Descrição de chapéu Argentina

Quatro ou cinco? Número de cachorros de Milei suscita debate sobre saúde mental de presidente

Segundo biógrafo, ultraliberal não aceita morte de mascote e se refere a ele como um de seus cães

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Buenos Aires | AFP

O número de cachorros do presidente da Argentina, Javier Milei, tem procovado piadas e questionamentos sobre a saúde mental do líder no país vizinho.

Nesta quinta-feira (25), o ex-presidente Alberto Fernández falou sobre o tema ao responder seu sucessor, que o havia chamado de marionete na noite anterior. "Ele deve saber que meu cachorro não me dá conselhos e está vivo", afirmou o peronista.

Bastão presidencial do presidente da Argentina, Javier Milei, retrata os cinco cães do líder - Luciano Ingaramo - 10.dez.2023/Senado da Argentina via AFP

Ele se referia a Conan, um mastim inglês adorado pelo presidente que morreu em 2017. Segundo "Loco", a biografia não autorizada de Milei escrita pelo jornalista Juan Luis González, o ultraliberal não aceita a morte de Conan e se refere a ele como um de seus cinco cães, que costuma chamar de filhos.

Seus outros quatro mastins ingleses são clones de Conan que Milei mandou fazer nos Estados Unidos. Ainda de acordo com a pesquisa de González, ele se comunica com os animais, os vivos e o morto, graças aos supostos ensinamentos de uma médium especializada em "comunicação interespécies".

Essa tese foi reforçada à imprensa nos últimos meses por várias pessoas do entorno do presidente, entre eles o político Rafael Bielsa, que trabalhou com Milei, e a médium Celia Melamed, que disse ao canal TN que ela o havia ajudado "a encerrar o luto com seu cachorro".

O próprio Milei, porém, nunca negou nem confirmou isso aos diversos jornalistas que lhe perguntaram sobre os cães e costuma ser evasivo ao falar sobre o assunto.

"Suponhamos que tudo fosse verdade. Em que isso afetou sua liberdade, sua propriedade, sua vida? Não machucou ninguém", disse em outubro ao canal LN+. "Que digam o que quiserem de meus filhinhos de quatro patas", afirmou à apresentadora Mirtha Legrand em dezembro.

A controvérsia cresceu no início do mês, quando a emissora CNN divulgou uma entrevista com o presidente na qual o apresentador, Andrés Oppenheimer, pergunta pelos quatro cachorros. Milei, então, o corrige e afirma que são cinco, para a surpresa dos argentinos.

Ao questionar o porta-voz do presidente, Manuel Adorni, nesta quinta, um jornalista argumentou que, se o presidente tem quatro cães e, em vez disso, acha que tem cinco, então ele é "uma pessoa que vê algo que não corresponde à realidade".

"É uma falta de respeito definir o presidente como uma pessoa que fala com coisas que não existem. Parece-me uma questão absolutamente desrespeitosa, é se meter com a sua família", respondeu Adorni.

"Parece piada, mas aqui há um tema que é a saúde mental do presidente", disse González, seu biógrafo, à agência de notícias AFP. "Não é uma questão de ele dizer que tem cinco cachorros e ter quatro. É uma questão para todos os argentinos, os que votaram nele e os que não votaram."

Quando questionado sobre isso na segunda-feira (22), o porta-voz Adorni diminuiu a questão. "Não entendo por que faz diferença para você se há quatro, cinco ou 43 coelhos", afirmou.

Para González, a preocupação não é trivial. "É possível entender muitas coisas que o governo faz por meio da instabilidade de Milei, porque é assim que esse governo se administra. Há um fio que conecta essa instabilidade com a maneira como ele governa", disse ele.

A preocupação já chegou aos megaprotestos que Milei enfrenta por seus cortes na educação, que fizeram piada com o caso. "Um minuto de silêncio para Conan, que está morto", cantaram manifestantes na última terça-feira (23).

Na Praça de Maio, reconhecido local de manifestações na capital argentina, uma pessoa carregava uma coleira rígida em que estava escrito "Conan", mas que não levava nenhum cachorro. Outros seguravam cartazes alusivos ao suposto conselheiro presidencial. "Estude para não pedir conselhos a um cão morto", dizia um deles.

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