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A dor da esposa de nigeriano espancado até morrer na Itália

Polícia ainda não apontou racismo como possível causa do crime, que causou comoção no país europeu

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BBC News Brasil

A esposa de Alika Ogorchukwu, vendedor ambulante nigeriano assassinado na última sexta-feira (29) na Itália, exige justiça.

Ogorchukwu, 39, vendia produtos na rua principal de Civitanova Marce, cidade litorânea no mar Adriático. Segundo a polícia, depois de algum contato com o vendedor, um homem o espancou até a morte.

O vendedor Alika Ogorchukwu foi morto em uma rua movimentada de Civitanova Marce, na Itália
Alika Ogorchukwu foi morto em uma rua movimentada de Civitanova Marce, na Itália - Reprodução Facebook

A esposa do nigeriano, Charity Oriachi, concedeu uma entrevista neste domingo (31). "Preciso de justiça para meu esposo. Isso é o que quero, porque a dor é muito grande para mim", pediu.

A morte do nigeriano, que deixa dois filhos, causou grande comoção na Itália, em especial porque ninguém defendeu a vítima, enquanto várias pessoas filmaram o ataque em pleno centro da cidade.

As imagens mostram um homem branco pressionando Ogorchukwu com força contra o chão, e este em vão tenta lutar. A polícia prendeu um suspeito, um italiano de 32 anos, investigado por assassinato e roubo, já que teria levado o celular do ambulante após as agressões.

Em uma entrevista coletiva, a polícia anunciou que a investigação continua aberta e não trouxe, até o momento, indícios de que o crime tenha sido motivado por racismo. Para os policiais, a violência teria sido desencadeada pela interação dos dois homens na rua.

Em uma hipótese apresentada pelas autoridades, o nigeriano teria pedido dinheiro ao italiano que, por sua vez, recusou o pedido e depois partiu para as agressões. O suspeito alegou que a briga começou porque a vítima "pediu esmola insistentemente" e agarrou o braço da namorada, que prestou depoimento como testemunha, de acordo com a agência de notícias EFE.

Clamores por justiça

Segundo informações apuradas pela BBC, Ogorchukwu começou a vender produtos na rua depois que sofreu um acidente automobilístico e perdeu o emprego devido às lesões que teve nas pernas.

No sábado (30), centenas de pessoas da comunidade nigeriana local protestaram nas ruas de Civitanova Marche exigindo justiça. Políticos italianos de partidos diferentes condenaram o ataque.

"Uma brutalidade inédita. Indiferença generalizada. Não pode haver justificativa", escreveu no Twitter Enrico Letta, líder do partido Democrático, de esquerda.

Matteo Salvini, senador da ultradireita e ex-ministro, declarou que "a segurança não tem cor" e "precisa voltar a ser um direito humano".

O embaixador da Nigéria na Itália, Mfawa Omini Abam, condenou o ataque, enviou mensagens de condolências à esposa de Ogorchukwu e à família e pediu que membros da comunidade nigeriana na Itália mantenham a calma e evitem fazer justiça com as próprias mãos. A embaixada disse que está trabalhando com as autoridades italianas para garantir que a justiça seja feita e também para ajudar a família de Ogorchukwu.

Este texto foi publicado originalmente aqui.

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