Entenda por que terremotos ocorrem e como eles afetam o planeta

Explicação está no movimento das placas tectônicas, blocos que flutuam sobre o manto, uma das camadas no interior da Terra

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Rio de Janeiro

Terremotos são eventos geológicos com o potencial de destruir cidades inteiras e provocar grande número de mortes. Nesta terça-feira (2), um tremor de magnitude 7,5 atingiu Taiwan, no que a mídia estatal descreveu como o mais forte na ilha em 25 anos. Não há, contudo, registros de mortes ou feridos.

Na Turquia e na Síria, em fevereiro de 2023, terremotos provocaram destruição em níveis colossais, levando a um saldo de mortos de mais de 40 mil pessoas.

Outras regiões da Ásia também acumularam mortes provocadas por terremotos nas últimas décadas. Em novembro do ano passado, um sismo em Java, ilha da Indonésia, deixou mais de 160 mortos e 700 feridos. Antes, em setembro, um forte tremor no sudoeste da China matou pelo menos 66 pessoas.

Em junho de 2022, um tremor de magnitude 6,1 atingiu o Afeganistão, deixando mil mortos. Em 2015, 399 pessoas morreram na região montanhosa de Hindu Kush e nos vizinhos Paquistão e Índia depois de um tremor de magnitude 7,5. Em 2008, a China foi cenário de um terremoto de 7,9 graus de magnitude que deixou 87 mil mortos ou desaparecidos.

Mas, afinal, por que tremores são tão frequentes nessa parte do planeta e como eles acontecem?

A explicação está no movimento das placas tectônicas, blocos que flutuam sobre o manto, uma das camadas que está no interior da Terra. "O manto é a camada mais espessa. Depois, vem a casquinha do ovo, que é a crosta", explica Adriana Alves, professora do Instituto de Geociência da USP. "As placas continentais são essas casquinhas que estão à deriva em movimento ao sabor das correntes do manto."

Placas tectônicas são blocos que flutuam sobre o manto, assim como barcos flutuam em cima do mar, compara a especialista. Quando esses "barcos" se movimentam, podem encostar uns nos outros e produzir abalos sísmicos.

Alves diz que podem ocorrer três movimentos: divergente (as placas se movem em direções contrárias), convergente (elas se chocam uma contra a outra) e transformante (uma placa se move lateralmente em relação à outra). Os dois últimos movimentos costumam causar terremotos.

A região chinesa atingida pelo terremoto em setembro de 2022, por exemplo, fica entre a placa Eurasiana e a Indiana. "Toda a cadeia de montanhas do Himalaia foi formada devido ao encontro dessas placas", explica a geóloga Marília Rocha Zimmermann, que atua na Agência Nacional do Petróleo. "Como esse movimento continua acontecendo, ele vai gerando terremotos."

A geóloga afirma que a situação se agrava porque ambas as placas são continentais, o que significa que elas têm densidades parecidas, ampliando o impacto dos tremores.

O Chile é outra região propícia a registrar terremotos de grande magnitude. "A placa de Nazca e a Sul-americana estão convergindo, e uma está entrando embaixo da outra. Esse movimento gera terremotos muito intensos", afirma Zimmermann.

Não à toa, o país teve em 1960 o mais forte abalo sísmico já registrado no mundo. O terremoto chegou à magnitude 9,5, matando 1.424 pessoas e deixando 2 milhões de desabrigados.

Professor da Faculdade de Geologia da Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), Claudio Valeriano explica que o Brasil está relativamente seguro contra terremotos, porque o país está localizado no meio da placa Sul-americana, ou seja, não está no encontro entre um bloco e outro.

"O Brasil está totalmente contido no miolo de uma placa. Os terremotos fortes que acontecem no país são no Acre, que é a região mais próxima possível dos Andes", diz, referindo-se à área onde há o encontro de duas placas tectônicas.

O pesquisador afirma, porém, que os efeitos dos tremores no Acre são minimizados porque acontecem em áreas pouco povoadas.

"Se uma cidade grande como São Paulo estivesse lá, estaríamos vendo notícias mais sérias dos impactos de terremotos." Apesar do poder de destruição, é difícil prever a intensidade de um tremor, explica Adriana Alves, da USP. "Prever com precisão qual será a magnitude é impossível."

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