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Paquistão vive caos climático com mais de mil mortos em temporais

Governo atribui fenômeno a aquecimento global e pede ajuda de organizações internacionais

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Sukkur (Paquistão) | Reuters e AFP

Mais de mil pessoas já morreram no Paquistão desde junho devido às enchentes causadas pelas chuvas de monção. De sábado (27) para domingo (28), foram 119 mortes, segundo o governo local.

A pior situação é no sul do país, onde o nível do rio que atravessa a província de Sindh não para de subir. O primeiro-ministro Shehbaz Sharif afirmou que nunca viu algo parecido. "Alguns vilarejos foram aniquilados, e milhões de casas, destruídas. Há uma destruição enorme", declarou depois de sobrevoar a região.

Paquistaneses tentam se locomover em região inundada, nos arredores de Sukkur
Paquistaneses tentam se locomover em região inundada, nos arredores de Sukkur - Asif Hassan -27.ago.22/AFP

O governo paquistanês atribui os fenômenos à mudança climática e afirma que o país sofre as consequências das práticas irresponsáveis de outras regiões do mundo em relação ao meio ambiente. O Paquistão é a oitava nação mais ameaçada pelas ocorrências meteorológicas extremas, segundo a ONG Germanwatch.

As chuvas de monção acontecem todos os anos, entre junho e setembro, e são essenciais para irrigar as plantações e reabastecer os recursos hídricos da região. Mas as deste ano estão mais fortes: na sexta (26), o governo decretou estado de emergência e mobilizou o Exército para enfrentar a "catástrofe de magnitude inédita", nas palavras da ministra da Mudança Climática, Sherry Rehman.

Para mitigar as consequências das enchentes, as comportas de uma grande represa de Sindh foram abertas para administrar o fluxo de mais de 600 mil metros cúbicos por segundo. As autoridades alertam que as torrentes de água devem piorar ainda mais nos próximos dias, o que agravará a situação da região.

Em todo o país, mais de 33 milhões de pessoas foram afetadas pelas chuvas neste ano –um paquistanês a cada sete. Além disso, as casas destruídas ou muito danificadas somam um milhão, segundo o governo.

Em Sindh, dezenas de milhares de moradores de zonas rurais buscaram refúgio em estradas elevadas. Na cidade de Sukkur, foram disponibilizadas barracas para receber os desabrigados, cada vez mais numerosos.

A situação também é preocupante no norte do país, onde milhares de pessoas que moram perto de rios receberam ordens no sábado para abandonar suas casas. Neste domingo, equipes de resgate retiraram os habitantes que permaneciam na região.

"Tivemos que socorrer crianças e mulheres", declarou um socorrista à agência AFP no Vale do Swat, área turística conhecida por suas montanhas. Na região, a água arrastou dezenas de imóveis, incluindo um hotel de 150 quartos.

Há 12 anos, o Paquistão passou por uma crise semelhante: naquela época, as enchentes mataram 2.000 pessoas e deixaram 20% da nação alagada. Agora, as inundações acontecem em um contexto de crise econômica e política no país –em abril, o primeiro-ministro Imran Khan foi destituído do cargo pelo Parlamento.

Neste domingo, o chanceler do país, Bilawal Bhutto-Zardari, pediu ajuda de instituições financeiras para arrecadar fundos emergenciais –o governo estima que os estragos devem superar os US$ 10 bilhões (R$ 50,3 bi). "Eu nunca vi uma destruição dessa escala. É avassaladora", afirmou à agência Reuters.

Segundo ele, vários cultivos que alimentariam a população local foram aniquilados, o que piorou a situação econômica. O conselho do FMI (Fundo Monetário Internacional) pode liberar nesta semana um empréstimo de US$ 1,2 bilhão ao país discutido desde 2019.

Bhutto-Zardari disse que, após os esforços de ajuda, o país terá que analisar como desenvolver uma infraestrutura mais resistente a enchentes e secas e lidar com as mudanças enfrentadas pelo setor agrícola. "[Teremos que fazer isso], embora o Paquistão contribua com quantidades insignificantes para a pegada de carbono."

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