a Presidência francesa em uma nota oficial concisa.

Bicicletas e desemprego

Burocrata de carreira que trabalhou com vários ministros do Partido Socialista antes de ingressar no governo do atual presidente francês, Borne implementou políticas favoráveis às bicicletas em 2019, quando passou pelo ministério da Transição Ecológica. No Ministério do Trabalho, coordenou as negociações com sindicatos que resultaram em um corte em benefícios para desempregados.

Com Borne, o desemprego no país caiu para o nível mais baixo em 15 anos, e a falta de trabalho entre os jovens, para o nível mais baixo em 40 anos. Edith Cresson, que ocupou brevemente o cargo durante a presidência do líder socialista François Mitterrand nos anos 1990, falou nesta segunda sobre a escolha.

"Era realmente hora de haver outra mulher [nessa posição], e eu sei que a senhora Borne é uma pessoa notável, com muita experiência... Trata-se de uma escolha muito boa", disse ela, à emissora de TV BFM.

Engenheira nascida em Paris, Borne se define como uma "mulher de esquerda" que luta por "justiça social e igualdade de oportunidades". Ela já foi diretora estratégica da empresa ferroviária SNCF e presidiu a companhia pública que administra o transporte em Paris. Em 2014, foi chefe de gabinete da então ministra do Meio Ambiente, a socialista Ségolène Royal, durante a Presidência de François Hollande.

A experiência no serviço público inclui ainda a Prefeitura de Paris, na qual foi responsável pelo setor de urbanismo. Como ministra do Trabalho durante a pandemia, Borne tocou reformas sensíveis, como a do seguro-desemprego, que sofreu rejeição unânime dos sindicatos. Por outro lado, liderou um projeto que mobilizou uma série de medidas a favor do emprego, como um auxílio para capacitar trabalhadores.

"Gostaria de dedicar minha nomeação a todas as garotas e dizer a elas que busquem seus sonhos até o fim", disse Borne no discurso de posse. A nova primeira-ministra também afirmou que a França precisa agir "mais rápido e mais fortemente" para combater as mudanças climáticas e prometeu proteger o poder de compra dos franceses, preocupação número 1 dos eleitores, segundo pesquisas.

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